quinta-feira, 3 de maio de 2012

História: 25 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1987


O Grande Prêmio do Brasil de 1987 foi marcado por imensas dificuldades com os pneus e Alain Prost se aproveitou de sua inteligência tática para vencer em Jacarepaguá conservando a borracha da Goodyear, mas ficou claro que a Williams-Honda ainda tinha o melhor carro e que dificilmente Prost conquistaria o tricampeonato consecutivo, feito só realizado até então por Juan Manuel Fangio na década de 50. Com a chegada na Europa, equipes com dificuldades poderiam tentar corrigir seus problemas e uma delas era justamente a Ligier, que finalmente poderia utilizar o motor Megatron, depois do encerramento tardio do contrato com a Alfa Romeo.

Na sexta-feira Nelson Piquet era o mais rápido do dia, seguido por Mansell e Senna, este mais de 1.3s atrás das duas Williams. Já no final do treino, o brasileiro da Williams contornava a Tamburello quando seu carro deu uma guinada estranha, fazendo com que Piquet batesse de lado no muro e destruísse a lateral esquerda da Williams. Piquet foi levado de helicóptero para Bolonha, onde ficou em observação por uma noite. Um pneu traseiro havia furado, mas em entrevista a Playboy feita quase um ano depois, Piquet negou o óbvio. Esse acidente seria decisivo na carreira de Nelson Piquet. Mesmo tendo voltado ao circuito no sábado querendo correr, apesar da concussão cerebral e um tornozelo torcido, Piquet reconheceu que nunca mais foi o mesmo piloto após a pancada na Tamburello e a rápida curva do circuito de Ímola iniciava sua fama como uma das mais traiçoeiras e perigosas da F1.

Com a saída de Piquet, proibido de correr por Sid Watkins e o médico-chefe da F1 sendo acusado no Brasil de ter feito isso para deixar o compatriota Mansell sozinho para vencer, o inglês da Williams se tornou favorito à vitória e a pole, mas Ayrton Senna fez uma volta sensacional já no final da sessão do sábado e conquistou sua 16º pole na F1 e a terceira consecutiva em Ímola. Mansell, que nessa altura tinha quatro décimos de segundo de vantagem sobre o brasileiro e fazia testes de consumo de combustível, algo crítico em Ímola na época, ficou desesperado para recuperar seu lugar, mas um problema mecânico no Williams fez Mansell se conformar com o segundo posto. Depois de uma sexta-feira problemática, Alain Prost pulou do nono para o terceiro lugar, enquanto Teo Fabi surpreendia ao colocar seu Benetton em quarto, à frente das duas Ferraris, os queridinhos dos tifosi.

Grid:
     1)      Senna(Lotus) – 1:25.826
     2)       Mansell(Williams) – 1:25.946
     3)      Prost(McLaren) – 1:26.135
     4)      Fabi(Benetton) – 1:27.270
     5)      Berger(Ferrari) – 1:27.280
     6)      Alboreto(Ferrari) – 1:28.074
     7)      Patrese(Brabham) – 1:28.421
     8)      Johansson(McLaren) – 1:28.708
     9)      Cheever(Arrows) – 1:28.848
   10)   Warwick(Arrows) – 1:28.887

 O dia 3 de maio de 1987 estava nublado em Ímola, mas a principal preocupação era o consumo de combustível. Nos anos anteriores, era comum ver carros parando nos últimos metros com pane seca e isso era a maior preocupação dos pilotos quando a luz verde apareceu e Senna largou bem e manteve a ponta, mas tendo Mansell colado. Quem largou mal no pelotão da frente foi Fabi, ultrapassado pelas Ferraris na largada e durante a primeira volta, ainda foi deixado para trás por Patrese e Johansson. 

Mansell completou a primeira volta colado na traseira de Senna e na saída da Tamburello, o inglês efetuou a ultrapassagem que lhe deu a liderança da corrida e imediatamente começou a construir uma boa vantagem sobre os demais. Não demorou três voltas e Prost emulou a manobra de Mansell para assumir a segunda posição, mas o francês parecia não ter condições de atacar a Williams de Mansell, enquanto Senna era acossado pelas duas Ferraris de Alboreto e Berger. A torcida italiana foi a loucura quando Senna perdeu rendimento na saída da Tosa e Alboreto lhe tomou a terceira posição. E ficaria mais feliz ainda na 14º volta. Prost marcou a volta mais rápida da corrida e tentava manter o ritmo de Mansell, mas o piloto da McLaren teve que encostar seu carro logo após a Tamburello com problemas elétricos. Só que a Ferrari de Berger teria problemas semelhantes ao de Prost e o austríaco abandonaria duas voltas depois, diminuindo a alegria dos tifosi, que viam Senna ameaçar o segundo lugar de Alboreto.

Nigel Mansell fez sua parada na volta 21 e Alboreto assumiu a ponta da corrida, mas sobre muita pressão de Senna. Quando foi a vez do italiano fazer sua parada, a Ferrari não foi tão rápida quanto a Lotus e quando todos fizeram suas paradas, Senna estava em terceiro lugar, pois Patrese postergava ao máximo sua parada. Nesse instante, Mansell tinha 5s de vantagem sobre Patrese, com Senna 17s atrás, seguido de perto por Alboreto. O italiano da Brabham só fez sua parada na volta 36 e estava bem colocado, ficando em quarto, não muito longe da briga pelo segundo lugar protagonizada por Senna e Alboreto. A Itália inteira quis esganar Eddie Cheever quando o americano segurou Alboreto por duas curvas, fazendo o ferrarista perder precioso tempo para Senna. Porém, o consumo de combustível era um problema e Senna abrandou seu ritmo e seria ultrapassado não apenas por Alboreto, como também por Patrese, que vinha forçando o ritmo. Patrese ultrapassaria Alboreto na freada da Tosa e conseguiria o melhor momento da Brabham em muitos anos. Porém, ele se arrependeria disso mais tarde.

Com uma liderança de 20s, Mansell poupava seu carro e o combustível, enquanto Patrese, Alboreto e Senna travavam uma luta de perder o fôlego. Faltando dez voltas para o final, Senna ultrapassou Alboreto na saída da Tamburello e imediatamente atacou Patrese, conseguindo a posição do italiano na volta seguinte. Senna passou várias voltas apenas perseguindo a dupla de italianos, claramente poupando combustível, mas quando recebeu sinal verde dos engenheiros da Honda, ele facilmente assumiu a segunda posição. Patrese, ao contrário, via sua boa corrida ir pelo ralo quando percebeu que tinha consumido mais gasolina do que o esperado e tirou o pé completamente, mas o italiano acabaria ficando sem combustível na volta final. Depois de uma hora e trinta e um minutos, Nigel Mansell recebeu a bandeirada com folgados 27s de vantagem sobre Senna, enquanto poupando combustível, Alboreto teve que se conformar com o lugar mais baixo do pódio, mas ainda haveria uma Ferrari entre os três primeiros para fazer a alegria dos tifosi. Com um sexto lugar, Satoru Nakajima conquistava seu primeiro ponto na F1 e também de um piloto japonês, mas quem comemorava muito era Mansell, pois sua vitória o deixava líder do campeonato e com Nelson Piquet ainda se recuperando do seu sério acidente, o inglês era sério candidato ao título de 1987.


Chegada:
     1)      Mansell
     2)      Senna
     3)      Alboreto
     4)      Johansson
     5)      Brundle
     6)      Nakajima

Um comentário:

Anônimo disse...

Ficou evidente que o motor Honda não era o problema para Senna na Lotus no campeonato de 1987, e sim o carro é que foi mal projetado.