segunda-feira, 4 de junho de 2007

História: 40 anos da estréia do motor Ford Cosworth - O começo de uma era

Com o novo regulamento de motores 3 litros imposto em 1966, as equipes inglesas tinham que enfrentar os potentes motores Ferrari e Repco já adaptados a nova regulamentação. A Lotus teve que se virar com um motor Climax 1.5l aumentado para 2.2l e depois com um motor BRM H16 imensamente problemático, mas Colin Chapman tinha um ás no bolso. Suas ligações com a Ford fez com que os americanos investissem no projeto de um motor da pequena preparadora de motores Cosworth, cujos donos eram Frank Costin e o projestista Keith Duckworth. Por outro lado, Colin Chapman começou a construir o Lotus 49, um carro totalmente integrado ao motor. Projetado por Maurice Phillippe, modelo 49 era o carro ideal para o motor Ford V8. Acompanhado de um câmbio de cinco marchas, o carro era bem menor e mais leve do que a concorrência. Em Maio de 1967, o novíssimo Lotus 49 equipado com o motor Ford-Cosworth V8 DFV foi à pista pela primeira vez nas mãos de Graham Hill. De uma hora para outra, os outros carros de F1 ficaram obsoletos.

Quando o circo da Fórmula 1 chegou à Zandvoort, para a disputa da terceira etapa do campeonato, a categoria estava de luto. Menos de três semanas antes, o popular piloto da Ferrari Lorenzo Bandini faleceu num acidente durante o Grande Prêmio de Mônaco, na primeira vitória da F1 de Danny Hulme. A Ferrari decidiu colocar o piloto e engenheiro inglês Mike Parkes no lugar de Bandini. Parkes tinha feito boas corridas pela Ferrari em 1966 e havia acabado de ganhar uma corrida extra-campeonato em Siracusa, ao lado de Ludovico Scarfiotti. Como normalmente acontecia, muitos pilotos de F1 disputaram as 500 Milhas de Indianápolis. Por causa da chuva, a corrida só foi realizada na quarta-feira e isso causou um grande incômodo aos pilotos. Jackie Stewart, Dan Gurney, Jochen Rindt, Graham Hill e Jim Clark abandonaram com problemas mecânicos, enquanto Denny Hulme foi o único piloto de F1 a terminar, em quarto. Depois dessa aventura, os pilotos saíram correndo para o aeroporto para atravessar o Atlântico e começar os treinos livres do Grande Prêmio da Holanda na sexta.

A Lotus não foi a única equipe a mostrar seu carro novo. A Brabham apresentou o novo BT24, enquanto a BRM, a Eagle e a Ferrari de Scarfiotti teria novas peças em seus carros. A Lotus pode ter tido uma grande decepção em Indianápolis, mas o novo motor DFV era incrivelmente rápido e Graham Hill ficou na pole com mais de meio segundo de vantagem em cima da Eagle de Dan Gurney. O novo Brabham BT24 também estreava bem e colocou seu dono em terceiro, mas 1s mais lento do que o Lotus 49. Nessa época Jim Clark morava em Paris por causa de problemas com o fisco inglês e por isso ele só conheceu o Lotus 49 em Zandvoort e teve muitos problemas mecânicos durante os treinos, ficando apenas em oitavo no grid.

Grid:
1) Hill(Lotus) - 1:24.60
2) Gurney(Eagle) - 1:25.10
3) Brabham(Brabham) - 1:25.60
4) Rindt(Cooper) - 1:26.50
5) Rodriguez(Cooper) - 1:26.58
6) Surtees(Honda) - 1:26.65
7) Hulme(Brabham) - 1:26.65
8) Clark(Lotus) - 1:26.80
9) Amon(Ferrari) - 1:26.90
10) Parkes(Ferrari) - 1:27.00

Na largada, Hill saí muito bem e chega na primeira curva na liderança, seguido por Brabham e Gurney. No meio do grid, alguns comissários ficam parados e isso acaba atrapalhando Hulme, que caiu para décimo. Ao final da primeira volta Hill já tinha 2s de vantagem em cima de Brabham, enquanto Rindt subiu para terceiro e era perseguido por Gurney, Amon e Clark. Gurney começou a pressionar Rindt na briga pela terceira posição, mas o americano teve que ir aos boxes na volta 7 com problemas de motor e acabou saindo da disputa. Clark, que havia ultrapassado a Ferrari de Amon na volta 4, estava sobre forte ataque de Hulme, que rapidamente se recuperou da sua péssima largada.

Hill estava com uma boa vantagem em cima de Brabham, mas os poucos testes do Lotus 49 cobraram seu preço e na décima primeira volta a Lotus de Hill perdeu velocidade rapidamente com o câmbio quebrado. Brabham agora era primeiro, seguido por Rindt e Clark. Mesmo sem muita confiança no carro, Clark ultrapassou Rindt na volta 15 e assumiu a liderança na volta 16. Brabham estava tendo problemas com seu novo carro e estava sendo muito pressionado por Rindt, mas foi o Cooper-Maserati do austríaco que começou a ter problemas e Hulme acabou ultrapassando Rindt e o austríaco abandonaria logo depois.

Após um começo de corrida muito forte, Hulme perdeu rendimento e começou a ser atacado pela Ferrari de Chris Amon, mas gradualmente o neo-zelandês começou a se distaciar do seu compatriota e Hulme começou a se consolidar na terceira posição. A partir de então, a Lotus passou a rezar para que a Lotus de Clark não quebrasse e como isso não aconteceu, Colin Chapman pôde entrar na pista e jogar seu boné para o alto enquanto Clark conseguia uma vitória incontestável em cima do então campeão Jack Brabham. A concorrência foi esmagada pela superioridade do triunvirato Clark-Lotus-Ford. E isso era apenas a primeira corrida!

Nunca na sua história, a F1 viu tamanha revolução em apenas um carro. Esse triunfo redefiniu os parâmetros da F1 e através do DFV, várias equipes puderam construir seus próprios carros em torno de um motor que não era apenas o melhor, mas estava disponível a qualquer um. O DFV abriu caminho para equipes como McLaren e Williams conquistassem suas primeiras vitórias. Garças a pouca confiabilidade, a Lotus não pode usufruir da sua nova obra-prima ainda em 1967 e o título acabou com Denny Hulme, mas a superioridade da Lotus-Ford era tanta, que Clark e Hill decidiam quem ia vencer no cara-e-coroa antes das corridas. Embora a exclusividade da Lotus em usar o motor DFV acabasse em 1968, a Cosworth venceria 155 GPs até o GP de Detroit de 1983, com Michele Alboreto, quando os velhos V8s foram finalmente subjugados pelos motores turbo.

Classificação:

1) Clark
2) Brabham
3) Hulme
4) Amon
5) Parkes
6) Scarfiotti

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