domingo, 1 de março de 2009

História: 40 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1969


A F1 esperava um 1969 menos triste do que em 1968. A temporada que tinha dado o segundo título a Graham Hill foi emocionante pela batalha pelo campeonato, mas traumática pela morte de quatro pilotos de F1 durante o ano, apesar de que apenas Jo Schlesser morresse numa corrida da categoria, durante o Grande Prêmio da França. Se a morte de um piloto de F1 em si já é triste, imagine então de uma estrela da magnitude de Jim Clark, ocorrida em abril numa corrida de F2 em Hockenheim. As mudanças aerodinâmicas mostradas pela Lotus no ano anterior voltariam com força total em 1969 e todas as equipes já possuíam algum tipo de asa em seus carros. Normalmente, a corrida em Kyalami era realizado no começo de janeiro, mas como muitas equipes não estavam preparadas para uma corrida tão no início do ano, elas não iam à África e o resultado eram corridas com poucos carros. Por isso, os organizadores resolveram postergar a prova para março, garantindo que todas as equipes fossem a África do Sul e alguns com carros novos.

Por causa das perdas de 1968, as equipes tinham grandes mudanças para a temporada que se iniciava. A campeã Lotus mantinha Graham Hill, mas Jackie Oliver não entrava no perfil de piloto vencedor apregoada por Colin Chapman e assim o inglês trouxe o austríaco Jochen Rindt da Brabham. Grande revelação dos anos 60 ao lado de Stewart e dominador na F2, Rindt perambulava por equipes pequenas desde 1964 e no ano em que esteve numa equipe forte, a Brabham, foi golpeado pelo azar. Mesmo sem fazer uma temporada marcada por grandes resultados, Chapman traz Rindt sentindo que ele teria chance de ser campeão um dia. Conta a lenda que após receber o convite de Chapman no final de 1968, Rindt foi falar com Ron Tauranac, projetista da Brabham, sobre o que fazer e recebeu o seguinte conselho. "Se você quiser ser campeão, vá para a Lotus. Se quiser viver muitos anos, fique conosco." Palavras proféticas em ambos os casos. Perdendo seu segundo piloto, a Brabham precisava de um substituto a altura e por isso trás Jacky Ickx da Ferrari. O belga tinha feito uma temporada surpreendente em 1968 e foi uma surpresa a Ferrari deixar ele ir para a Brabham, que teria agora motores Cosworth. A Ferrari mandou apenas Chris Amon para Kyalami e ainda não havia definido o seu segundo piloto. A Matra, que tinha duas equipes em 1968, só manteria a Matra International comandada por Ken Tyrrell e Jackie Stewart, com motores Cosworth. Tentando ainda manter um toque francês, a empresa francesa coloca Jean-Pierre Beltoise na equipe, enquanto desenvolvia o motor Matra V12 para o ano seguinte. A McLaren mantinha os mesmos pilotos do ano anterior, Denny Hulme e Bruce McLaren. Com o fim da equipe Honda, John Surtees se mudaria para a BRM ao lado de Oliver, se tornando a segunda equipe a não ter motores Cosoworth ao lado da Ferrari.

Os treinos de sexta-feira (para quem não sabe, as corridas na África do Sul eram realizadas aos sábados), mostrou um grande equilíbrio de forças com cinco equipes diferentes dominando as cinco primeiras posições do grid separadas por meio segundo. Quem se deu melhor nessa batalha foi Jack Brabham, que marcou a pole seguido pelo seu antigo companheiro de equipe Rindt e Denny Hulme, da McLaren. O campeão Graham Hill ficou apenas em sétimo, atrás até mesmo de Mario Andretti, convidado pela Lotus para essa corrida. Beltoise não acompanha o ritmo de Stewart e fica em décimo primeiro, enquanto Ickx e Surtees tem problemas nos treinos e ficam nas últimas posições.

Grid:
1) Brabham (Brabham) - 1:20.0
2) Rindt (Lotus) - 1:20.2
3) Hulme (McLaren) - 1:20.3
4) Stewart (Matra) - 1:20.4
5) Amon (Ferrari) - 1:20.5
6) Andretti (Lotus) - 1:20.8
7) Hill (Lotus) - 1:21.1
8) McLaren (McLaren) - 1:21.1
9) Van Rooyen (McLaren) - 1:21.8
10) Love (McLaren) - 1:22.1

Aquele primeiro de março de 1969 começou com muito sol em Kyalami, mas havia muita preocupação nos boxes. Durante os treinos houve muitos problemas com as asas dos carros, que se quebravam sem aviso e provocavam acidentes. Grandes e desengonçadas, o temor era que uma asa quebrasse durante a prova e novos acidentes acontecessem. Mesmo com o perigo, quando os pilotos estão em seus lugares no grid, eles esquecem os problemas e partem para a corrida como se fosse outra qualquer. Com mais de dez anos de F1, Brabham usa sua experiência para uma largada sem defeito e mantém a pole, mas Stewart, vindo de quarto, pula para segundo e já pressionava o australiano no final da grande reta dos boxes. Ainda na primeira volta, o escocês da Matra consegue a ultrapassagem sobre Brabham e já abria diferença na liderança.

Outro que havia feito uma excelente largada foi o campeão Graham Hill, que pulara para quarto e pressionava seu jovem companheiro de equipe Rindt. Atrás das duas Lotus, vinham as duas McLarens de Hulme e do patrão Bruce McLaren, e a Ferrari de Amon. A corrida estavam em seu fluxo normal quando o que todos temiam aconteceu. Na sexta volta, a asa traseira do carro de Jack Brabham quebra, mas o "Old Jack" consegue controlar seu carro e vai aos boxes no fim da volta. O temível acidente não aconteceu, mas o susto foi enorme! Enquanto Stewart disparava na frente, as duas Lotus brigavam pela segunda posição e não demorou para que Graham Hill usasse sua enorme experiência para deixar Rindt para trás na oitava volta, com o austríaco ficando a mercê de Hulme, que se aproximava da Lotus, efetuando a ultrapassagem na décima primeira volta.

Quem vinha fazendo uma ótima corrida de recuperação era Mario Andretti. Talvez desacostumado a largar parado, o americano caiu para décima na largada e foi ganhando posições ao longo das voltas, ultrapassando a McLaren particular de John Love, a a Ferrari de Amon e a McLaren de fábrica de Bruce McLaren. Porém, o suíço Jo Siffert, que estava a bordo da Lotus da equipe de Rob Walker, estava acompanhando a Lotus de fábrica de Andretti e não demorou para que ambos iniciassem uma grande batalha pela quinta posição enquanto se aproximavam da outra Lotus de Rindt. Na décima quinta volta, Siffert e Andretti ultrapassaram o suíço e, juntos, partiram para cima da McLaren de Hulme. McLaren também ultrapassa Rindt e cola em seu companheiro de equipe e subordinado Denny Hulme. Na volta 21 Andretti ultrapassa Siffert de forma definitiva e assume a terceira posição, mas longe de Graham Hill, que estava longe de Stewart. Porém, a transmissão da Lotus de Andretti quebrou na volta 31 e Siffert começa a perder rendimento, sendo pressionado pela McLaren de Hulme.

Siffert pouco pôde fazer para evitar a ultrapassagem de Hulme na volta 34 e a corrida se estabelece daquela forma. Após uma enorme batalha pelo terceira posto que envolveu vários carros, Hulme se estabeleceu na posição seguido por Siffert, McLaren e Rindt. Mostrando que não tinha havia se livrado da má sorte, o austríaco abandonaria na volta 44 com problemas na alimentação do seu Lotus. Assim, quem assumiu o último lugar pontuável era Beltoise, que já estava mais de uma volta atrás do líder e companheiro de equipe Stewart. Após ultrapassar o então líder Jack Brabham na primeira volta, o piloto da Matra desapareceu na frente e não foi mais incomodado por ninguém, nem mesmo pelo então campeão Graham Hill, que conseguiu um tranqüilo segundo lugar, mas 18s atrás de Stewart. Hill começava a ver que dificilmente defenderia o título contra o escocês voador.

Chegada:
1) Stewart
2) Hill
3) Hulme
4) Siffert
5) McLaren
6) Beltoise

4 comentários:

Ron Groo disse...

E tem nego que reclama dos aerofólios trazeiros deste ano né?

João Carlos Viana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Carlos Viana disse...

com ctz!

Anônimo disse...

Credo! Cada carro feio!