Sou muito cobrado aonde trabalho sobre a queda da Brawn, pois falei que a boa fase da "nova" equipe terminaria quando a F1 chegasse a Europa. Pois ao contrário do que imaginei, a chegada ao Velho Continente melhorou a situação da Brawn e em duas corridas em continente europeu, foram duas dobradinhas. Por enquanto, digo que errei. Assim como estavam errados os que diziam que Button era um piloto de segundo escalão. O inglês começou se destacando no já longuínquo ano 2000, mas mesmo sendo a principal estrela do esporte na Inglaterra, Button não conseguiu brigar por vitórias e títulos foi decaindo até ser dado como desempregado no final do ano passado. Numa resserreição que lembra até mesmo sua equipe, Button saiu da sombra de Lewis Hamilton e com cinco vitórias em seis corridas, demonstra que a sua estrela ainda não havia brilhado por falta de oportunidades e com sua pilotagem limpa e inteligente, dificilmente perderá o campeonato de 2009.
A corrida em Mônaco só foi interessante até o a primeira rodada de paradas, quando alguns pilotos do primeiro pelotão tiveram dificuldades com os pneus macios, notadamente Barrichello e Vettel. Alimentando a magnitude da estrela de Button, Barrichello ultrapassou Raikkonen na largada e quando perdeu rendimento, fez com que o inglês ganhasse uma vantagem enorme. Enquanto Vettel segurava um enorme pelotão atrás de si, fazendo que ocorresse as raras ultrapassagens vistas em Monte Carlo, primeiro com Massa ultrapassando Vettel e cortando a chicane, tendo que devolver a posição ao alemão, no qual Rosberg foi esperto e também ultrapassou a Ferrari. Nas voltas seguintes, o próprio Rosberg deixou seu compatriota para trás, trazendo consigo Massa. O estrago na corrida de ambos só não foi maior porque Barrichello também segurava Raikkonen, fazendo com que Rosberg e Massa se aproximassem rapidamente da Ferrari. Quando todos completaram seus pit-stops, as posições não mudaram muito e a corrida se tornou a procissão esperada, com poucas modificações e algum ou outro incidente.
E foi assim que Button dominou a prova a seu bel-prazer, prestando atenção até mesmo nos tempos que os retardatários a sua frente estavam fazendo. Foi um domínio que contou com a ajuda de Barrichello, que segurou Raikkonen quando seus pneus macios perderam rendimento e quando as posições foram definidas após o primeiro round de paradas, Jenson tinha 16s sobre o seu companheiro de equipe. Aí foi correr para o abraço. Barrichello teve um pouco mais de trabalho para assegurar sua posição no pódio, pois teve que ultrapassar Raikkonen na largada e segurar o finlandês, mas essa corrida provou o quanto Button trata melhor os pneus em comparação a Barrichello, pois o inglês mal sentiu os pneus macios se deteriorando. É por essas e outros que Button tem cinco vitórias, enquanto Rubinho ainda por uma.
A Ferrari mostrou mais uma vez que nunca deve ser colocada como carta fora do baralho. Pelo menos nas corridas. Após sentir a água do fundo do poço, a equipe de Maranello já tinha feito uma grande evolução na Espanha, culminando com o primeiro pódio do ano com Raikkonen, mas não restam dúvidas que o finlandês não ficou tão satisfeito assim com o seu resultado, que poderia ser diferente se tivesse largado melhor. Usando o kers, Kimi tinha tudo para ultrapassar Button na corrida até a Saint-Devote, mas ocorreu exatamente o contrário e Raikkonen ainda teve que antecipar sua primeira parada para não ser ainda mais prejudicado pelo ritmo mais lento de Rubinho. Como o piloto da Brawn tem um gênio da estratégia como chefe de equipe, Kimi não pôde tomar a posição do brasileiro e permaneceu na posição até o final da tarde. Massa teve sorte de não ter perdido a posição para Rosberg na Subido do Cassino, mas sua agressividade em excesso, boas algumas vezes, nem tanto em outras, acabou por fazê-lo perder tempo ao tentar ultrapassar Vettel, acabando por ser ultrapassado pelo próprio Rosberg algumas voltas depois. Após recuperar a posição do piloto da Williams, Felipe tentou se aproximar do companheiro de equipe, inclusive cortando as chicanes e recebendo um puxão de orelhas do seu engenheiro. Quando tinha a chance de ultrapassar Raikkonen e até mesmo Barrichello nos boxes, a Ferrari, como sempre, errou na estratégia e deixou Massa algumas voltas atrás de Button, perdendo tempo com o Brawn mais pesado à frente. Mesmo em melhor fase do que Raikkonen, Massa viu o companheiro de equipe dar a Ferrari o primeiro pódio de 2009, mas desta vez os dois ferraristas tiveram desempenhos semelhantes e qualquer resultado seria justo para ambos.
Mark Webber tentava uma corrida semelhante a Barcelona, quando ninguém prestava atenção nele e o australiano acabou no pódio. O piloto da Red Bull acompanhou a distância o ritmo das Ferrari, chegando a ser mais rápido do que eles em alguns momentos, mas a dificuldade em andar mais rápido fez com que Webber não fosse mais à frente desta vez, mas o quinto lugar mostra o quanto o australiano é regular e leva seu carro aos pontos constantemente. Ao contrário do seu companheiro de equipe. Ninguém pode questionar a qualidade de pilotagem de Sebastian Vettel, mas o alemão precisa entender que, com o equipamento que tem, precisa chegar mais vezes ao final das provas para conseguir brigar minimamente ao título. Claro que a perda repentina de desempenhos dos seus pneus o atrapalhou bastante e a maneira como segurou os pilotos atrás de si era o máximo que ele podia fazer, mas o seu acidente logo depois não pode acontecer com um piloto que tem condições até mesmo de brigar pelo título. Sebastien Bourdias prova a cada dia que não é um velocista, mas é um ótimo piloto em termos de tática e enxergar bem a corrida. O francês largava mais atrás e tentaria uma estratégia arriscada de uma parada. Arriscada pelo comportamento dos pneus macios, que se desgastavam rapidamente, mas mesmo com quase 30 voltas pela frente com o composto mole, Bourdais levou seu Toro Rosso até o final, tendo Giancarlo Fisichella nos seus calcanhares, e conseguiu outro pontinho no campeonato, mostrando que sua experiência pode dar alguns frutos a sua equipe. Mesmo sabendo que dificilmente ele fica em 2010.
A Renault fez uma corrida obscura, com Alonso tentando uma estratégia diferente ao esticar sua primeira parada ao máximo, mas não podendo fazer nada demais, conseguindo miséros dois pontos no final da prova. Muito pouco para um bicampeão, cada vez mais de saco cheio de sua equipe. Nelsinho Piquet vive uma fase tão ruim na sua carreira, que quando ele próprio não faz, vem outro e faz. Desta vez ele abandonou sem que tivesse culpa ao ser abalroado por um destrambelhado Sebastien Buemi, que se esqueceu de frear na Saint Devote e encheu a traseira de Piquetzinho. O suíço sofre a incomoda comparação com Vettel, mas mesmo sendo até mesmo um bom piloto, Buemi está longe de Vettel. Em todos os sentidos! Enquanto isso, Piquet fica com sua situação cada vez mais complicada, assim como Kovalainen. Desde sábado se sabia que ele seria a única esperança de pontuação da McLaren e Heikki vinha cumprindo até bem sua função, até rodar e bater sozinho nos Esses da Piscina. O finlandês vê sua situação se complicando cada vez mais e deverá haver uma vaga para companheiro de equipe de Hamilton, que fez o que pôde em Monaco, inclusive efetuando (vejam só!) ultrapassagens durante a prova, mas numa pista tão complicada como Monte Carlo, Lewis teve que se conformar em voltar para casa sem pontos.
Nico Rosberg até que começou a prova bem, conseguindo brigar de igual para igual com Massa e até marcando voltas mais rápidas, mas a estratégia da Williams em colocar mais combustível na sua primeira parada foi um marco negativo na corrida do alemão, que nunca mais conseguiu emular o desempenho de antes, mas ao menos marcou mais três pontinhos no campeonato, enquanto Nakajima esticou ao máximo suas paradas para usar pouco os pneus macios, mas acabou batendo na última volta. Outro com vaga ameaçada. BMW e Toyota fizeram corridas ridículas e só apareceram na TV quando a corrida ficou chata em seu final. Kubica abandonou ainda no começo e se for por falta de desempenho, não me surpreenderia. A Force India fez sua melhor prova do ano com Fisichella, que sempre acompanhou de perto Bourdais, mas sem poder brigar mais seriamente pela posição. No entanto, o italiano conseguiu a nona posição, melhor colocação da equipe hindu. Are baba! Sutil teve a audácia de largar com pouco combustível e o resultado foi a última posição. Se com um carro bom isso já complicado em Mônaco, imagine com um Force India!
O campeonato já está se aproximando de sua metade e os resultados da Brawn já deixaram de surpreender. A sua queda anunciada não se concretizou e ao contrário dos que imaginavam, inclusive o que lhes fala agora, a chegada a Europa fortaleceu ainda mais a equipe, que trabalha para que Button seja campeão novamente. A próxima corrida, na Turquia, é extremamente favorável a Ferrari e Felipe Massa e com o crescimento da equipe, é bem provável que os vermelhos voltem a vencer daqui a duas semanas. Essas conjecturas já foram ditas várias vezes, mas aí vem Button e seu Brawn para acabar com todas elas. Ele é o cara!
Um comentário:
dificil alguém tirar o título do Button, ele tá sobrando nesse campeonato. Ele só perde pra ele mesmo, mas ele praticamente não errou nessa temporada.
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