segunda-feira, 12 de março de 2007

Quebrando padigmas

A Stock-Car vive dizendo que é monomarca. Cascata. Ali o carro é o mesmo, mas a casca é diferente, ou seja, é uma categoria multicasca ou multibolha, como queiram. Uma categoria multimarca foi o que assisti no último domingo. O WTCC revive os áureos tempos dos campeonatos de Superturismo que existiam na Europa na segunda metade da década de 90 no vácuo da extinção momentânea do DTM no final de 1996.

Os melhores campeonatos eram o da Inglaterra, da Alemanha e da Itália e até mesmo um Sulamericano foi feito com a participação de Cacá Bueno e Ingo Hoffmann. A categoria era linda, com BMW, Audi, Peugeot, Alfa Romeo e Opel brigando curva a curva, com vários pilotos que já andaram de F1, como Emanuelle Pirro, Johnny Cecotto etc. A categoria tinha apoio oficial das respectivas montadoras e os carros eram construídos por cada fábrica seguindo um restrito regulamento técnico e mercadológico. Esses campeonatos duraram por alguns anos com muito sucesso, mas perdeu espaço com a ressurreição da DTM no ano 2000, mas com a criação do Europeu e depois o Mundial de Turismo, felizmente a categoria está mais viva do que nunca!

Praticamente com o mesmo regulamento, a categoria aportou no último final de semana em Curitiba para a abertura do campeonato. Ao contrário do ano passado, o público compareceu em massa e puderam in loco ver o brasileiro Augusto Farfus Jr. vencer a segunda bateria no verdadeira passeio da BMW sobre as outras marcas. Os defensores ferrenhos da Stock vão dizer que com carros tão diferentes, a corrida e o campeonato perde a graça, pois apenas uma marca vence. Aí é que eles se enganam. O WTCC tem um esquema de lastro, em que os primeiros colocados de cada rodada ganham um peso extra para a corrida seguinte e assim não há uma desigualdade tão grande como a observada no último domingo. No ano passado, quem deu as caras foi a Seat, pois a BMW veio para o Brasil com o lastro máximo em seus carros e então os carros espanhóis deitaram e rolaram.

Esse regulamento até discutível fez com que 6 pilotos chegassem a última corrida com chances de ser campeão. Os 21 carros que se apresentaram aqui também é um pouco enganador, pois ano passado o número de carros no grid chega a 30 ou mais carros. A Stock vive se gabando que vinte e não sei quantos carros ficaram no mesmo segundo na Classificação. No WTCC, 18 (diferentes!) carros ficaram no mesmo segundo. Já na Stock, o carro é exatamente o mesmo...

Será interessante a SporTV passar toda a temporada do WTCC e assim podemos comparar com a Stock, mas o problema é exatamente esse. Com os assinantes vendo um campeonato muito mais legal, realmente multimarca e emocionante, eles enxergarão que a Stock é apenas uma miragem no deserto do automobilismo brasileiro atual.

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