Cento e trinta mil pessoas lotaram o autódromo de Jerez de la Frontera para torcer por seus pilotos nas três categorias do Mundial de Motovelocidade, após um sábado em que os pilotos ibéricos dominaram os treinos nas três provas, com três poles e vários espanhóis nas primeiras filas. A festa estava armada e parecia que seria inesquecível. Só esqueceram de avisar aos adversários...
A coisa começou a desandar nas 125cc, com o pole Julian Simon largou mal e o inglês Bradley Smith disparou na ponta. Apesar de tudo, as coisas poderiam mudar e a queda do líder do campeonato Andrea Iannone fez com que os espanhóis renovassem suas esperanças, principalmente com a ótima recuperação de Simon, que ganhava rendimento de forma impressionante, mas eis que o espanhol, que era vice-líder do Mundial, caí sozinho bem no momento em que se aproximava de Smith, seu companheiro de equipe. Com isso, o inglesinho apenas administrou a corrida, já que tinha uma enorme vantagem sobre o segundo colocado, que estava longe de ser definido e a batalha, a melhor da prova, durou toda a corrida. Uma série de pilotos lutaram pela posição, inclusive Pol Espargaro, que tinha chances de assumir a liderança do campeonato após a queda de Iannone e Simon, Sandro Cortese e Marc Marquez, mas o alemão Jonas Folger, de apenas quinze anos, começou uma espetacular recuperação vindo da última posição e em pouco tempo estava na briga pelo segundo posto, mas se afobou na penúltima volta e acabaou caindo, atrapalhando Espargaró e deixando a briga entre Sergio Gadea e Marc Márquez, vencido pelo primeiro na linha de chegada. Smith, que chegou a ter uma vantagem de 18s, cruzou a linha de chegada em primeiro e conquistou sua primeira vitória na carreira e entrando na briga pelo título, mas a liderança permanece com Iannone, que não pontuou.
Já nas 250cc, a esperança estava toda deposita em Álvaro Bautista, que havia derrotado Hiroshi Aoyama no Japão, mas o piloto da Honda queria vingança. O leão de treino Alex Debon, que havia sido o pole, logo perdeu rendimento para os quatro pilotos que iriam dominar toda a corrida. Além de Bautista e Aoyama, o campeão Marco Simoncelli e Hector Barberá, vencedor na primeira etapa no Catar, iniciaram uma excelente disputa pela vitória, com Barberá ficando um pouco à parte, num próximo quarto lugar, apenas esperando se aproveitar de alguma sobra do trio à sua frente. E quase acontecia. Aoyama, Bautista e Simoncelli disputaram cada palmo da corrida como se essa fosse a última etapa e no final o italiano errou, deixando a disputa para Ayama e Baustita, com o japonês tendo liderado quase toda a prova. Na última volta eles trocaram de posição, com Aoyama chegando a ser ultrapassado na última curva, para dar o xis logo em seguida e receber a bandeirada em primeiro, superando Bautista como se fosse uma vigança da semana passada e ainda assumir a liderança. O detalhe é que Bautista usa uma Aprilia nova em folha apoiada pela fábrica, enquanto Aoayam tem que se virar com uma Honda construída em... 2005!
Os espanhóis já estavam ressabiados com tamanho rendimento e sabiam que na categoria principal, a MotoGP, Jorge Lorenzo e Daniel Pedrosa, os dois primeiros no grid, teriam que lhe dar com Valentino Rossi. E o medo era mais do que claro. Rossi já havia vencido várias vezes na pista espanhola, inclusive o inesquecível triunfo em 2005, quando jogou Sete Gibernau para fora da pista na última curva. A largada da prova foi tranquila. Por sinal, a MotoGP foi a prova menos emocionante do final de semana. Muita por causa de Rossi. E olha que não faltou ultrapassagens!
O italiano permaneceu na quarta posição, atrás de Pedrosa, Stoner e Lorenzo, com o espanhol da Yamaha tendo caído para terceiro. Ele seria a primeira vítima. Vencedor em Motegi na semana passada, Lorenzo não foi páreo a Rossi e foi ultrapassado rapidamente, não tendo ritmo para acompanhar os três primeiros. Para completar, Lorenzo caiu sozinho já no final da prova, abandonando a corrida. Stoner se segurava como podia em sua difícil Ducati, mas o australiano conseguia seguir de perto Pedrosa, que liderava com facilidade. A Honda era a equipe que mais evoluía e Dani se segurava na ponta, enquanto Stoner começava a ser atacado por Rossi. A ultrapassagem era questão de tempo e rapidamente Rossi deixou a Ducati para trás. A marca italiana tem uma moto tão difícil, que Nicky Hayden, Campeão Mundial 2006, passou a maior parte da corrida em último...
Sem a presença de Stoner, Rossi passou a se concentrar em Pedrosa, que estava avariado pelos acidentes durantes os testes de pré-temporada. A aproximação de Rossi parecia inexpugnável e a ultrapassagem era tão certa que o púlblico em Jerez estava em silência. E Rossi assumiu a liderança e foi embora, repetindo a comemoração de 1998, quando entrou num banheiro químico após uma vitória nas 250. Se lembram quando Schumacher começava a vencer nas primeiras provas e todos tinham certeza de que ele seria o campeão? Pois esse parecer ser o caso!
Um comentário:
E o italiano mostrou para o Lorenzo:
-Rapazinho, eu ainda sou o Valentino Rossi!.
Postar um comentário