sábado, 21 de março de 2009

Nicola


As coinscidências da vida são grandes entre o personagem de ontem, Alex Caffi, e o de hoje, Nicola Larini. Fora o fato de terem nascido com apenas um dia de diferença, as carreiras de ambos são muito parecidas no seu começo, com mudanças apenas pontuais de como seguem correndo hoje em dia e o que fizeram na F1 na metade final de suas passagens pela categoria. Como Caffi, Larini surgiu como um talento promissor na F3 Italiana e se destacou na pequena equipe Osella de F1, mas os rumos das carreiras desses italianos muda um pouco a partir desse momento, com Larini permanecendo um pouco mais na categoria, mas sem conseguir sucesso na F1. Como Caffi. Contudo, Larini ainda está correndo em alto nível no Mundial de turismo e, assim como Caffi, iremos ver um pouco mais da carreira desse italiano.

Nicola Giuseppe Larini nasceu no dia 19 de março de 1964 em Lido di Camaione, na Itália. Como Caffi, Larini não iniciou sua carreira no esporte a motor em quatro rodas, mas no motocross, mas quando Nicola começou no kart aos 16 anos, não obteve muito sucesso, tanto que só estreou nos monopostos em 1983 na Fórmula Italia, onde permaneceu apenas um ano e se transferiu para a Fórmula Fiat Abarth na temporada seguinte, onde conseguiu um bom terceiro lugar. Isso fez com que Larini se mudasse para a forte F3 Italiana em 1985, onde pôde enfrentar pilotos do calibre de Stefano Modena, Marco Apicella e o próprio Alex Caffi. Após um ano de aprendizado, Larini se juntou a equipe Coloni e ao lado de Marco Apicella, travou uma batalha com Caffi pelo título italiano. Nicola se sobressaiu aos seus rivais e se tornou Campeão Italiano de F3 de 1986 com cinco vitórias.

Enzo Coloni tinha um projeto para estrear na F1 ainda em 1987 e tinha Larini nos seus planos. Para deixar seu piloto em forma, Coloni coloca Larini na F3000 na equipe Forti Corse, mas o italiano pouco faz na categoria de base. Na verdade, Nicola estava testando o novo modelo FC187, que faria sua estréia no Grande Prêmio da Itália de 1987. Após não se classificar para a corrida caseira, Larini estréia no Grande Prêmio da Espanha em Jerez, mas abandona com a suspensão quebrada. Mesmo tendo a confiança de Coloni, Larini prefere procurar outra equipe e é contratado pela equipe Osella para 1988. A pequena equipe italiana tinha um plano ambicioso de fabricar um motor aspirado para aquele ano e o resultado é uma série de abandonos de Nicola. No entanto, Larini recebe elogios pelo seu estoicismo num carro tão ruim e seu melhor resultado é um nono lugar em Monte Carlo. Já nessa época, Larini começa a enveredar para outros caminhos e concomitantemente a temporada de F1, participa do Campeonato Italiano de turismo com um Alfa Romeo de uma equipe particular.

Larini permanece na Osella em 1989, que desistia do motor próprio e passaria a usar os pneus Pirelli, mas nem a borracha italiana é capaz de fazer com que o carro da Osella ande rápido e Nicola fica algumas corridas de fora ao não passar da Pré-Classificação. Contudo, Larini consegue alguns brilharecos durante a temporada, como quando estava em sexto lugar no Grande Prêmio de San Marino e sua suspensão quebrou quando se aproximava da Rivazza ou então o excepcional segundo lugar no chuvoso Grande Prêmio do Canadá, quando teve um problema elétrico e seu sonho de terminar uma corrida no pódio com o carro que tinha em mãos acabou ali. Larini não completou uma única corrida em 1989, mas todos sabiam que ele tinha talento e só precisava de uma boa equipe para mostrar o que todos esperavam dele. Por isso, todos se animaram quando Nicola foi contratado pela Ligier em 1990. Porém, o que parecia ser um passo em sua carreira, se transformou em estagnação.

A Ligier vivia uma crise técnica e nem de longe lembrava a equipe que brigava pelas vitórias no começo da década de 80. Já em 1989 a tradicional equipe francesa sofreu com René Arnoux e Olivier Grouillard e por isso trouxe uma dupla de pilotos totalmente nova. Além de Larini, Guy Ligier trouxe o veterano Philippe Alliot para guiar seus carros azuis. Porém, o carro desenhado por Michel Beaujon se mostrou um desastre desde o início e Larini teve que se contentar com as últimas posições do grid em todas as corridas. Se existia alguma evolução, pelo menos Nicola participou de todas as provas e completou a corrida em mais de 90% delas. No entanto, o carro era lento e o máximo que Larini pôde fazer foi terminar duas provas em sétimo. A Ligier tinha uma boa perspectiva para 1991 e havia contratado Thierry Boutsen da Williams, porém, Larini achou melhor procurar outra equipe e se mudou para a equipe Modena-Lamborghini. A tradicional montadora italiana entrava de cabeça na F1 e em 1991, além de fabricar o motor, construiria também o chassi.

Nicola se anima com a perspectiva de estar numa equipe de fábrica, mas ao longo do ano o italiano percebe que tinha se metido em mais uma barca furada. Como era uma equipe nova, a Lambo, como era conhecida, participaria da Pré-Classificação em todas as provas e Larini tem sérios problemas em passar por essa sessão. Apesar de ter conseguido se classificar para a primeira corrida do ano em Phoenix e ter terminado em sétimo lugar na corrida, a Lamborghini passa a ter problemas financeiros e Larini dificilmente largava para as provas. E quando conseguia a proeza, abandonava. Cansado de tantas decepções, Larini pensava em sair da F1, mas uma proposta tentadora o faz mudar de idéia. A Ferrari tinha como piloto de testes Gianni Morbidelli, mas o jovem italiano estava descontente com a falta de chances e deixou a casa de Maranello. A Ferrari foi atrás de Larini para ser piloto de testes e desenvolver a suspensão ativa da equipe em 1992. Nicola aceitou no ato! Nos intervalos dos testes, Larini participou do DTM pela equipe Alfa Romeo. Seria o início de uma longa relação com a marca italiana.

Contudo, Larini realizou o sonho de participar de uma corrida de F1 pela Ferrari. Ivan Capelli, segundo piloto da Ferrari, estava fazendo uma temporada bizonha pela equipe de Maranello e após o Grande Prêmio de Portugal ele foi demitido. Mesmo já tendo contratado Gerhard Berger para 1993, o austríaco ainda estava sob contrato com a McLaren e Larini pôde voltar a F1 nas duas corridas finais. Mesmo conhecendo o carro, que era ruim, Nicola não pôde fazer algo de muito diferente de Capelli e ainda teve problemas antes das duas corridas e teve que largar dos boxes em ambas. Larini permanecia como piloto de testes da Ferrari, mas participou com muito sucesso do campeonato do DTM e se sagraria campeão do forte campeonato alemão de turismo em 1993. Durante um teste após o Grande Prêmio do Brasil de 1994, Jean Alesi sofre um grave acidente e machuca a coluna, fazendo com que Larini novamente participe de uma corrida de F1. Porém, essa passagem de Larini é mais significativa.

No novo Grande Prêmio do Pacífico em Aida, Larini largaria em sétimo, sua melhor posição na F1, mas na primeira curva, Hakkinen bate na traseira de Senna e o brasileiro roda. Nicola não consegue evitar a Williams parada de Senna e atinge o carro do brasileiro em cheio. Ambos estavam de fora e voltam aos boxes conversando. Na corrida seguinte, em Ímola, Larini é um dos poucos pilotos a voltar a pista após o acidente de Roland Ratzenberger naquele sábado. Nicola largaria em sexto, melhorando ainda mais sua posição no grid, e por isso foi um dos primeiros carros a passar pelo Williams imóvel de Senna, que havia acabado de espatifar seu carro no muro da curva Tamburello. Quando a corrida se reiniciou, Schumacher dominou a prova e venceu pela terceira vez seguida, enquanto Larini faz a corrida de sua vida e termina em segundo, conquistando seus primeiros pontos na F1 e, logo de cara, com um pódio. No entanto, ninguém teve coragem de comemorar naquele dia. Alesi voltaria na corrida seguinte e Larini voltaria ao seu cargo de piloto de testes. No turismo, Larini se destacava pela Alfa Romeo e participava do DTM e do Campeonato Italiano de Superturismo.

Após três anos testando pela Ferrari, Nicola tem outra chance na F1. A Sauber havia conseguido um contrato com a Ferrari para usar os motores italiano a partir de 1997. Sempre fiel a scuderia e ao grupo Fiat, Larini é lembrado pela Ferrari para ser o segundo piloto da Sauber e a primeira impressão é a melhor possível, com o italiano pontuando logo na primeira corrida, em Melbourne, com um sexto lugar. Contudo, Larini fica extremamente insatisfeito com o favorecimento da equipe a Johnny Herbert, primeiro piloto da equipe, e começa a ter atritos com Peter Sauber. Após um furo de pneu no chuvoso Grande Prêmio de Mônaco, Larini se desentende com Sauber e é dispensado da equipe. Esta seria a despedida de Larini da F1 com 49 Grandes Prêmios disputados, sete pontos e um pódio.

Nicola também se desliga da Ferrari após cinco anos como piloto de testes e passa a se dedicar ao turismo. Com o fim do DTM, renomeado ITCC, em 1996, Larini participa dos inesquecíveis Campeonatos Italianos e Alemães de Superturismo pela Alfa Romeo com muito sucesso. Piloto de ponta, Larini vence várias provas e se torna referência nesse tipo de corrida. No ano 2000, passa a disputar o novo Campeonato Europeu de Turismo, mas quando a Alfa resolve abandonar o apoio oficial no final de 2004, é contratado pela Chevrolet no novo WTCC, Campeonato Mundial de Turismo. Ainda ativo e em alto nível, Nicola Larini é um dos destaques do campeonato e mesmo sem contar com um título há vários anos, ele permanece sendo bastante respeitado em seu meio, apesar de não ter conseguido o sucesso esperado na F1. Como seu contemporâneo Alex Caffi...

Parabéns!
Nicola Larini

Um comentário:

Arthur Simões disse...

Poxa.Um dos meus pilotos favoritos!!

Sempre corria com ele no meu F1 World Grand Prix para N64.

Abraço JC!!!