quarta-feira, 21 de abril de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1985


A chegada de Ayrton Senna na Lotus era um verdadeiro marco na carreira deste brasileiro que parecia destinado a brilhar na F1. Foram três anos de enorme sucesso nas categorias de base e uma estréia marcante na Formula 1 pela Toleman, que lhe garantiu como uma das grandes promessas da categoria naquela metade da década de 80. A velocidade genuína desse paulistano tinha ficado claro com a média Toleman, mas sua marca registrada só ficaria clara quando chegou a Lotus e seus potentes motores turbo da Renault. Apesar de não ter um grande chassi, a Lotus usufruia da prodigiosa potência dos motores franceses da Renault, principalmente nos treinos, quando uma versão especial no sábado fazia com que várias vezes seus pilotos conseguissem bons lugares no grid. Elio de Angelis era um ótimo piloto, mas não tinha a agressividade suficiente para uma volta realmente voadora. Era isso que Senna queria.

Mostrando o quanto valia a pena a Lotus ter lutado para ter o contratado em 1985, Senna conseguiu sua primeira pole na carreira de forma espetacular, superando em quase meio segundo a McLaren de Prost, reconhecidamente o melhor carro da época. Seria a primeira pole de 65 e também o primeiro show de Senna numa única volta rápida.

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:21.007
2) Prost (McLaren) - 1:21.420
3) Rosberg (Williams) - 1:21.904
4) De Angelis (Lotus) - 1:22.159
5) Alboreto (Ferrari) - 1:22.577
6) Warwick (Renault) - 1:23.084
7) Lauda (McLaren) - 1:23.288
8) De Cesaris (Ligier) - 1:23.302
9) Mansell (Williams) - 1:23.594
10) Piquet (Brabham) - 1:23.618

O dia 21 de abril de 1985 amanheceu nublado no Estoril e o dia não parecia muito promissor para Senna quando seu motor Renault, que praticamente havia garantido sua primeira pole na F1, quebrou e o brasileiro teve que assitir os treinos ao lado do seu carro quebrado. Porém, os céus ameaçadores portugueses despejaram uma enorme quantidade de água e Senna voltava a situação em que havia aparecido pela primeira vez na F1: uma corrida debaixo de muita chuva. Porém, a chuva era forte em Portugal e alguns pilotos, como Mansell e Eddie Cheever rodaram enquanto levavam seus carros ao grid. Com tanta água na pista, Senna sabia que teria que largar bem na primeira vez que estava na pole na F1, para ter uma melhor visão. E ele o fez de forma perfeita. Sem adversários, Senna contornou a primeira curva na frente, mas atrás dele houve vários problemas.

Elio de Angelis consegue uma largada relâmpago e pula para segundo, deixando um lento Prost para trás. Ninguém mais se aproveitou da má largada do francês porque Keke Rosberg ficou parado no grid e muitos tiveram trabalho para desviar do Williams do finlandês. Enquanto os pilotos que usavam pneus Pirelli abandonavam simplesmente porque os pneus de chuva italianos não funcionavam, Senna abria uma vantagem considerável sobre os demais, com De Angelis claramente mais lento que Prost, mas o representante da McLaren não conseguia a ultrapassagem. A corrida era perigosa e a cautela era muito grande entre os pilotos, por isso não havia ultrapassagens. Mostrando o quanto a pista estava molhada, Prost vinha colado na traseira de Elio de Angelis, na reta dos boxes, quando sua McLaren começou a rodar violentamente após uma aquaplanagem no meio da reta. Sem controle nenhum, o francês acabou no muro e era fim de corrida para ele.

Senna disparava na frente, mas seu companheiro de equipe parecia ter problemas em se manter na pista e o italiano era alcançado pelo compatriota Michele Alboreto. A visibilidade era tão ruim, que De Angelis estava com a viseira aberta e na volta 43 Alboreto consegue assumir a 2º posição e então isso animou Patrick Tambay, que levava seu Renault para próximo do pódio. De Angelis resistiu várias voltas, mas o piloto da Lotus acabaria perdendo seu lugar no pódio já nas últimas voltas. Senna diria mais tarde que a chuva em Portugal era tão forte quanto em Monte Carlo, mas em nenhum momento ele pensou em pedir a direção da prova interromper a corrida. Sua vitória tinha que ser grandiosa como realmente foi e a sua vantagem sobre os demais era tão grande, que Alboreto foi o único que completou a corrida com o mesmo número de voltas de que Senna. Ainda assim, com mais de um minuto atrás. A F1 sabia que estava nascendo uma estrela e a Lotus em particular vibrava como nunca por um piloto que parecia ser sua redenção após tantos resultados negativos. Senna recebeu a bandeirada com quase toda a equipe Lotus dentro da pista e diminuiu tanto a velocidade que quase provocou um acidente com Mansell. Após dois anos e meio sem vitória, a Lotus comemorava como nunca. Senna também, pena que o Brasil choraria horas mais tarde a morte de Tancredo Neves. Chorava como nove anos depois em um certo 1º de maio.
Chegada:
1) Senna
2) Alboreto
3) Tambay
4) De Angelis
5) Mansell
6) Bellof

2 comentários:

Two Ways disse...

Maravilhoso texto.

Saudades imensas desse brasileiro que fez e faz história com todos os seus gestos concretos junto à todos nós, não apenas cidadãos do Brasil, mas do Mundo!

Anônimo disse...

Foi a corrida de estreia do sueco Stefan Johansson na Ferrari substituindo o francês René Arnoux (muito estranha).