terça-feira, 8 de maio de 2007

25 anos sem Gilles


Falar sobre Gilles Villeneuve sempre é especial para mim, afinal, ele morreu exatamente 20 dias depois deu nascer. Logicamente, não me lembro dele, mas já ouvi inúmeras histórias sobre esse canadense meio louco que fazia suas estrepulias em sua Ferrari. Gilles é um mito e digo sem medo que ele é o maior ídolo da Ferrari em todos os tempos, superando Schumacher, Lauda e Ascari. Uns dez anos atrás li uma reportagem sobre a Ferrari na Quatro Rodas e fiquei abismado o quanto Villeneuve era adorado pelos tifosi. Logo na entrada de Maranello, há um busto do canadense onde velas são acesas todos os dias, uma pintura em óleo tentava mostrar a primeira freada que Villeneuve deixou no circuito de Fiorano e até mesmo o avião que Villeneuve derrotou com sua Ferrari em 1981 está exposta em Maranello.


Porém, uma coisa me intriga. Villeneuve fez 67 GPs na F1, sendo que 66 pela Ferrari (ele estreou na McLaren no GP da Inglaterra de 1977), conseguiu apenas seis vitórias, sete poles e oito melhores voltas. Claro que sua prematura morte não dá a indicação do seu potencial, mas não deixa de ser interessante ver o quanto Villeneuve é adorado, não apenas no Canadá e na Italia, mas em todo mundo apesar de números tão modestos e apenas um vice-campeonato como melhor resultado. Desde quando eu era uma criança, ouço as mais loucas história envolvendo ele, desde o famoso GP da Holanda de 1979 quando teve um pneu furado e voltou aos boxes de pé embaixo, seu famoso acidente no mesmo GP da Holanda de 1981, quando quase capotou e até mesmo seu acidente fatal em Zolder, no dia oito de Maio de 1982.


Já assisti vários e vários vídeos sobre Villeneuve, mas não senti nada demais e então veio o estalo. Eu vi, mas não senti. Não é a mesma coisa ver em vídeo uma escapada de Villeneuve ou então a sua última vitória em Jarama, na Espanha, quando segurou quatro carros mais velozes do que o dele até a bandeirada. Assistir uma corrida ao vivo, seja pela TV ou na arquibancada, é sentir o que os pilotos fazem dentro da pista e nenhum piloto fez isso com tanta agressividade e coragem como Gilles Villeneuve. Seus mecânicos o adoravam e até hoje milhares de pessoas o reverenciam. Muita gente diz que Jacques Villeneuve, seu filho e campeão em 1997, é melhor do que o pai, mas o carisma de Gilles é tão imenso, que cega as pessoas, principalmente os italianos.


Eu realmente entendi o que o mito Gilles faz nos torcedores da F1 em 1997. Naquele ano, Jacques Villeneuve e Michael Schumacher chegaram à Monza, reduto da Ferrari, brigando cabeça a cabeça pelo campeonato e um repórter foi entrevistar um velho tifosi que estava na arquibancada, próximo a pista:


- Fora a Ferrari, qual piloto o senhor gostaria que vencesse em Monza?

- Villeneuve!

- Mas como? Isso vai prejudicar Schumacher!

- Eu sei, mas ele é filho de Gilles...


O homem realmente podia e a F1 até hoje lamenta a perda da agressividade, das derrapagens controladas e do arrojo de Gilles Villeneuve.