quarta-feira, 13 de maio de 2009

História: 35 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1974


Após a saída de Spa Francorchamps no final de 1970, o Grande Prêmio da Bélgica passou a ser realizado em dois circuitos, em forma de rodízio. Em 1971 e 1973 se correu em Zolder, enquanto pela segunda vez após 1972, o obscuro autódromo de Nivelles receberia a F1, mesmo com a reclamação dos pilotos pelo lay-out sem graça e o público distante demais da emoção na pista. Porém, assim como hoje, os pilotos pouco podiam apitar na F1 de então e foram correr sem grandes problemas no circuito belga. Havia 32 carros inscritos e apenas o finlandês Leo Kinnunen não largaria, fazendo com que os retardatários fizessem parte da definição da corrida.

Naqueles primórdios de profissionalização na organização da F1, eram as próprias equipes que faziam a cronometragem do seus carros e depois entregavam os resultados para a organização da prova, que montava o grid muito tempo depois. Em Nivelles, essa definição durou horas! A temporada de 1974 estava bastante apertada e todos ficaram estupefatos quando a Ferrari anunciou o tempo de Clay Regazzoni, que ficaria com a pole com mais de 1s de vantagem sobre o segundo colocado. Para aumentar as suspeitas, a diferença entre o 2º e o 11º colocado era de menos de 1s e todas as equipes foram contestar o tempo da ferrarista, mas os italianos impuseram sua força e Rega seria o pole. O ídolo local Jacky Ickx começava a sofrer com seu Lotus e sairia numa decepcionante 16º posição.

Grid:
1) Regazzoni (Ferrari) - 1:09.82
2) Scheckter (Tyrrell) - 1:10.86
3) Lauda (Ferrari) - 1:11.04
4) Fittipaldi (McLaren) - 1:11.07
5) Peterson (Lotus) - 1:11.21
6) Merzario (Iso-Marlboro) - 1:11.29
7) Beltoise (BRM) - 1:11.39
8) Pace (Surtees) - 1:11.46
9) Hunt (Hesketh) - 1:11.53
10) Stuck (March) - 1:11.57

O dia 12 de maio de 1974 estava nublado na Bélgica, mas não havia a conhecida chuva que sempre caracterizou as corridas no pequeno país europeu e então a largada tinha tudo para ser tranquila. Emerson Fittipaldi nunca se caracterizou por largar bem e muitas vezes o brasileiro sofreu reclamações de sua própria equipe por sempre perder posições nas saídas. Porém, Emerson acertava algumas vezes e em Nivelles ele conseguiu sair da quarta posição para terceiro, superando Lauda. No final da primeira volta o piloto da McLaren pegou o vácuo da Tyrrell de Scheckter para assumir a segunda posição, enquanto Regazzoni larga muito forte e permanece em na liderança, seguido de perto por Fittipaldi e Scheckter. Era o início de uma das grandes corridas daquele ano inesquecível.

Lauda havia caído para quinto e era segurado pela Lotus de Ronnie Peterson, conhecido por suas largadas-foguete. O novo Lotus 76 não era equilibrado o suficiente e apenas o braço de Peterson segurava toda a agressividade de Lauda, que partia para cima do antigo companheiro de equipe. Peterson estava tão lento, que logo um trenzinho de carros se formou atrás dele, liderado por Lauda, Hunt, Pace e Beltoise. Porém, Lauda usou a força de sua Ferrari para deixar Peterson para trás e poucas depois ele encostava no pelotão da frente, que tinha Regazzoni, Emerson e Scheckter colados. Mostrando sua destreza, Peterson segurou todo o pelotão atrás de si até ter problemas de freio no seu Lotus na metade da prova. O carro de Niki Lauda parecia ser o mais rápido naquela tarde e em poucas voltas ele se aproximou e ultrapassou a Tyrrell de Scheckter e todos pensaram que o austríaco assumiria a liderança em pouco tempo. Ledo engano. Regazzoni era um dos pilotos mais difíceis de ser ultrapassado da F1 e não permitia grandes ataques de Emerson, que por sua vez corria com a cabeça, economizando pneus e não dando chances a Lauda, enquanto Scheckter não desgrudava dos líderes. Era uma briga de titãs!

Os quatro andavam juntos e o menor erro poderia ser fatal e a perda de uma posição. Foi justamente isso o que aconteceu com Lauda, que errou numa curva e foi ultrapassado por Scheckter, mas mostrando o quanto estava rápido naquele dia, ultrapassou o sul-africano sete voltas depois. Quando a corrida se aproximava da sua metade, os nervos começaram a ficar à flor da pele e os pilotos menos frios poderiam errar e foi assim que Regazzoni perdeu a corrida. Considerado truculento e algumas vezes tendo a sua pilotagem comparada a um motorista de caminhão, Regazzoni se atrapalhou quando ia colocar uma volta num retardatário e acabou saindo da pista, perdendo a liderança para Fittipaldi, que trazia Lauda colado. Scheckter não aproveitou a situação e praticamente saía da briga pela corrida, pois o piloto da Ferrari também tinha problemas com desgaste de pneus e acabou atrasando o seu adversário da Tyrrell. Isso fez com que Emerson e Niki disputassem a liderança sozinhos, palmo a palmo. Lauda vinha em ótima fase e tinha conquistado sua primeira vitória na Espanha, enquanto Emerson tinha vencido no Brasil e era considerado a maior estrela da F1 de então.

Era uma briga de gato e rato, sendo que os dois pilotos tinham apelidos de rato. Emerson lutou contra um piloto formidável e em grande fase que tinha um carro claramente melhor do que o seu, mas o brasileiro correu com uma precisão incrível naquele frio dia de maio na Bélgica. Nivelles não tinha muitos pontos de ultrapassagem, mas Lauda não desistiria fácil e partia para cima da McLaren de Emerson. Faltavam 30, 25, 20, 15, 10 voltas... A diferença entre a McLaren e a Ferrari nunca foi superior a 1s, mas Fittipaldi conquistava sua segunda vitória na temporada, com Lauda recebendo a bandeirada 0.35s atrás. Mais atrás, Regazzoni tem problemas de combustível na sua Ferrari e cede a posição no pódio apenas na última volta, após outra briga espetacular. Emerson provava que estava na briga pelo título, mas via que a briga pelo campeonato seria acirrada. Lauda, Scheckter e Regazzoni. Apesar das vitórias de Denny Hulme e Carlos Reutemann durante o ano, esses três grandes pilotos seriam os rivais de Emerson Fittipaldi rumo ao bi.

Chegada:
1) Fittipaldi
2) Lauda
3) Scheckter
4) Regazzoni
5) Beltoise
6) Hulme

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