sexta-feira, 25 de maio de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1997


Se havia uma pista em que todos os pilotos e equipes conhecem há tempos é o de Barcelona. Com um circuito repleto de variáveis, como uma reta longa, curvas enormes de alta e baixa velocidade, Montmeló costuma definir quem tem o melhor carro da temporada ou quem sofrerá pelo resto do ano, já que desde 1992 a etapa espanhola é realizada praticamente na abertura da temporada européia. Isso aconteceu em 1997, com a Williams dominando os testes na semana anterior à corrida na Espanha, mas tendo problemas nos treinos livres de sexta-feira. Os pilotos reclamaram bastante do desgaste dos pneus, principalmente os usuários da Goodyear, com a Bridgestone se mostrando com menos desempenho, mas com mais durabilidade. Na corrida, isso definiria muitos rumos.

A Benetton havia sido a mais rápida na sexta-feira, mas a Williams, notadamente o melhor carro do pelotão, voltou a dominar no sábado e Jacques Villeneuve ficou novamente com a pole, quase 1s na frente do terceiro colocado. Porém, Frentzen deu trabalho ao canadense ao ficar 0.26s atrás do companheiro de equipe de Williams. A McLaren tinha um novo motor de classificação e por isso seus carros apareceram muito bem, seguindo os ótimos carros da Williams. Adryan Newey ainda assinava os carros da Williams em 1997, mas o inglês já trabalhava na McLaren naquele ano e provavelmente deu dicas como melhor aproveitar o circuito espanhol. A Ferrari teve uma péssima classificação, enquanto o bom resultado da Stewart em Monte Carlo se provava fortuito com seus dois pilotos ficando no fim do grid em Barcelona. O primeiro piloto Bridgestone era Olivier Panis, apenas em 12º.

Grid:
1) Villeneuve(Williams) - 1:16.525
2) Frentzen(Williams) - 1:16.791
3) Coulthard(McLaren) - 1:17.521
4) Alesi(Benetton) - 1:17.717
5) Hakkinen(McLaren) - 1:17.737
6) Berger(Benetton) - 1:18.041
7) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.313
8) Fisichella(Jordan) - 1:18.385
9) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.423
10) Herbert(Sauber) - 1:18.494

O dia 25 de maio de 1997 estava nublado e frio quando os carros se dirigiam ao grid de largada com uma previsão de corrida mais apertada, pois se Villeneuve dominou na Classificação, o canadense teve uma vida mais dura no velho warm-up, com os oito primeiros carros separados por 1s, provavelmente pela condição mais fria de pista. Apenas na segunda tentativa a largada foi dada e Villeneuve largou de forma esplêndida, ao contrário de Frentzen, que foi engolido pelo pelotão. Quem também fez uma largada sensacional foi Michael Schumacher, pulando de sétimo para segundo ainda na primeira curva.

Como normalmente acontece em Barcelona e naquela temporada em questão, os primeiros colocados andavam próximos, com 4s separando os seis primeiros na terceira volta, mas não havia tentativas de ultrapassagem, com todos os pilotos se estudando. Com um carro desequilibrado, Schumacher foi o primeiro usuário da Goodyear a sofrer com os pneus e o alemão perdeu rendimento de forma abrupta frente a Villeneuve, com a diferença entre os dois pilotos chegando a 20s na volta 14. Isso causou um verdadeiro congestionamento atrás da Ferrari de Schumacher, mas com os pilotos não podendo efetuar a ultrapassagem sobre o alemão, que fechava a porta sem o menor pudor. Desesperados e sem ter muito que fazer, pilotos como Ralf Schumacher antecipavam suas paradas, até Coulthard finalmente deixar Schummy mais velho para trás. Algumas voltas depois, começou a primeira rodada de paradas e de forma surpreendente, Coulthard havia encostado em Villeneuve, enquanto Olivier Panis permanecia em terceiro e sem paradas, mas havia um dado a ser colocado nesse caldeirão estratégico: o francês da Prost usava pneus Bridgestone. Isso faria toda a diferença!

Alesi e Schumacher ultrapassam Mika Hakkinen numa bonita briga pelo terceiro lugar, já que Panis havia parado nos boxes e estava agora em sexto. Frentzen fazia uma corrida medíocre, desgastando seus pneus de forma absurda e seu desempenho não fazia jus ao carro que tinha, igual ao do líder inconteste até então, Jacques Villeneuve, que apenas administrava a vantagem sobre Coulthard. Com a segunda rodada de paradas para troca de pneus e reabastecimento, Panis voltou a crescer e o francês ultrapassou Coulthard na volta 39 pela terceira posição, já que o piloto da McLaren não teve um pit-stop muito feliz. Estava claro que os pilotos com Goodyear iriam parar três vezes, enquanto os usuários de Bridgestone parariam apenas duas vezes. Panis fazia uma ótima corrida e enquanto os pilotos à sua frente faziam uma terceira parada, ele estava numa estratégia de duas paradas e era definitivamente o mais rápido na pista. Após a terceira rodada de paradas para quem estava numa estratégia de três pit-stops, Panis liderava a corrida, mas com uma parada a fazer. O piloto da Prost andou forte o suficiente para retornar de sua segunda visita ao Box em 2º, apenas 11s atrás de Villeneuve. E ele era o mais rápido da pista!

A idéia da Bridgestone de fazer um pneu mais resistente parecia que daria frutos e Panis se aproximava lentamente da Williams de Villeneuve, até um dos momentos mais vergonhosos dos anos 90 aconteceu. Panis vinha logo à frente de Alesi e Schumacher, mas os dois veteranos viam impotente o francês ir para cima do líder Villeneuve. Contudo, a Ferrari queria que Schumacher atacasse Alesi e, quem sabe, Panis na briga pelo segundo lugar. Numa manobra triste, a equipe mandou Eddie Irvine, retardatário, segurar Panis e, por conseguinte Alesi para que Schumacher se aproximasse dos dois. Até mesmo Alesi se irritou e gesticulou para o diretor de prova para tomar uma providência. O irlandês ficou várias voltas à frente de Panis numa cena triste e de pouca repercussão hoje em dia, mas que cinco anos depois não surpreenderia ninguém. Irvine foi penalizado com um stop-and-go de 10s e só assim desobstruiu a passagem dos líderes. Como castigo, Schumacher manteve seu quarto lugar e essa manobra praticamente garantiu a vitória de Jacques Villeneuve, o que acabaria lhe ajudando bastante no final do ano, na contagem final do campeonato. Foi o último pódio em que todos os pilotos falavam francês, mas a dúvida ficava se Panis poderia ou não alcançar Villeneuve e garantir a primeira e merecida vitória da Bridgestone. Ninguém saberá, mas a manobra da Ferrari com Irvine seria penalizada, como seria visto mais tarde, com a vitória de Villeneuve, soberano a corrida inteira.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Panis
3) Alesi
4) M.Schumacher
5) Herbert
6) Coulthard

Nenhum comentário: