Recentemente Dario Franchitti reclamou que a Indy estava
desequilibrada, com muitos circuitos mistos e poucos ovais, ainda em
decorrência do trauma pela morte de Dan Wheldon. Hoje, o escocês e sua equipe
mostraram o porquê dessa reclamação. Dario Frachitti e a Chip Ganassi foram
formidáveis nas 500 Milhas de Indianápolis de hoje e o escocês vai cavando seu
nome na história do automobilismo americano e mundial ao vencer pela terceira
vez a principal corrida da Indy.
Franchitti teve que enfrentar um motor Honda inferior aos
Chevrolet durante todo o ano, uma mês inteiro discreta de sua equipe em maio e
até mesmo um toque nos boxes durante a primeira rodada de paradas que o mandou
para o final do pelotão. Porém, a Ganassi escondeu o jogo durante os treinos e
rapidamente Scott Dixon saiu de uma posição intermediária no grid para as
primeiras posições, ameaçando o domínio dos pilotos da Andretti,
particularmente de Marco Andretti. Quando Dixon assumiu a ponta e Franchitti
veio logo depois numa recuperação empolgante, a corrida foi amplamente dominada
pela Ganassi e seus dois pilotos fizeram um verdadeiro jogo de equipe, com
Dixon e Franchitti trocando de posição a cada volta, economizando combustível e
seus carros para a hora decisiva da prova, que é sempre nas 50 milhas finais.
E nesse momento os dois carros vermelhos continuaram
dominando, contando com a sorte de várias bandeiras amarelas terem aparecido
nas voltas finais e truncado a prova, ajudando não apenas Franchitti e Dixon,
mas os demais pilotos a economizar combustível suficiente para não terem que se
preocupar no final. Na penúltima relargada, Tony Kanaan deu um show de dribles
e tomou a ponta dos carros da Ganassi, mas Franchitti e Dixon retomaram a ponta
na última relargada, mas muito pior do que ter o experiente Kanaan ameaçando,
era ver o afoito Takuma Sato se aproximando. Sato foi outro que largou muito
atrás, mas assim como o duo da Ganassi, aproveitou bem o ótimo desempenho do
motor Honda em corrida e sempre andou entre os primeiros. Na penúltima volta,
Franchitti deu o bote em cima de Dixon, mas o neozelandês não contava com Sato
que o ultrapassou por dentro, acabando momentaneamente com a dobradinha da Ganassi.
Os pilotos japoneses são conhecidos pela agressividade extrema, que algumas
vezes o levam a cometer verdadeiros destroços na pista. E Sato, desde a F1, foi
assim e ainda é considerado o melhor japonês na categoria, mesmo com o
surgimento de Kobayashi. Porém, não dá para culpar Sato pela sua manobra
extrema na abertura da última volta, assim como Franchitti não deu o mínimo
espaço ao japonês, que perdeu o controle do seu carro na curva 1 e bateu,
acabando sua corrida e definindo a prova.
Franchitti agora se junta a Helio Castroneves com três vitórias
em Indianápolis e se recupera no campeonato, pois até o pódio em São Paulo, o
escocês estava fazendo um campeonato sofrível. A Ganassi volta a vencer em
Indianápolis e aos poucos encosta nas grandes equipes tradicionais da
categoria, mesmo que ainda muito longe da Penske, extremamente discreta hoje,
particularmente com Castroneves, talvez a maior esperança de vitória da equipe,
mas que decepcionou e penou para ficar entre os dez. Porém, com o perigoso
acidente de Will Power, onde teve Mike Conway também envolvido, o brasileiro
encostou no australiano no campeonato, contudo, a posição intermediária de
Helio na corrida onde ele se da melhor não deixa de ser uma derrota para o
paulista. Bem ao contrário de Rubens Barrichello, que em sua primeira experiência
em ovais, conseguiu ficar no top-10 com uma corrida madura e sólida, onde não cometeu
erros e jamais andou nas últimas posições, podendo curtir com o amigo, quase
irmão, Tony Kanaan o terceiro lugar do soteropolitano, seu melhor resultado no
ano. Bia Figueiredo entra cada vez mais na turma da Danica Patrick, onde só
anda por que é mulher e somente este fato chama a atenção de patrocinadores,
não seus resultados. Enquanto seus três companheiros de equipe da Andretti
andavam entre os primeiros colocados, Bia ficava abaixo do 20º lugar até rodar
e bater, de leve, sozinha. Muito fraca essa garota. Assim como é fraco Marco
Andretti, que liderou boa parte da prova, mas errou sozinho no final,
continuando a ‘Maldição Andretti’ em Indianápolis, sendo que isso continua pelo
fato de Marco ser desastrado demais.
Não poderia deixar de falar na transmissão da Band. O
pessoal gosta muito de criticar a Globo, que hoje aumentou seu espaço para a
F1, mas Luciano do Valle inventando Michael Jordan (Michel Jourdain Jr.) foi
muito engraçado. Fora o Jester (Justin) Wilson e o acidentado Mike Conaway
(Conway). Gostava muito do Luciano no auge da Indy, mas está na cara que o
veterano narrador cai totalmente de pára-quedas na transmissão e seus erros chegam
a ser constrangedores, assim como a torcida da Band pelos brasileiros. Quando
Marco bateu faltando doze voltas para o fim, a torcida de Luciano para que a
corrida acabasse com bandeira amarela somente por que Tony Kanaan liderava foi
ridícula. Teo José é a melhor opção para os comentários certeiros de Felipe
Giaffone. É nessa hora que sinto falta da Globo.
Foi uma boa 500 Milhas de Indianápolis, que hoje bateu o
recorde de calor (34°C), teve um final emocionante e Franchitti mostrou que
quando precisa ser agressivo, pode colocar alguém na grama e vencer na marra.
Nem que isso lhe garanta seu terceiro anel de vencedor das 500 Milhas de
Indianápolis.
Um comentário:
A transmissão pelo BandSports esteve impecável.
Pelo menos o Celso Miranda não troca o nome dos pilotos!
Abraço
Valdeir Malagues
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