Após o título de Damon Hill em 1996, a F1 iniciava a
temporada de 1997 cheia de novidades, principalmente no que se refere a nova
Guerra de Pneus, com a Bridgestone acabando com o monopólio da Goodyear, mas no
momento nenhuma equipe grande se interessou nos pneus japoneses. Por enquanto.
Michael Schumacher continuava sua campanha para fazer a Ferrari voltar aos bons
tempos e em sua segunda temporada o crescimento poderia fazer o alemão pensar
em vôos maiores em 97, agora tendo o irmão mais novo, Ralf, como um dos
aliados, mesmo o jovem alemão de 21 anos estreando na Jordan.
A Williams seguia sua estranha tradição de demitir campeões
mundiais e deixou Damon Hill ir para a Arrows e o arrojado projeto de Tom
Walkinshaw para fazer de a eterna pequena equipe brigar com as grandes no
futuro. Para continuar o reinado só interrompido pelo furacão Schumacher nos
anos 90, a Williams tinha esperanças em Jacques Villeneuve continuar sua incrível
curva ascendente de aprendizado e poder conquistar o título que lhe escapou em
sua temporada de estréia. Para o lugar de Hill, chegou Heinz-Harald Frentzen,
piloto alemão com fama de ter sido mais rápido do que Schumacher nas categorias
de base alemãs e boas campanhas em carros medianos na F1. Com a Williams, a
coisa tinha que ser diferente. A McLaren aposentava o lendário lay-out vermelho
e branco da Marlboro e estreava o prata e preto da West e da Mercedes, em outro
desenho muito bonito. O jovem, mas experiente Rubens Barrichello lideraria a
novata Stewart, enquanto outro brasileiro, Ricardo Rosset, fazia o mesmo com a
Lola, mas o time inglês, mesmo com o patrocínio da Mastercard, naufragaria logo
no início da temporada e não largaria para nenhuma corrida.
A temporada começou com Jacques Villeneuve conseguindo uma
esmagadora pole-position, colocando quase 2s sobre o segundo colocado, o
companheiro de equipe Frentzen. Isso provava o quanto a Williams estava forte
em 1997. Schumacher era o melhor do resto, com McLaren e Benetton logo atrás. Olivier
Panis foi o melhor piloto no grid com pneus Bridgestone, num bom top-10.
Grid:
1) Villeneuve
(Williams) – 1:29.369
2) Frentzen
(Williams) – 1:31.123
3) M.Schumacher
(Ferrari) – 1:31.472
4) Coulthard
(McLaren) – 1:31.531
5) Irvine
(Ferrari) – 1:31.881
6) Hakkinen
(McLaren) – 1:31.971
7) Herbert
(Sauber) – 1:32.287
8) Alesi
(Benetton) – 1:32.593
9) Panis
(Prost) – 1:32.842
10) Berger
(Benetton) – 1:32.870
O dia 9 de março de 1997 estava frio e nublado em Melbourne
e antes mesmo da largada, já havia um abandono. Damon Hill vinha sofrendo com a
parca confiabilidade do seu Arrows desde os testes de pré-temporada e largando
em 13º, o inglês encostou seu carro de número um... na volta de apresentação! Pedro
Diniz abandonaria ainda nas primeiras voltas, demonstrando o quão mal estava a
Arrows naquele início de campeonato. Jacques Villeneuve, que surpreendeu com
suas ótimas largadas em 1996, não o fez em sua primeira prova de 1997 como
favorito e perdeu várias posições. Mas o pior estava por vir. Eddie Irvine, com
o carro pesado e freios frios, arriscou um demasia na primeira curva e acertou
Villeneuve e o pobre Johnny Herbert, que havia feito uma ótima largada com a
Sauber e já aparecia em quarto. Os três abandonaram quase que imediatamente e
Irvine fazia mais uma besteira em sua carreira...
Tudo isso deixou Frentzen liderando a corrida à frente de
Coulthard, Schumacher, Hakkinen, Alesi e Berger. O alemão da Williams imprimia
um ritmo forte e logo todos pensaram qual a estratégia dos pilotos. O
compatriota de Frentzen, Ralf Schumacher, estragou sua estréia na F1 com uma
rodada ainda na segunda volta. O ritmo de Frentzen era fortíssimo e logo ficou
claro que ele pararia duas vezes, mas havia uma razão para isso. A Williams
projetou pastilhas de freios muito finas e com o aumento da aderência com os
pneus Goodyear, os freios ficaram sobrecarregados para as freadas fortes de
Melbourne e o equipamento poderia sofrer mais do que o imaginado, fazendo com
que a Williams corresse o máximo possível com o carro leve. Enquanto Frentzem
disparava, Coulthard se distanciava de um trenzinho liderado por Schumacher,
mas não havia trocas de posição, com a corrida bem estática.
Como esperado, Frentzen fez sua parada ainda no primeiro
terço de prova, mostrando que pararia duas vezes. O que o alemão não esperava
era que os demais favoritos fossem parar apenas uma vez e seu ritmo não fosse o
mesmo após sua parada. Coulthard aumenta seu ritmo e marca a volta mais rápida
da corrida, enquanto a corrida se aproximava de sua metade e os pilotos que
iriam parar uma vez se preparavam para ir aos boxes. Após a parada de Berger, a
Benetton mostrou uma placa para Alesi fazer sua parada. Com problemas de rádio
e colado em Frentzen, o francês acabou se esquecendo de fazer sua parada e
abandonou tristemente com uma ridícula pane seca.
Quando Frentzen reassumiu a liderança, a expectativa era a
sob a segunda parada do alemão. O piloto da Williams aumentou seu ritmo e
chegou a abrir 19s sobre Coulthard, mas a Williams comete um tradicional erro
em seu pit-stop, fazendo Frentzen perder 6s com relação a Coulthard e o alemão
volta em terceiro, atrás do antigo rival Schumacher. A Ferrari fazia uma
corrida discreta e ficaria ainda pior quando Schummy tem que ir aos boxes pela
segunda vez. Mesmo com uma estratégia de apenas uma parada, a Ferrari tem um
problema na mangueira de reabastecimento e Schumacher tem que voltar aos pits
para não ter destino semelhante ao de Alesi. Isso deixou o caminho livre para
Frentzen tentar se aproximar de Coulthard. Porém, a cada freada, uma nuvem de pó
de fibra de carbono saía dos freios da Williams de Frentzen, flagrando um
problema nos freios. Isso se mostraria fatal. Quando a corrida atingia seu clímax,
com Frentzen já próximo de Coulthard, o freio do alemão simplesmente explodiu,
entregando a vitória de bandeja para o escocês faltando apenas três voltas. Foi
um fim no qual a Williams não esperava após dominar o final de semana, mas
David Coulthard não tinha do que reclamar, conquistando uma vitória no qual a
McLaren não via desde 1993, com Ayrton Senna, além da primeira vitória do motor
Mercedes em mais de quarenta anos. Foi uma corrida sem ultrapassagens, mas
cheia de alternativas e com um final no qual poucos esperavam. Uma corrida que
mostraria bem o que seria o ano de 1997 na F1.
Chegada:
1) Coulthard
2) M.Schumacher
3) Hakkinen
4) Berger
5) Panis
6) Larini
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