domingo, 25 de abril de 2010

História: 5 anos do Grande Prêmio de San Marino de 2005


Com as mudanças de regulamento propostas após a esmagadora vitória da Ferrari em 2004, a F1 mudou radicalmente em 2005 e quem estava dominando naquele início de temporada era a Renault, com Fernando Alonso vindo de duas vitórias consecutivas e liderando o campeonato com facilidade. A Ferrari usou novamente a tática de começar o ano com o carro do ano anterior, mas o já lendário F2004 não foi capaz de segurar os novos carros e o F2005 foi colocado na pista às pressas no Bahrein. Schumacher andou próximo de Alonso até abandonar e por isso as expectativas eram ótimas para o time vermelho para a primeira corrida na Europa e ainda por cima, correndo no quintal de casa.

O mais esquisito das formulas de Classificação dos últimos anos, com os tempos somados em duas sessões em dois dias diferentes, estragou a boa fase de Michael Schumacher e um erro do alemão o colocou em 13º, mas ao contrário do que todos imaginavam, quem marcou a pole não foi um Renault. De forma bem discreta, a McLaren começava a mostrar suas garras e Kimi Raikkonen superou Alonso com uma larga vantagem, enquanto Alexander Wurz continuava o rodízio do time prateado na substituição do machucado Juan Pablo Montoya.

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 2:42.880
2) Alonso (Renault) - 2:43.441
3) Button (BAR) - 2:44.105
4) Webber (Williams) - 2:44.501
5) Trulli (Toyota) - 2:44.518
6) Sato (BAR) - 2:44.658
7) Wurz (McLaren) - 2:44.689
8) Heidfeld (Williams) - 2:45.196
9) Barrichello (Ferrari) - 2:45.243
10) R.Schumacher (Toyota) - 2:45.416

O dia 24 de abril de 2005 estava nublado em Ímola, mas não havia previsão de chuva. Normalmente a corrida realizada no auge da primavera européia não tinha nem muito calor e as chuvas eram raras. O clima era agradável para a corrida e a largada ocorreu sem maiores problemas, com Raikkonen se mantendo na frente, seguido por Alonso e Button. A equipe BAR, após um início de temporada tumultuado, tinha seu primeiro bom final de semana no ano, bem na estréia do seu novo diretor esportivo, Gil de Ferran.

A McLaren não havia impressionado em 2005 e por isso todos ficaram impressionados com o ritmo imposto por Raikkonen, que rapidamente se distanciava de Alonso. Em oito voltas, Kimi tinha 3.5s de vantagem sobre Alonso, mas uma das marcas dos carros de Adryan Newey eram justamente a velocidade e a inconfiabilidade e na nona volta, Raikkonen diminuiu seu ritmo e abandonava quando partia para o que parecia ser uma tranquila vitória. Aquela cena se tornaria corriqueira em 2005. Alonso assumia a ponta e mantinha uma diferença confortável em cima de Button, que corrida isolado em 2º, já que Trulli, que havia feito uma boa largada, mas não tinha um bom ritmo de corrida, mostrava a todos a dificuldade de ultrapassagem na F1 e provocava um verdeiro engarrafamento atrás de si, liderado por Mark Webber. Em último lugar desta fila, estava Michael Schumacher, colado atrás do seu irmão, em 11º. Que logo virou 10º quando Barrichello abandonou a corrida na volta 17.

Enquanto Alonso liderava com tranquilidade lá na frente, Giancarlo Fisichella continuava sofrendo e após uma quebra misteriosa, o italiano bateu forte na Tamburello. Ainda bem que a fatídica curva estava bem mais lenta do que nos anos anteriores. Mais atrás, Felipe Massa e David Coulthard brigavam por posição e o brasileiro acabou com o bico do seu carro quebrado, mas esse entrevero teria desdobramentos depois da corrida, quando os dois quase se engalfinham fora da pista!

A partir da volta 22, as primeiras paradas começaram e com isso houveram mudanças que se mostraram definitivas para a corrida a partir de então. Trulli e Webber foram os primeiros a parar, seguido de Alonso e Sato. Button, Wurz e Michael Schumacher foram os últimos a parar e foi aí que o alemão mostrou sua magia. Com pista livre, Schumacher conseguiu três voltas voadoras que o fez pular de 10º para 3º em quatro voltas! Se houvesse uma votação para a melhor 'ultrapassagem nos boxes', eu escolheria essa de Schumacher que, com pista livre, era o mais rápido da pista. Na volta 25, o piloto da Ferrari tinha 13s de desvantagem para Button, mas Schumacher vinha tirando a diferença a um ritmo absurdo e não demorou para o alemão encostar no inglês. Porém, todos sabiam que Ímola não era uma pista de fácil ultrapassagem e ninguém esperava uma manobra mais brusca de Schumacher antes da segunda parada de box, onde ele poderia efetuar a 'ultrapassagem' sobre Button. Porém, naquela dia de abril, Schumacher queria provar que ele era mesmo um fora-de-série e após Button ficar encaixotado por retardatários, Schumacher se aproveitou para ultrapassar o inglês na chicane alta. Button chegaria em terceiro na pista, mas a BAR seria desclassificada por irregularidades no seu tanque de combustível e seria suspensa por duas corridas. Gil de Ferran teria um belo pepino para resolver logo de cara.

De forma surpreendente, Alonso faz sua segunda parada mais cedo, na volta 42 e com a ultrapassagem de Schumacher, o alemão liderava a corrida e tentava, com um ritmo mais forte, tirar a vantagem de Alonso na pista. Na volta 49, Schumacher faz um pit-stop rapidíssimo e voltou à pista logo atrás do espanhol da Renault. Estava feito o cenário para um final de corrida histórico. Alonso, de 23 anos e três vitórias, teria como segurar o lendário Schumacher, de 36 anos e sete títulos mundiais? A resposta seria dada nas treze voltas seguintes. Rapidamente o ferrarista colou na Renault de Alonso e o público, pequeno por causa da má fase da Ferrari, começava a se empolgar, principalmente quando o alemão colocava de lado em certas curvas. Era definitivamente a prova de fogo de Alonso e o espanhol estava se comportando maravilhosamente bem. Quem estava naquele dia em Ímola ou na frente da TV ficou com a respiração ofegante pela perseguição implacável e emocionante de Schumacher. Nas voltas finais, Alonso viu um grupo de retardatários, mas ao invés de cometer o mesmo erro de Button, o espanhol preferiu segurar seu ritmo e não enfrentar aqueles carros mais lentos. Lembrando a famosa corrida em 1983, quando Tambay conseguiu a vitória para a Ferrari após uma emocionante disputa com Patrese, os tifosi esperavam um triunfo parecido e por isso urravam quando Schumacher tentava uma manobra. Mas as voltas foram se passando e Alonso não errava. Na última volta, Schumacher mergulhou por dentro na Tosa, mas Alonso fechou a porta com vontade, mas Schummy não desistiria. Na freada para a Rivazza, nas últimas curvas do circuito, o ferrarista atingiu a maior velocidade do dia e tentou uma manobra, mas Alonso resistiu. Apenas 0.3s de diferença, Alonso recebeu a bandeirada e apontava o número três com os dedos. Mas aquela não era apenas a terceira vitória do espanhol em 2005. Era a confirmação de que Fernando Alonso era uma nova estrela e que poderia derrotar Michael Schumacher numa disputa direta. Ele estava preparado para ser campeão.

Chegada:
1) Alonso
2) M.Schumacher
3) Wurz
4) Villeneuve
5) Trulli
6) R.Schumacher
7) Heidfeld
8) Webber

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