terça-feira, 15 de maio de 2012

História: 40 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1972


Após a dominante vitória de Emerson Fittipaldi em Jarama, a F1 iria para outro circuito apertado, mas muito charmoso: o seu mais famoso Grande Prêmio, em Mônaco. A Lotus vinha em ótima fase e Emerson, mesmo ainda não liderando o campeonato sozinho, pois estava empatado com Denny Hulme, se tornava aos poucos um desafiante real ao título mundial de 1972. O final de semana monegasco normalmente é simultâneo ao de Indianápolis e isso causou algumas baixas entre os pilotos, principalmente os americanos. Mario Andretti e Peter Revson desfalcariam Ferrari e McLaren, respectivamente, o mesmo acontecendo com Carlos Reutemann, este ainda se recuperando do seu acidente de F2 em Brands Hatch mais cedo.

A quinta-feira, primeiro dia de treinos, começou com um bonito dia de sol e os treinos foram polarizados entre a Lotus de Emerson Fittipaldi e a Ferrari de Jacky Ickx. Os dois brigaram o dia inteiro pelo melhor lugar no grid e no afã de conseguir o que seria sua primeira pole numa corrida válida pelo campeonato, Emerson acabaria rodando no final da sessão, fazendo-o voltar aos boxes pensando que havia perdido a pole provisória para o belga. Porém, Ickx não voltou mais a pista, pois pensava em retomar a briga com o piloto da Lotus no sábado. Contudo, Ickx errou totalmente na hora de prever o tempo e a chuva veio forte o dia inteiro no sábado, impedindo-o de brigar pela pole e Emerson Fittipaldi comemorava sua primeira pole na F1.

Grid:
1) E.Fittipaldi(Lotus) - 1:21.4
2) Ickx(Ferrari) - 1:21.6
3) Regazzoni(Ferrari) 1:21.9
4) Beltoise(BRM) - 1:22.5
5) Gethin(BRM) - 1:22.6
6) Amon(Matra) - 1:22.6
7) Hulme(McLaren) - 1:22.7
8) Stewart(Tyrrell) - 1:22.9
9) Pescarolo(March) - 1:22.9
10) Redman(McLaren) - 1:23.1

O dia 14 de maio de 1972 amanheceu escuro e a previsão era de tempestade a qualquer momento. Um mini-treino de dez minutos foi realizado antes da largada e quando faltavam quarenta minutos para a hora marcada da largada, às 15h, a chuva veio com tudo. Ao contrário da Espanha, estava na cara que os pneus a serem utilizados seriam os de chuva. Na segunda fila do grid, Jean-Pierre Beltoise se regozijava por estar largando na frente da Matra, sua antiga equipe que havia o substituído por Chris Amon em 1971, que largava duas posições atrás dele. A BRM estava surpreendentemente bem em Mônaco e Peter Gethin largava em quinto lugar, mas quem largaria melhor quando a bandeirada foi dada foi Beltoise. Fittipaldi dava sua tradicional má largada e foi ultrapassado por dentro por Beltoise e por fora por Ickx. Fittipaldi tirou o pé para não bater em Ickx na St Devote e acabou ultrapassado pela outra Ferrari de Regazzoni, caindo para quarto.

Durante a primeira volta Jacky Ickx, considerado por muitos como um dos melhores pilotos de todos os tempos debaixo de chuva, errou na freada da Rascasse e permitiu a Regazzoni e Fittipaldi ganharem sua posição. Isso deu um grande refresco a Beltoise, que estava sendo perseguido de forma incessante por Ickx e agora tinha mais de 2s de vantagem sobre Regazzoni, com Emerson colado. O problema era que as condições naquele dia de maio em Monte Carlo eram terríveis. A pista estava extremamente escorregadia e a visão era quase nula. Emerson guiava apenas seguindo a sombra da Ferrari de Regazzoni e a luz vermelha do carro vermelho do suíço, enquanto Beltoise aumentava a diferença lá na frente com uma pilotagem soberba. As condições de pista eram tão ruins em Mônaco, que uma cena pastelão desenrolou na quinta volta. Regazzoni errou na freada da chicane do porto e passou reto. Apenas acompanhando o suíço, Emerson passou reto também, numa das histórias mais conhecidas da história da F1.

Isso deu ainda mais tempo para Beltoise, pois se Rega e Fittipaldi não perderam tanto tempo voltando a pista em terceiro e quarto respectivamente, Ickx estava longe em segundo, mas o ferrarista representava um risco, pois todos conheciam as habilidades do belga em pista molhada. Porém, Beltoise estava iluminado naquele dia e aumentava sua vantagem sobre a Ferrari. Mais atrás, Emerson Fittipaldi continuava se metendo em encrencas. Na volta 17 o brasileiro ainda perseguia Regazzoni quando ambos foram ultrapassar o retardatário Mike Beutler na curva da Estação. Rega passou sem problemas, mas Fittipaldi freou forte, travou seus pneus e saiu rapidamente da pista, permitindo a Peter Gethin e Jackie Stewart ganharem sua posição. Para piorar as coisas, Reine Wisell quebrou o motor do seu BRM, espalhando óleo em boa parte da pista, fazendo com que a condução dos carros de 400 cavalos se tornasse ainda mais difícil. Gethin rodou no óleo de Wissel e acabaria saindo da corrida, permitindo a Stewart assumir o quarto lugar e partir para cima de Regazzoni. O escocês era outro especialista no molhado e todos ainda tinham em mente sua épica corrida em Nürburgring em 1968, quando venceu numa condição ainda pior do que essa.

Mesmo assim, os pilotos sofriam com a falta de visibilidade, a ponto de José Carlos Pace ir aos boxes uma vez para trocar a viseira do seu capacete, imunda com a combinação de óleo, água e borracha. Continuando sua boa recuperação, Stewart ultrapassou Regazzoni na 32º volta e partiu para cima de Ickx para brigar pelo segundo lugar. Porém, o escocês escapou com seu Tyrrell onze voltas mais tarde no óleo de Wisell e Rega recuperaria sua posição. Para perdê-la apenas dez voltas mais tarde ao perder o controle de sua Ferrari e bater no guard-rail. Nem mesmo o líder inconteste da corrida, Beltoise, escapava de incidentes e em certo momento, teve que bater no eterno retardatário Beutler para conseguir manter seu magnífico avanço rumo a uma vitória que ninguém esperava. As posições se mantiveram até que Stewart tem problemas com o motor Cosworth do seu Tyrrell e tirar o pé completamente. Tanto que quase provoca um sério acidente. Stewart estava tão lento, que estava a ponto de tomar uma volta de Ickx, nas voltas finais. O belga vinha muito mais rápido do que Stewart e acabou surpreendido pela parca velocidade do rival e teve que frear forte, mas Ronnie Peterson, também retardatário, não viu e acabou acertando com força a traseira de Ickx. Peterson abandonou na hora, mas Ickx conseguiu levar sua Ferrari rumo a bandeirada. Emerson Fittipaldi ultrapassou Stewart faltando três voltas para o fim e garantiu um lugar no pódio, mesmo com tantas atribulações e assumia a liderança isolada do campeonato. Porém, o brasileiro já estava uma volta atrás de Beltoise. O já veterano francês fez a corrida de sua vida em Mônaco e marcava seus primeiros pontos em 1972 justo com uma vitória histórica, onde mostrou um talento que nunca havia desabrochado antes. E nunca mais o faria. Beltoise não marcaria mais pontos em 1972 e sairia da F1 no final de 1974 sem nunca mais repetir a atuação naquele dia no chuvoso GP em Monte Carlo, mas aquela exibição entrou para a história e Beltoise entrou como um dos grandes, mesmo que por apenas uma corrida.

Chegada:
1) Beltoise
2) Ickx
3) E.Fittipaldi
4) Stewart
5) Redman
6) Amon

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