terça-feira, 5 de maio de 2009

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1969


A Fórmula 1 retornava a Europa após a primeira etapa na África do Sul, dois meses antes, com Stewart liderando à frente da Lotus do campeão Graham Hill. Ainda com o mítico modelo 49, a equipe de Colin Chapman procurava procurava retomar a hegemonia no novo circuito de rua da F1, localizado em Montjuich, nos arredores de Barcelona. O local era belíssimo, cercado por árvores e ruas apertadas, mas os guard-rails ao lado da pista representava um enorme perigo para algum carro desgovernado. Como era comum na naquela época, esse lapso de tempo entre a corrida em Kyalami e o primeiro evento na Europa sempre trazia eventos desagradáveis e desta vez foi a morte de Lucien Bianchi, durante um teste em Le Mans pela Alfa Romeo.

Mesmo tendo perdido duas provas extra-campeonato de F1, a Lotus voltava a mostrar sua força na Espanha ao colocar dois carros na primeira fila, com Jochen Rindt ficando com a pole, enquanto Chris Amon colocava a única Ferrari do grid entre os dois carros de Colin Chapman. Hill começava a sentir a enorme velocidade do seu jovem companheiro de equipe e ainda teria que se preocupar com Stewart e Brabham, que largavam na segunda fila e tinham vencido a Corrida dos Campeões e a Tourist Trophy respectivamente. Brabham afinava o carro da sua equipe, que estava recebendo os motores Cosworth.

Grid:
1) Rindt (Lotus) - 1:25.7
2) Amon (Ferrari) - 1:26.2
3) Hill (Lotus) - 1:26.6
4) Stewart (Matra) - 1:26.9
5) Brabham (Brabham) - 1:27.8
6) Siffert (Lotus) - 1:28.2
7) Ickx (Brabham) - 1:28.4
8) Hulme (McLaren) - 1:28.6
9) Surtees (BRM) - 1:28.9
10) Oliver (BRM) - 1:29.2

O dia 4 de maio de 1969 estava perfeito para uma corrida de F1 e muita gente foi presenciar a segunda corrida de F1 na história de Barcelona, a primeira em Montjuich. A expectativa era enorme para a largada em um circuito novo e por isso todos tiveram muito cuidado ao contornar a primeira curva, com Rindt e Amon mantendo a frente, enquanto Siffert fazia uma largada espetacular no seu Lotus de Rob Walker e pularara para terceiro, ficando à frente da Lotus de fábrica de Hill. Isso ajudava bastante Rindt, que poderia aumentar a vantagem na ponta da corrida, enquanto Amon e Siffert serviriam como uma espécia de rolha contra os ataques de Hill. Sabendo disso, o Campeão Mundial de 1968 partiu para cima de Siffert até conseguir a ultrapassagem na sexta volta e logo a seguir partiu no ataque em cima de Amon. Porém...

Colin Chapman tinha sido o pioneiro na F1 nas enormes asas traseiras e tinha inventado de colocar uma espécia de regulador na frágil asa traseira, fazendo com que o piloto pudesse regular o ângulo de ataque através de um mecanismo dentro do cockpit. No entanto, esse experimento tinha dado alguns problemas durantes os treinos e o pior aconteceu. Ainda na nona volta, Hill vê sua asa traseira quebrar sozinha, jogando seu carro contra o guard-rail logo após os pits. Apesar da violência da batida, o velho Graham pôde sair dos escombros do seu Lotus sem nenhum ferimento. A mesma sorte não teve Rindt. O austríaco liderava com sobras o Grande Prêmio quando, dez voltas depois, o seu Lotus teve um problema idêntico e seu carro foi em direção, a alta velocidade, ao carro abandonado de Hill. A pancada foi ainda mais forte! Rindt chegou a ficar preso no carro, mas Hill, que permaneceu no local, liderou o resgate do companheiro de equipe e fora um nariz quebrado, Rindt passava bem. Esse foi o mote para a CSI, entidade reguladora das normas da F1, entrar em cena e proibir as enormes asas traseiras, fazendo com que a partir da próxima prova, em Monte Carlo, todas as equipes passassem a usar asas traseiras bem mais baixas e seguras. Outro fato interessante deste acidente foi uma famosa carta de Rindt em direção a Colin Chapman reclamando da fragilidade dos carros da Lotus. Infelizmente, essa carta acabaria se tornando profética...

Voltando a corrida, Chris Amon passava a liderara a corrida, seguido por Siffert e Jackie Stewart, que havia ultrapassado Jack Brabham ainda no início da prova. A corrida fica estática, sem nenhuma mudança entre os líderes e Amon se via numa situação que, se não era corriqueiro, estavam longe de ser novidade: na liderança de uma prova de F1. No entanto, sua fama de azarado já começava a ganhar ares de folclore dentro do paddock. No entanto, as coisas para o piloto da Ferrari pareciam bem boas quando a Lotus de Siffert saiu da prova ainda na volta 31 com o motor quebrado e naquele momento tinha mais de 30s de vantagem em cima da Matra de Stewart, que parecia não ter ritmo para acompanhar o neo-zelandês. Mas se não atacava ninguém, Stewart também não era atacado e tudo ficou ainda mais fácil quando Brabham acabandonou na volta 52 com o motor quebrado e com poucos mais da metade da prova, apenas oito carros permaneciam na prova.

Amon liderava tranquilamente quando os velhos fantasmas que sempre atormentaram (e continuariam atormentando ele...) apareceram na volta 56, quando o motor Ferrari V12 abriu o bico, deixando Stewart com uma confortável liderança, à frente de dois pilotos que não tinham aparecido até então: Ickx e McLaren. Ao contrário dos seus companheiros de equipe, Jean Pierre Beltoise (Matra) e Denny Hulme (McLaren) estavam em um ritmo bem mais lento e estavam tão distantes na quarta e quinta posição respectivamente, que Ickx também teve problemas na sua asa traseira e foi ao bos, mas sua vantagem era tamanha que ele perdeu apenas a segunda posição para McLaren. No entanto, esse problema causou novos transtornos para o belga e no final da prova a suspensão traseira do seu Brabham quebrou e isso fez com que a Matra colocasse dois carros no pódio. Absoluto na frente, Jackie Stewart venceu pela segunda vez consecutiva em 1969 e abria uma enorme diferença no campeonato, tão grande quando a diferença que tinha para Bruce McLaren: duas voltas. Por 26 anos essa foi a maior diferença entre o primeiro e o segundo colocado num Grande Prêmio de Fórmula 1. Essa diferença poderia ser ilusória num primeiro momento, mas a vantagem com que Stewart venceria esse campeonato mostrava que essa corrida na Espanha seria a verdadeira história daquele campeonato.

Chegada:
1) Stewart
2) McLaren
3) Beltoise
4) Hulme
5) Surtees

Um comentário:

Ron Groo disse...

Esta pista é tão linda quanto tragica
MAravilhoso post.