Hollywood adora histórias de voltas por cima. De um determinado personagem conseguir a fama, errar, chegar ao fundo do poço e finalmente chegar ainda mais forte ao topo. Roteiristas não teriam muito trabalho em refazer a história de Helio Castroneves, que há três meses atrás nem sonhava em beber o leite dos vencedores de Indianápolis, como fez hoje com extrema habilidade. Castroneves saiu das portas da prisão rumo ao vitória consagradora na Capital do Automobilismo! Dizem que a primeira vitória sempre é a mais gostosa, mas Helinho nunca se esquecerá dessa sua terceira conquista nas 500 Milhas de Indianápolis, por tudo o que ele passou, elevando seu nome definitivamente na história do automobilismo americano e mundial.
Inicialmente, a corrida foi dominada pelos carros da Ganassi, com Franchitti e Dixon trocando prosições ao longo das constantes relargadas devido a bandeiras amarelas, começando logo na primeira volta num acidente infantil causado pelos jovens Marco Andretti e Mário Moraes, para choro do último. Parecia que o time de Chip Ganassi dominaria como no ano passado, mas os perigosos e constantes pit-stops em "Brickyard" causaram problemas aos carros vermelhos. O primeiro foi Dario Franchitti, com o escocês tendo problemas de reabastecimento e caindo vários posições, nunca mais se recuperando. Castroneves não estava se destacando mesmo com a pole e a corrida se distanciava da Penske na medida em que Ryan Briscoe perdia rendimento após uma relargada e perdia uma volta.
O melhor brasileiro era Tony Kanaan, seguindo de perto os líderes, mas um esquisito acidente adiou o sonho da vitória do baiano nas 500 Milhas. Raphael Mattos, que vinha fazendo uma prova de estreia espetacular, tem problemas num dos seus pit-stops e ia para o final do pelotão, enquanto alguns pits mais atrás Vitor Meira dá o primeiro grande susto da tarde quando arranca antes da hora e seu carro é coberto pelo fogo. A equipe Foyt e as vizinhas apagaram o fogo e o brasileiro pôde voltar à pista, para delírio do público americano. Esse não seria o único drama da dupla brazuca. Enquanto isso, os principais adversários de Castroneves iam caindo um a um, com Dixon e Will Power, no terceiro carro da Penske, também tendo problemas nos pits. Quando faltavam poucas voltas, Mattos e Meira se envovem no acidente mais sério da corrida, com Meira chegando a se arrastar pelo alambrado! Os dois foram levados ao Centro Médico, enquanto Meira foi ao Hospital Metodista. Como Castroneves dependia de uma bandeira amarela longa e o recuperado Briscoe não tinha combustível para ir até o fim, o acidente dos dois acabou definindo o rumo da prova. Isso tudo deixava um surpreendente Dan Wheldon em segundo, seguido de perto da espevitada Danica Patrick, que sempre anda bem na pista de Indiana.
Ao contrário do que normalmente acontece, as últimas voltas não foram emocionantes e sem nenhum dos seus grandes adversários no seu encalço, Hélio disparou na última relargada e apenas fez uma contagem regressiva dentro do seu capacete rumo a bandeirada. Foi a volta do Homem-Aranha, que regressava a grade de Indianápolis após sete anos e seu choro compulsivo em toda a comemoração mostra bem a carga emocional da sua vitória de hoje. Pai, mãe, irmã, cunhado, Roger Penske, Tim Cindric, Ryan Briscoe... todos fizeram questão de apertar a mão de um homem que deu, literalmente falando, a volta por cima!
Parabéns Hélio!
2 comentários:
Realmente.
Digno de Hollywood!
Poxa,me surpreesndi com o Power.Nunca pensei que o australiano fosse andar bem como como andou.
Aos anti americanos e esquerdófilos de plantão...
Ninguém faz festa como os americanos.
O sentimento cívico, o respeito pelas instituições; o hino cantado em uníssono por um autódromo inteiro e lotado; o silêncio respeitoso ao toque de silêncio da corneta.
A mãe do proprietário do Indianápolis Motor Speedway pedindo para que “ladies and gentlemans” ligassem seus motores.
Tudo aplaudido.
Como também aplaudiram o piloto brasileiro Vitor Meira, que voltou a pista após ter seu carro incendiado no reabastecimento.
E as palmas ainda mais sinceras quando outro brasileiro, Helio Castronneves, recebeu a bandeira quadriculada – pela terceira vez - por ter vencido a mais importante corrida de automóveis daquele país:
A Centésima edição das 500 milhas de Indianápolis teve um vencedor estrangeiro e nem por isto se ouviu vaias ou apupos.
Não se viu ninguém frustrado e nem xingando diante das câmeras.
Será que seria muito pedir aos torcedores tupiniquins que aprendessem um pouco daquilo que vimos antes, durante e depois da prova?
E aplicar aquilo a outro esporte que não o automobilismo? Será que dá?
Sinceramente, me deu uma inveja danada...
Parabéns ao Hélio.
Dizem que vencer lá equivale a um campeonato.
Se ninguém é realmente grande no automobilismo sem ter vencido Mônaco, Indianápolis ou Le Mans, então ele é três vezes grande.
Que fiquem os problemas para trás, que ao passado pertencem.
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