sábado, 14 de julho de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1997

O empolgante campeonato de 1997 chegava à Grã-Bretanha para mais uma etapa da luta épica entre Michael Schumacher e Jacques Villeneuve, com o alemão se aproveitando dos erros e azares do piloto da Williams para liderar o campeonato com uma certa folga, mesmo a Ferrari não sendo o melhor carro do ano, claramente inferior à Williams de Villeneuve. Como nos seus tempos de Benetton, Schumacher tirava no braço a diferença que tinha para seus adversários melhor equipados. As duas boas corridas de Alexander Wurz pela Benetton fez com que várias equipes se interessassem pelo jovem austríaco, mas com a recuperação de Gerhard Berger para a prova seguinte, em Hockenheim, esta seria a última corrida de Wurz em 1997.

Desde a vitória na primeira corrida do ano em Melbourne, a McLaren vinha apresentando altos e baixos durante a temporada, liderado por David Coulthard. Porém, em Silverstone, era Mika Hakkinen que vinha sendo um dos destaques do final de semana e mostrando a força do motor Mercedes, liderava com folga a Classificação a ponto de, ainda faltando 18 minutos para o fim do treino, brincar com o diretor esportivo da empresa, Norbert Haug. Mas como se diz no esporte, tudo só acaba quando termina, a brincadeira de Hakkinen aconteceu cedo demais e ele acabaria ultrapassado pelas duas Williams de Villeneuve e Frentzen no final do treino, frustrando a equipe chefiada por Ron Dennis. A Williams marcava outra dobradinha no ano, mas Frentzen não estava muito feliz, pois estava mais rápido do que o companheiro de equipe durante sua volta, mas cometeria um pequeno erro. Lá atrás, Rubens Barrichello passava por um calvário com seu Stewart, mais particularmente com seu motor Ford. O brasileiro teve duas quebras de motor em menos de 40 minutos e ainda não havia marcado tempo. No último momento do treino, Rubens pegou o carro do seu companheiro de equipe Jan Magnussen e quando saiu dos boxes, o motor do dinamarquês soltou um enorme rolo de fumaça. Barrichello ainda conseguiu marcar um tempo, mesmo que o deixasse com o pior da Classificação, só ficando à frente do péssimo Norberto Fontana, desclassificado por não ter parado quando foi chamado à balança da FIA no final do treino.   

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:21.598
2) Frentzen (Williams) - 1:21.732
3) Hakkinen (McLaren) - 1:21.797
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:21.977
5) R.Schumacher (Jordan)  -1:22.277
6) Coulthard (McLaren) - 1:22.279
7) Irvine (Ferrari) - 1:22.342
8) Wurz (Benetton) - 1:22.344
9) Herbert (Sauber) - 1:22.368
10) Fisichella (Jordan) - 1:22.371

O dia 13 de julho de 1997 amanheceu nublado e chuvoso em Silverstone, clima típico britânico, mas bem diferente dos dois anteriores, onde o sol imperou naquela quinhão da Inglaterra. Porém, o tempo melhorou quando se aproximou o warm-up e o sol voltou a aparecer em Silverstone, prometendo uma corrida com pista seca e emocionante, até porque haviam sete carros separados por apenas 0.12s na Classificação. E a primeira ocorrência aconteceria logo na volta de apresentação, quando Heinz-Harald Frentzen deixou seu motor Renault morrer e o alemão da Williams teria que largar atrás de Fontana, no final do grid. No afã de conquistar o maior número de posições possíveis, Frentzen acabaria batendo na Tyrrell de Verstappen ainda na primeira volta e abandonaria tristemente, em outra corrida bem abaixo das expectativas. Na segunda largada, Villeneuve largou bem e manteve na ponta, mas com o buraco da onde deveria estar o carro de Frentzen, Schumacher e Coulthard fizeram largadas relâmpagos, subindo para segundo e terceiro, respectivamente. Porém, na parte de trás do grid, Ukyo Katayama rodava de forma inacreditável, praticamente na reta dos boxes, deixando seu Minardi em lugar perigoso e trazendo o safety-car ainda na primeira volta. Mais uma barbeiragem de Katayama...

Durante os momentos em que o safety-car estava na pista, um fato passou desapercebido pela maioria, mas seria extremamente decisivo no final do campeonato. Se aproveitando de sua experiência prévia atrás do safety-car (ou pace-car, nos EUA), Villeneuve ficou próximo demais do Mercedes da FIA e acabaria punido por isso. Essa seria a primeira punição com sursis para Villeneuve... Quando a relargada foi dada, Villeneuve e Schumacher dispararam frente ao resto do pelotão, com o canadense administrando bem a vantagem para Schummy, enquanto o ferrarista abria em volta de 2s para um problemático David Coulthard, que segurava um enorme pelotão atrás de si. Muito rápido na reta, mas incrivelmente lento nas curvas, o escocês já estava 12s atrás de Schumacher ainda na volta 11, enquanto Hakkinen, seu companheiro de equipe, não conseguia efetuar a ultrapassagem, enquanto um pelotão que ia até o décimo colado estava encaixotado atrás da McLaren do escocês. Schumacher fez sua primeira parada na volta 20 e estava tão à frente de Coulthard, que voltou confortavelmente em segundo, após um trabalho perfeito da Ferrari. Para quem não se lembra, a Williams era conhecida por fazer pit-stops erráticos, principalmente em momentos decisivos. Quando Jacques Villeneuve fez sua parada na volta seguinte, o canadense teve um problema na roda dianteira esquerda, que ficou presa, fazendo com que uma parada que dura em média 7 ou 8s, se transformasse em eternos 33.6s! Villeneuve balançava a cabeça negativamente e esmurrava o volante furioso. O canadense, aparentemente com a corrida perdida, voltava à pista em sétimo.

Na luta pela estratégia, McLaren e Benetton parariam apenas uma vez, diferente do resto. Isso fez com que o lento Coulthard assumisse a segunda posição, enquanto segurava Hakkinen, Alesi e Wurz, estes da Benetton. O ritmo do escocês era tão ruim, que não demorou para Villeneuve encostar no pelotão, mas Coulthard cometeria um erro e Hakkinen assumia o segundo lugar e mesmo 22s atrás de Schumacher, o finlandês se tornou o mais rápido da pista. Quando os pilotos da McLaren e Benetton fizeram suas paradas, Schumacher tinha 30s de vantagem sobre Villeneuve e tinha a expectativa de abrir 18 pontos ou mais frente ao canadense, disparando no Mundial. Um ano antes, a Ferrari abandonava com seus dois carros após apenas sete voltas em Silverstone, mas esse terrível nível de confiabilidade não poderia se repetir. Mas se repetiu! Na volta 36, a imagem mostrava uma pequena fumaça branca saindo da roda traseira da Ferrari do alemão. Na volta seguinte a Ferrari chamou Schumacher para trocar seus pneus e Ross Brawn aproveitou para observar mais de perto a roda traseira esquerda do carro vermelho. O que quer que tenha visto, Brawn fez cara feia e menos de uma volta depois Schumacher entrou nos boxes para abandonar, para incrível frustração dos tifosi, que ficaram ainda mais chateados com o motivo: um cubo de roda, uma das peças mais baratas de um F1, havia se quebrado. Algumas voltas mais tarde, Irvine fez sua segunda parada, mas o irlandês nem chegou à voltar à pista, pois havia quebrado o semi-eixo no pit-lane. A Ferrari fechava suas portas de forma triste em Silverstone.

Porém, havia um alento. Villeneuve não liderava à corrida, pois, com uma parada a menos, Mika Hakkinen se aproximava de sua primeira vitória na F1 em 88 corridas e liderava com certa folga frente ao canadense. Porém, com pneus mais novos e com a mesma carga de combustível, Villeneuve tirava 1s por volta frente a Hakkinen. O canadense encostou em Hakkinen quando faltavam dez voltas para o fim, mas o piloto da McLaren controlava a corrida e Villeneuve não parecia ter folego para ultrapassar Mika, mas o forte motor Mercedes, o mais potente da F1 há quinze anos atrás, pregou uma peça em Hakkinen quando faltavam sete voltas para o fim e Hakkinen abandonaria tristemente mais uma vez, entregando a corrida no colo de Villeneuve. Mais atrás, Alexander Wurz fazia uma corrida impecável. Perdendo a posição para Alesi nas primeiras voltas, o jovem austríaco preferiu ficar atrás do companheiro de equipe e com todos os abandonos, Wurz conseguia seu primeiro pódio na carreira. Para quem via esse desempenho, todos pensavam que Wurz poderia ser um dos grandes da F1 nos anos seguintes. Ledo engano. Mais atrás, a torcida inglesa vibrou de alegria quando o motor de Shinji Nakano quebrou nas últimas voltas, permitindo a Damon Hill marcar seu primeiro ponto como defensor de campeonato. Tanto Hill como a torcida presente em Silverstone vibraram como se fosse uma vitória! Mas o verdadeiro vencedor desta corrida foi mesmo Villeneuve, que após tantos azares nas provas anteriores, se aproveitou do azar do seu principal rival do campeonato para conquistar a centésima vitória da Williams na F1.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Alesi
3) Wurz
4) Coulthard
5) R.Schumacher
6) Hill

Nenhum comentário: