domingo, 10 de maio de 2009

Estrela no...


Rubens Barrichello é um ótimo piloto e o fato de estar na F1 desde 1993 diz muito o quanto o paulistano pode dar a equipe que o contrata. Porém, apesar da sua qualidade nunca ter sido posta em dúvida, Rubinho tem momentos em que mostram a diferença entre um ótimo piloto e um piloto campeão. Rubinho é ótimo, mas Button pode se tornar campeão por alguns detalhes, mesmo quando tudo indicava que as coisas não sairiam da melhor forma para ele. Hoje foi um caso claro e Barrichello perdeu a corrida mais por culpa sua do que pela estratégia, mas os homens estratégicos da Brawn podem ficar tranquilos, pois existe coisa bem pior do que eles na F1. E se vestem de vermelho...

A corrida de hoje em Barcelona lembrou a dos anos anteriores no rápido circuito catalão, o que indica que podem mudar regulamento a vontade, mas o autódromo de Montmeló nunca nos dará uma corrida realmente boa e emocionante. As ultrapassagens em profusão das etapas anteriores se transformaram na velha procissão espanhola, com carros mais rápidos não conseguindo ultrapassar o da frente e nem o Kers, esperança de um aumento nas ultrapassagens na F1, ajudou, como mostrou o exemplo de Raikkonen tentando - e não conseguindo - deixar a lenta BMW de Heidfeld para trás. Sem ultrapassagens, a corrida foi decidida pela estratégia e foi nesse quesito que Button se sobressaiu em cima de Barrichello, que era o carro mais rápido de hoje. O brasileiro fez uma excelente largada e pulou de 3º para 1º antes mesmo da primeira curva, mas contando com o respeito total de Button na freada, pois se fosse um outro carro, dificilmente o inglês se deixaria ultrapassar por fora daquela maneira. Foi então que Barrichello passou a virar tempos de Classificação, sempre mais rápido que Button, que no início parecia mais preocupado em segurar o ímpeto renovado de Massa. Quando chegou a primeira rodada de paradas, com a dupla da Brawn já estabelecida numa provável dobradinha, o engenheiro de Button apostou e trocou o prévio plano de três paradas para duas. Num instante, parecia que daria errada, vide o forte rendimento de Barrichello, enquanto o inglês ficava para trás, mas quando Rubens fez sua segunda parada, a corrida caiu nas mãos de Button. O brasileiro simplesmente não correspondeu as expectativas, mesmo com todos os avisos possíveis e imaginários de sua equipe, para que o piloto do carro 23 aumentasse seu ritmo. Button era preciso e constante e saiu relativamente perto do companheiro de equipe, que ainda teve que se preocupar com a surpresa da corrida.

Mark Webber fez uma corrida comendo pelas beiradas, praticamente só aparecendo na TV na sua empolgante (e única de toda a corrida...) disputa com Fernando Alonso ainda no início da prova, quando foi ultrapassado na relargada após a presença do safety-car e deu o troco ainda na reta de chegada. Sempre atrás de Vettel, parecia fadado a ficar atrás do seu famoso companheiro de equipe, mas o australiano surpreendeu no segundo stint e de forma espetacular, entrou junto com Barrichello na sua última parada e não apenas ficou à frente de Massa, assumindo o terceiro lugar, como passou a pressionar Rubinho nas últimas voltas. O australiano fez a melhor exibição na F1 nesse seu pódio, mas para isso ele não apareceu em toda a corrida, ao contrário do que costumava fazer anos atrás, quando sempre saía com pouco combustível para as corridas com o intuito de fazer um brilhareco e mostrar serviço para as equipes grandes.

Jenson Button conseguiu sua quarta vitória em cinco provas e colocou seu nome como um dos favoritos ao título deste ano, apesar de que, não sei se por teimosia minha, não achar que a Brawn não irá manter esse nível tão alto até o final do ano. Mas o inglês parece já ter ganhado sua primeira batalha, dentro da equipe, e partirá ainda mais confiante para o resto da temporada européia. Sua forma limpa de pilotar e, principalmente, a forma natural como vem ganhando as corridas, mostra que o inglês finalmente chegou as ápice da carreira. Mostrando que ainda tem o carro do momento, a Brawn garantiu a dobradinha com Rubens Barrichello, mas o brasileiro estava claramente frustrado com sua corrida. Erro de estratégia? Pode ser, mas quando Rubinho precisou andar forte no terceiro stint da corrida, o brasileiro decepcionou redondamente.

A Red Bull também mostrou que tem o segundo melhor carro da F1 atual ao acompanhar a Brawn, apesar do desempenho xoxo de Vettel. Se sobrou genialidade na estratégia de Webber, faltou justamente isso na corrida de Vettel, eternamente empacado atrás de Massa na corrida. Somado a uma incrível falta de agressividade do alemão, a Red Bull viu seu teórico segundo piloto fazer a vivas da casa com um pódio, mas pelas expectativas criadas, o carro de Adrian Newey teoricamente seria melhor nas curvas rápidas de Barcelona, mas foi a estratégia bem-feita de Ross Brawn, principalmente no caso de Button, e a qualidade dos pilotos que fizeram com que os Touros Vermelhos fossem derrotados. Já a equipe B só durou até a segunda curva, quando seus dois carros foram envolvidos no forte acidente que causou o único safety-car do dia, então não dá muito julgar seus pilotos, principalmente Bourdais, cada dia mais envolvido em demissões antes do final da temporada.

E numa corrida onde a estratégia fez a diferença, não foi surpresa ver as duas Ferraris não chegando até o Parque Fechado após a corrida. Se errar uma vez é humano, errar duas vezes é ter seu piloto na 17º posição no grid e vê-lo abandonando enquanto brigava pela décima posição. E assim se resume de forma sucinta a apresentação de Kimi Raikkonen no final de semana espanhol, apesar do finlandês ter dado a melhor declaração via rádio desde que essa novidade chegou a F1 ano passado. Lembrado durante a Classificação que estava sem Kers, Kimi deu um de 'Seu Lunga' e respondeu: Não precisa ficar repetindo isso em toda a volta e em toda a curva. A segunda melhor declaração foi de Massa, que representa bem a aflição do brasileiro com relação a sua situação atual dentro da Ferrari: O que eu posso fazer? Está difícil mesmo! Massa largou bem, andou aprova toda em terceiro lugar, segurou Vettel sem grandes complicações e apesar de ter perdido a posição para Webber devido a estratégia, o quarto lugar estava bom demais quando Rob Smedley chegou com a 'grande notícia' de que o combustível estava acabando. A última vez que me lembro de um carro ter problemas semelhantes foi no Grande Prêmio do Canadá de 2002 com Raikkonen. "O que eu posso fazer?", dizia resignado Felipe Massa, enquanto deixava Vettel e Alonso o ultrapassar nas últimas voltas, enquanto se arrastava pela pista. "O que fazer?", deve estar se martirizando Luca di Montezemolo uma hora dessa. São erros aburdos em uma sucessão inacreditável e uma medida drástica terá que ser tomada rapidinho, apesar de que o título, apesar da enorme evolução ferrarista de quinze dias para cá, ter ficado cada vez mais distante. Um parentêse agora para o enchimento de saco do Galvão, repetindo várias vezes que o Felipinho vem aí. Informar uma ou duas vezes tudo bem, mas do jeito que aconteceu, foi terrível. Se Felipe irá comemorar o Dia das mães duplamente pela sua mãe e esposa, por que o Rubinho não irá comemorar duplamente também?

Correndo em casa, Alonso fez uma corrida limitada pela ruindade do carro, mas seu enorme talento o pôs em quinto lugar, muito em função da ultrapassagem forçada em cima de Massa no final da prova. Ao contrário do ano passado, quando fez uma corrida magistral até abandonar, nem um brilhareco Alonso pôde dar, afora a briga espetacular com Webber no início da prova. A única vez em que Rubinho apareceu na prova foi quando colocou Hamilton na grama na largada, mas atrapalhado pelo acidente na primeira volta, Nelsinho ficou sempre nas últimas posições, mas próximo dos carros à sua frente. Hamilton fez outra corrida sofredora, andando mais do que podia e acabando com seus pneus, pelas palavras do próprio. Atrapalhado por Piquetzinho na largada e tendo que desviar dos escombros na primeira volta, Hamilton chegou a efetuar algumas ultrapassagens no início, mas seu carro não o ajudou a evoluir e o campeão de 2008 ficou na nona posição, sem marcar pontos de novo. Após uma nesga de esperança com o quarto lugar no Bahrein, a McLaren se vê novamente nas posições intermediárias com um carro aquém das expectativas e inconfiável, com Heikki Kovalainen abandonando ainda no início da corrida, mas pelo o que vinha apresentando, o nórdico pouco poderia fazer.

Nico Rosberg marcou pontos novamente, mas o alemão da Williams ver a vantagem que tinha no início da temporada, quando fazia parte do trio da 'gangue dos difusores' ir para o espaço e dificilmente conseguirá algo mais do que alguns pontinhos ao longo do ano. Nakajima continua colecionando bicos quebrados ao quebrar mais um nos resquícios da batida da primeira curva. A BMW evoluiu bastante após ter segurado a lanterna no Bahrein e Heidfeld marcou pontos novamente e por 1.4s não superou Massa na linha de chegada. O alemão mostra que sua regularidade chega a assustar e mesmo nitidamente mais lento do que Kubica, se sobressaí ao polonês em determinadas situações. A Toyota teve a corrida estragada quando Trulli provocou o melé na primeira curva, mas Glock também esteve longe de mostrar algo de bom hoje e ficou fora da zona de pontuação pela primeira vez no ano, deixando essa honra para os pilotos da Brawn como os únicos a pontuar em todas as etapas. O alemão tem um estilo parecido com o de Button, mas é extremamente pouco agressivo, ficando placidamente atrás de Hamilton, lento e sem pneus, até o final da prova. A Force India também se envolveu no acidente da primeira volta com Sutil atingindo o carro de Trulli e Fisichella tendo que parar nos boxes para reparos. Nada que afetasse muito a corrida, pois Sutil abandonou e Fisichella ficou em último, posição que provalvelmente ficaria se a prova não tivesse o incidente que teve.

A F1 chega a Europa ainda marcada pela política, com Ferrari e Toyota ameaçando abandonar a F1 caso a FIA tente se impor com as suas regras ridículas. No esporte, Button consegue outra vitória e se distancia dos demais, com Barrichello em segundo, mas vendo Hortência, que nessa semana disse que a estrela do Rubinho fica na bunda, está mais do que certa!

Um comentário:

Ron Groo disse...

Fica mesmo, e a Hortencia tinha toda a razão.
E teve quem achasse que ela tinha exagerado.