terça-feira, 6 de julho de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio da França de 1985


Após sua rápida passagem pela América do Norte, a F1 voltava ao seu berço: a Europa. Logo de cara, a categoria iniciava em Paul Ricard sua mais tradicional passagem do caledário (França-Inglaterra-Alemanha), durante o verão europeu. Com as equipes mais preocupadas com a logística da viagem transatlântica, houveram poucas novidades. E ainda assim, uma bem esquisita. Stefan Bellof já se mostrava ser bem mais piloto do que Martin Brundle dentro da equipe Tyrrell, mas por algum motivo que não tem nada a ver com técnico, a equipe inglesa escolheu Brundle para ficar com o novo motor Renault turbo, enquanto o talentoso alemão ficaria com o raquítico motor aspirado da Cosworth. Vai entender...

Lá na frente, era esperado que a Lotus conseguisse a pole com o super motor de classificação da Renault, que corria em casa, porém, outro motor começava a dar as caras. A Honda vinha de uma vitória com Keke Rosberg em Detroit com seu Williams e o motor nipônico evoluía a olhos vistos. Num circuito com uma reta enorme como Paul Ricard isso ficou claro e Rosberg consegue sua primeira pole no ano, superando em quase meio segundo Senna. Porém, nem tudo era festa na equipe Williams. Nigel Mansell havia sofrido um forte acidente na rápida curva Signes e um poste que segurava cercas de proteção (uma das medidas de segurança da época...) para segurar os carros que porventura saíssem da pista tinha batido na cabeça do inglês, o tirando das atividades no resto do final de semana.

Grid:
1) Rosberg (Williams) - 1:32.462
2) Senna (Lotus) - 1:32.835
3) Alboreto (Ferrari) - 1:33.267
4) Prost (McLaren) - 1:33.335
5) Piquet (Brabham) - 1:33.812
6) Lauda (McLaren) - 1:33.860
7) De Angelis (Lotus) - 1:34.022
8) Berger (Arrows) - 1:34.674
9) Tambay (Renault) - 1:34.680
10) Warwick (Renault) - 1:34.976

O dia 7 de julho de 1985 estava extremamente quente em Paul Ricard, com um sol forte castigando carros e pilotos no auge do verão europeu. Todos esperavam por condições assim, pois a Pirelli, com Nelson Piquet no comando, tinha testado bastante no calor no circuito de Kyalami. Em outras corridas 'quentes' naquele ano, como em Jacarepaguá e Detroit, a Brabham de Piquet o deixou na mão, mas largando em quinto, o brasileiro tinha boas perspectivas para uma boa corrida. Principalmente quando ele viu Prost largar mal, juntamente com Lauda, e partir para cima de Alboreto na primeira curva, pulando de 5º para 3º ainda na primeira volta. Rosberg e Senna, que já haviam quase ido para as vias de fato em Mônaco, se comportaram bem na primeira curva e permaneceram nas mesmas posições.

Logo ficou claro que a Honda tinha o melhor motor naquele dia e que Rosberg usaria essa vantagem para se manter na frente, particularmente na reta Mistral. Senna ainda tentou alguns ataques no início da prova, mas Rosberg resistiu sem muitas dificuldades e logo o piloto da Lotus seria acossado pelo compatriota Nelson Piquet. Vindo numa temporada difícil e tendo que liderar o desenvolvimento dos novos pneus Pirelli, Piquet estava fazendo sua melhor corrida na temporada e na sétima volta, ele ultrapassou Senna na reta Mistral, despachando o brasileiro facilmente e partindo para cima de Rosberg. Mais atrás, as McLaren tentavam uma corrida de recuperação após uma má largada e outro piloto que vinha fazendo uma má temporada, Niki Lauda, começou a se destacar.

O austríaco vinha à frente de Prost e juntamente com o francês pressionava fortemente Elio de Angelis, que vinha em 5º, mas ganharia uma posição quando Michele Alboreto tem o turbo de sua Ferrari estourada de forma espetacular no final da reta Mistral. Os dois McLarens partiam para cima da Lotus-Renault do italiano, mas De Angelis resistia graças a potência do seu motor Renault. Quando Senna vai aos boxes na décima volta com problemas de câmbio (o brasileiro abandonaria voltas mais tarde), Lauda resolve dar o bote no italiano e sobre para terceiro, trazendo consigo Prost, que não perdeu tempo e ultrapassou a Lotus na volta seguinte. Lá na frente, Piquet já pressionava Rosberg, mas o finlandês se segurava graças ao seu motor Honda turbo. Porém, na 11º volta, Piquet forçou Rosberg a um pequeno, e fatal, erro na entrada da chicane após a reta Mistral e colocou seu Brabham ao lado do Williams-Honda. Rosberg, sempre muito agressivo, ainda tentou reagir, mas o então bicampeão mundial usou seu talento para se livrar de Rosberg e assumir, pela primeira vez em 1985, a liderança de uma corrida.

Rosberg havia forçado demais e perdia aderência e por isso se viu atacado pelas duas McLarens, com Lauda sempre à frente de Prost. Como imaginado, Rosberg se segurava devido ao seu motor, enquanto a TAG-Porsche parecia não entregar a mesma potência para sua única cliente. Vide a dificuldade em deixar o motor Renault de Elio de Angelis para trás, os motores alemães pareciam estar ficando para trás na questão potência e o fato de Rosberg, com pneus em frangalhos, conseguir segurar as McLarens era uma prova disso. Lauda ficou colado na caixa de câmbio de Rosberg por quinze voltas, até sua própria caixa de marchas o deixar na mão na volta 30. Então Prost começou a atacar Rosberg, mas o francês, com sua tradicional sorte, viu os problemas de aderência de Rosberg piorarem e ultrapassou o finlandês na volta 38, fazendo com que o piloto da Williams fosse aos boxes duas voltas depois para trocar seus pneus. Porém, Rosberg e Prost ainda se encontrariam mais tarde.

Piquet liderava com uma boa folga sobre Prost. Os pneus Pirelli se comportaram maravilhosamente bem e deu a oportunidade a Piquet cuidar do seu Brabham-BMW, até por que a confiabilidade não era exatamente o ponto forte do carro. Piquet diria mais tarde que os pneus não deixavam seu carro escorregar até receber a bandeirada em primeiro. Era a primeira vitória de Piquet em 1985 e a primeira da Pirelli desde a década de 50! Porém, mais atrás, a briga pelo segundo lugar estava bem animada. Prost sentia que seus pneus Goodyear não estava em bom estado e diminuiu o ritmo, enquanto Rosberg, com pneus novos, era o mais rápido na pista. Após ultrapassar facilmente Elio de Angelis, o piloto da Williams imprimiu um ritmo forte para se reaproximar de Prost e numa ultrapassagem na última volta da corrida, o finlandês deixou Prost para trás e assumiu a 2º posição. Por sinal, a última volta também viu Stefan Johansson ultrapassar Elio de Angelis na briga pela 4º posição Os pneus foram um fator essencial nessa corrida e Piquet sabia disso, ao ficar apontando para seu boné no alto do pódio, como que dizendo quem foi sue aliado naquele dia quente na França. Mesmo fora da briga pelo título, Nelson Piquet estava de volta à glória!

Chegada:
1) Piquet
2) Rosberg
3) Prost
4) Johansson
5) De Angelis
6) Tambay

Um comentário:

Anônimo disse...

Era a última vitória da equipe Brabham na categoria, até que ela fechou as portas definitivamente após o Grande Prêmio da Hungria de 1992.