Duas semanas após a surpreendente abertura de campeonato em
Melbourne, todos esperavam por uma corrida mais normal em Interlagos, uma pista
convencional. O problema era que em São Paulo, na época da Páscoa, uma chuva não
seria surpresa e isso acabou até afetando o público, bem menor do que os
últimos anos. Jacques Villeneuve, o grande favorito ao título da temporada,
queria uma recuperação urgente em Interlagos e para isso ele não deveria imitar
o que aconteceu com ele em 1996, quando rodou sozinho quando estava em segundo
lugar na encharcada curva do lago.
O canadense mostrou a força da Williams, mas Villeneuve não se
viu livre de problemas em seu carro na classificação, tendo que utilizar o
bólido reserva que estava acertado para Frentzen,que por sinal, não conseguiu
acompanhar o ritmo do companheiro de equipe. Michael Schumacher ficaria ao lado
de Villeneuve na primeira fila, enquanto Berger mostrava uma recuperação da
Benetton, ficando em terceiro. Depois de sua brilhante vitória na Austrália,
Coulthard esteve apagado, enquanto a Bridgestone mostrava melhora em ritmo de
classificação colocando Panis na quinta posição. Os brasileiros ficaram fora do
top-10, enquanto que para Ricardo Rosset a sua corrida caseira era ainda mais
decepcionante, com sua equipe, a Lola, fechando as portas antes mesmo de ir às
pistas. A guerra dos pneus fez do grid para o Grande Prêmio do Brasil bem mais
apertado, com 14 pilotos separados por 1.7s, enquanto que em 1996, 11 pilotos
estavam separados por 1.9s.
Grid:
1)
Villeneuve (Williams) – 1:16.004
2)
M.Schumacher (Ferrari) – 1:16.594
3)
Berger (Benetton) – 1:16.644
4)
Hakkinen (McLaren) – 1:16.692
5)
Panis (Prost) – 1:16.756
6)
Alesi (Benetton) – 1:16.757
7)
Fisichella (Jordan) – 1:16.912
8)
Frentzen (Williams) – 1:16.971
9)
Hill (Arrows) – 1:17.090
10)
R.Schumacher (Jordan) – 1:17.175
O dia 30 de março de 1997 estava muito nublado em São Paulo
e muitos se lembraram do aguaceiro que marcou o começo da corrida de 1996, mas
a previsão era de que não chovesse ao longo do dia, algo que seria confirmado
mais tarde. Essas condições eram propícias para quem havia escolhido os pneus
moles, como era o caso de Villeneuve. E não era o caso de Schumacher. Porém,
quando as cinco luzes apagaram, Schumacher largou muito bem e chegou na entrada
do S do Senna ao lado de Villeneuve. Precisando de uma recuperação e na vã
esperança de manter a ponta, o piloto da Williams forçou por fora e acabou indo
para a grama. Parecia outra largada perdida para Villeneuve, que surpreendeu em
1996 pelas boas largadas após anos largando em movimento. Contudo, em
Interlagos seria diferente.
Vários acidentes aconteciam no pelotão intermediário e duas coincidências
aconteceram. Primeiro, Irvine e Herbert bateram na primeira curva como havia
acontecido em Melbourne e para evitar a confusão, que ainda envolveu Damon Hill
e Giancarlo Fisichella, Frentzen saiu da pista, ficando bem atrás de
Villeneuve, como se ambos tivesse combinando de sair da pista naquele momento.
Porém, o motivo da bandeira vermelha foi o carro parado no grid de Barrichello,
que teve problemas no seu acelerador e o carro ficou travado no meio da reta
dos boxes. Isso fez com que tudo fosse reiniciado e uma cena cômica acontecesse
na Ferrari. Com seu carro titular danificado, Irvine partiu para o carro
reserva, que era por contrato de Schumacher. Mais alto do que Schummy, Irvine
teve que fazer uma parada insólita nos boxes ainda nas primeiras voltas, pois o
cinto de segurança estava apertando suas partes baixas e o pobre do mecânico da
Ferrari teve que meter a mão no saco de Irvine para consertar o problema! Se
Irvine não teve tanta sorte, Villeneuve vibrou com a decisão da prova, que
permitiu uma nova tentativa do canadense, mas o piloto da Williams largou mal
mais uma vez, porém Villeneuve foi mais cauteloso na primeira curva e ficou em
segundo. Por pouco tempo.
Mostrando a superioridade da Williams, Villeneuve não deixou
Schumacher liderar nem a volta de abertura, deixando a Ferrari para trás no
final da primeira volta (por 0.001s) e assumindo a liderança para não mais
perde-la. Villeneuve tinha um ritmo 1s
mais rápido do que Schumacher, que não conseguia extrair um bom ritmo de sua
Ferrari por causa dos pneus e na volta 11 seria ultrapassado por Berger. O
austríaco até fazia tempos parecidos com o de Villeneuve, mas a diferença entre
os dois era superior a 10s. Na 16º volta, Barrichello e Diniz abandonavam a
corrida com o mesmo problema, na suspensão, e deixava a torcida brasileira
torcendo apenas por uma boa corrida. Mostrando a evolução dos novos pneus
Bridgestone, Panis tentava uma estratégia de uma parada e ficava em segundo,
enquanto a maioria dos front-runners estava numa estratégia de duas paradas.
Após a primeira rodada de paradas, Schumacher tinha sua
quarta posição sob ameaça da Benetton de Alesi, quando os veteranos encontraram
o 11º colocado, Damon Hill. Como estivesse se vingando de todas as presepadas
aprontadas por Schumacher nos anos anteriores, o campeão de 1996 segurou o
alemão como pôde, atrapalhando Schumacher na sua briga com Alesi. Após a
segunda rodada de paradas, Villeneuve ainda estava na frente de Berger, com
Panis num ótimo terceiro lugar, mas os freios, que tanta dor de cabeça trouxe
para a Williams em Melbourne, voltaram a se manifestar em Interlagos, forçando
Villeneuve a diminuir seu ritmo e Berger encostou para perigosos 4s, mas
Villeneuve garantiu manter sua diferença e conseguiu sua primeira vitória em
1997. O canadense conseguia colocar a Williams no topo, seu habitat natural,
mas a Bridgestone começava a mostrar que não estava para brincadeira e
conseguia seu primeiro pódio na F1 com Panis. O primeiro de muitos.
Chegada:
1 1)
Villeneuve
2 2)
Berger
3 3)
Panis
4 4)
Hakkinen
5 5)
M.Schumacher
6 6)
Alesi
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