quarta-feira, 27 de maio de 2009

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1979


A F1 continuava em de 1979 com seu extenso calendário europeu com o tradicional Grande Prêmio de Mônaco e suas particularidades. O largos carros de 1979 se expremeriam no traçado apertado e estreiro do mais famoso principado do mundo, com Ferrari e Ligier ainda como únicas equipe a terem vencido no ano, enquanto a Lotus ainda tentava reencontrar o seu caminho de volta rumo às vitórias e Williams e Renault ainda rumavam para a primeira vitória. Para tentar diminuir o trânsito, a organização do GP de Mônaco sempre deixava apenas vinte vagas para o grid, deixando alguns pilotos como espectadores já na sexta-feira e algumas vezes acontecia uma ou outra surpresa, como o alemão Hans-Joachim Stuck ficando de fora da corrida por não conseguirem vaga entre os vinte mais rápidos.

A Ferrari começava a sobrar no campeonato com mais uma dobradinha, desta vez com Scheckter, que havia vencido a última corrida e era o líder do campeonato, ficando com a pole, seguido de Villeneuve. A Ligier vinha logo atrás, mas separados pela Brabham de Niki Lauda, que sempre andava bem em Mônaco, enquanto a Lotus ficava fora dos dez primeiros do grid, algo totalmente inacreditável um ano antes. A última fila tinha a dupla da Renault, ainda sofrendo com a potência estúpida dos motores turbo nas apertadas ruas de Monte Carlo, enquanto que na penúltima fila, Emerson e Piquet compartilhavam seus problemas monagascos.

Grid:
1) Scheckter (Ferrari) - 1:26.45
2) Villeneuve (Ferrari) - 1:26.52
3) Depailler (Ligier) - 1:27.11
4) Lauda (Brabham) - 1:27.21
5) Laffite (Ligier) - 1:27.26
6) Jarier (Tyrrell) - 1:27.42
7) Pironi (Tyrrell) - 1:27.47
8) Mass (Arrows) - 1:27.47
9) Jones (Williams) - 1:27.67
10) Hunt (Wolf) - 1:27.96

O dia 27 de maio de 1979 estava claro e com sol charmoso de Monte Carlo, com um dia típico para uma corrida aos olhos do Princípe Ranier e a Princesa Grace Kelly. A largada sempre foi e sempre será complicada, com uma curva super apertada (Saint Devóte) apenas alguns metros após o sinal verde, mas ainda assim há espaço para grandes largadas e quem provou isso foi Niki Lauda. Saindo em quarto, o austríaco não tomou conhecimento dos que estavam à sua frente e pulou para segundo, enquanto Scheckter permanecia na liderança.

Porém, atrás do Brabham vinha Villeneuve e o canadense sabia que tinha um carro muito superior a Lauda e teria que ultrapassar logo o bicampeão mundial, se quisesse se aproximar do companheiro de equipe. Apesar da notória dificuldade de se ultrapassar, Villeneuve não esperou muito e na terceira volta ultrapassou Lauda e partia para cima de Scheckter. Desapercebidamente, Hunt abandonava ainda na quarta volta, mas o que poucos sabiam era que aquela era última corrida do inglês, Campeão mundial de 1976 pela McLaren. O piloto da Ferrari número 12 rapidamente se aproximou de Scheckter, mas não tentaria uma manobra mais ousada em cima do companheiro de equipe. Mais atrás, Lauda segurava como podia uma legião de franceses, liderados por Depailler, que corriam para satisfazer os franceses que sempre lotavam as arquibancadas de Monte Carlo. Lauda tinha um motor potente (Alfa Romeo), mas seu Brabham era nitidamente pesado e desajeitado para o tortuoso circuito do principado, enquanto os que vinham atrás dele tinham carros mais agéis. Contudo, logo aparecia um piloto que estragaria a corrida de três pilotos e dele próprio.

Didier Pironi já era considerado um ótimo piloto, mas que era limitado pelo carro que tinha. O francês tinha conseguido um ótimo pódio em Zolder na última corrida, mas a única forma de Pironi aparecer com seu Tyrrell era fazer corridas agressivas. Em Mônaco, normalmente isso não dá muito certo. Sexto colocado, atrás de Lauda e os dois Ligiers, Pironi começa seu show de demolição ao atingir a traseira de Laffite numa manobra de ultrapassagem mal calculada, forçando o francês entrar nos boxes. Pironi nada sofrera e automaticamente parte para cima de Depailler. Com muita sede ao pote, Pironi tentou a ultrapassagem sobre a Ligier três voltas após seu incidente com Laffite no apertado hairpin Lowes. Os franceses se tocam. Pironi escapa toda alvisseiro, enquanto Depailler tem que ir aos boxes para trocar um pneu durado. Guy Ligier não deve ter ficado muito bravo com Pironi, pois ele o contrataria para 1980. No entanto, Pironi ainda não havia terminado. Pironi agora partia para cima de Lauda e com a mesma ansiedade com que atacou seus compatriotas, o piloto da Tyrrell atacou o austríaco e em outra manobra desastrada, Pironi acertou a traseira de Lauda na Mirabeau, acabando com a corrida de ambos.

Em apenas seis voltas, quatro concorrentes fortes haviam abandonado por obra de Pironi, dando a Ferrari uma excelente vantagem na liderança, com Villeneuve apenas comboiando Scheckter. Jones era um distante terceiro colocado e com todos os incidentes, pilotos que haviam largada mais para trás apareciam à frente, como o quarto colocado Mass (Arrows), o quinto, Jarier e o sexto, Reutemann (Lotus). Porém, a prova ainda teria surpresas até o seu final. Jarier tem a transmissão quebrada em seu Tyrrell e abandona, enquanto a sólida corrida de Jones no seu emergente Williams acaba na volta 43 após o australiano bater numa calçada e quebrar a barra de direção. Isso colocava o esquisito Arrows de Mass em terceiro, mas o alemão estava tendo problemas de câmbio, permitindo a aproximação da Williams de Clay Regazzoni, que havia ultrapassado Reutemann. Utilizando sua experiência, Rega consegue ultrapassar Mass e parecia estar num tranquilo terceiro lugar, pois alcançar as Ferraris beiravam o impossível.

Porém, Villeneuve tem problemas uma quebra na transmissão de sua Ferrari e deixava Scheckter, que havia liderado de ponta a ponta, ainda mais tranquilo. Para melhorar a situação do sul-africano, Regazzoni estava com problemas de câmbio, mas nunca é bom subestimar a velocidade do velho Rega. O suíço vinha fazendo uma temporada sem muito brilho, claramente batido por Jones dentro da Williams e todos pensavam que sua aposentadoria estava próximo, pois fazia tempo que Clay não mostrava sua conhecida agressividade. Porém, mesmo contando com 39 anos, Regazzoni tirou forças ninguém sabe de onde e começou a se aproximar perigosamente de Scheckter. Mesmo com o câmbio a ponto de quebrar, Regazzoni se aproximava a uma taxa, as vezes, superior a 1s em cima da Ferrari. Todos em Mônaco prenderam a respiração. Será que Regazzoni tinha condições de repetir a façanha de Rindt em 1970, quando o austríaco venceu em Mônaco na última volta? Quando Scheckter completou a penúltima volta, Regazzoni já estava em seus retrovisores, mas o suíço não teve condições de brigar com Scheckter e o piloto da Ferrari conseguia a sua segunda vitória consecutiva, disparando no campeonato. A festa dos tifosi era grande, pois tinha visto uma Ferrari em primeiro e um antigo ídolo dando show.

Chegada:
1) Scheckter
2) Regazzoni
3) Reutemann
4) Watson
5) Depailler
6) Mass

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