sexta-feira, 23 de março de 2007

A primeira à esquerda

Nesse final de semana começa o campeonato da IRL em Homestead, circuito oval próximo a Miami. Seguindo uma tendência que a própria categoria criou (em termos de monopostos), a corrida será noturna, no sábado à noite. As corridas noturnas não é novidade para a categoria, mas será a primeira vez que Homestead terá sua versão noturna.

Homestead é o que chamo "Oval-Nascar", ou seja, um circuito extremamente largo e com curvas muito inclinadas, proporcionando que os carros andem com aceleração máxima e lado a lado. O lado positivo e negativo foi visto na corrida do ano passado. Durante a corrida os carros andaram a centímetros um do outro, com pé embaixo e no final Dan Wheldon conseguiu uma vitória na volta final num belo espetáculo. Mas esse mesmo espetáculo ficou maculado pela morte de Paul Dana durante o warm-up.

Esse ano teremos muito poucas novidades e com as equipes de sempre brigando pelo título. O difícil é saber qual piloto irá ser campeão, pois a categoria pode ter ser seus defeitos, mas uma coisa é inegável: a competitividade.

Ano passado Penske e Chip Ganassi foram as duas equipes a dominar o certame com seus quatro pilotos brigando pelo título ponto a ponto até a última curva do ano. Sam Hornish Jr. foi tricampeão e logicamente é um dos favoritos, mas uma coisa deve pesar contra ele nesta temporada. Hornish é rei em circuitos ovais, mas não se sente muito à vontade em circuitos mistos e em 2007 a IRL terá cinco circuitos mistos ao invés de três em 2006. Se Hornish não melhorar sua tocada quando virar o volante para a direita, ele poderá perder pontos essenciais na briga pelo título.

Hélio Castroneves e Tony Kanaan serão os mais ajudados com a adição de circuitos mistos, mas a conhecida falta de sorte do Helinho nas decisões (para não dizer amareladas!) e a má-fase da equipe de Tony Kanaan ano passado pode atrapalhar uma possível conquista de título esse ano. Vítor Meira ainda persegue a sonhada primeira vitória e ele já está merecendo, mas brigar pelo título parece ser mais complicado.

Na pré-temporada a Chip-Ganassi parece ter andado melhor, liderada por Dan Wheldon seguido pelo seu companheiro de equipe Scott Dixon. A Penske vem logo atrás, seguida pela Andretti-Green. Por sinal, a equipe de Michael Andretti tem dois pilotos que chamam muito atenção da mídia. Marco Andretti, filho de Michael e neto do Mario, vem sendo preparado para seguir a tradição da família desde o kart, passando pelas várias categorias de base americanas. Contudo, Mario o quer na F1. O patriarca da família Andretti não esconde de ninguém sua admiração pela categoria máxima do automobilismo e quer colocar seu neto lá o mais rápido possível, pois ele sabe muito bem quanto a IRL é perigosa. Marco fez alguns testes durante o inverno na Honda e uma possível participação de Marco no GP dos Estados Unidos não é impossível. Agora nos resta saber se Marco puxou o avô ou o pai.

Danica Patrick fará sua estréia na Andretti-Green tentando conseguir sua primeira vitória no automobilismo(!). Sua contratação foi muito mais um golpe de marketing do que pelo seu talento na pista. Aliás, se Danica se chamasse Danico ou qualquer variação no masculino, ela não passaria de um piloto meio de pelotão e talvez já tivesse sido defenestrada da categoria, mas como ela é mulher, a mídia americana a adora. Fora ser bonita. Muito bonita...

A IRL começa seu décimo segundo campeonato numa fase complicada de sua curta existência e numa crise de identidade séria. Antigamente, a categoria era conhecida por andar apenas em ovais, ter custos baixos e ter vários americanos. Ou seja, uma categoria tipicamente americana para caipira ver. Hoje, corre em circuitos mistos, descaracterizando um pouco a categoria. A entrada de Penske, Chip-Ganassi, Andretti-Green e Rahal-Letterman, todas provenientes da CART, encareceu muito a categoria, fazendo que apenas essas equipe briguem pelo título e engolindo as equipes pequenas. Cinco anos atrás, a categoria tinha 30 carros. Hoje não passa de 22. E o pior (para Tony George e os puristas) é que a grande maioria dos pilotos é de estrangeiros. Mesmo assim, a categoria é ainda muito competitiva e os brasileiros tem muitas chances de papar o caneco no final do ano.

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