Tenho uma teoria pela mágoa de Rubens Barrichello para com Michael Schumacher. Me lembro quando começou-se a falar da ida de Rubens à Ferrari no segundo semestre de 1999 e muitos imaginavam o que Rubinho, em ótima fase na Stewart, iria fazer com os italianos a partir do ano 2000. A imagem de Ayrton Senna chegando na McLaren em 1988 e colocando Alain Prost no bolso veio à mente na hora. Rubinho colocaria Schumacher no bolso? Tenho quase certeza absoluta que Rubens Barrichello tinha isso na cabeça. Iria para a Ferrari ser Campeão Mundial e dedicar seu título à Senna e todos os brasileiros sofridos e oprimidos pelo sistema injusto e imperialista.
Contudo, Rubens levou um baita capote de Schumacher nos seis anos em que conviveram na Ferrari e o sonho de título foi para o beleleu. Na cabeça de Rubens, a não-conquista do título da F1 deixou o Brasil mais triste e decepcionou milhões de pessoas, que clamavam por alegrias vindas do esporte. A Ferrari trouxe Schumacher para ser seu salvador da pátria e o alemão exigiu isso por contrato, mas o alemão também era mais rápido e mais completo que TODOS os demais pilotos naquele iniciozinho de milênio na F1. Incluindo Barrichello. Ver sua chance de ser campeão pela Ferrari, por sinal, algo inédito para um brasileiro, destruída por Schumacher transformou o alemão no maior vilão do mundo para Barrichello, que passou a acusá-lo de tudo o que se pode imaginar. Sujo, egoísta, mal-educado, sacana, egocêntrico...
O principal evento na cabeça de Rubens desta rixa irá completar dez anos neste sábado, na famosa troca de posição no Grande Prêmio da Áustria de 2002. Rubinho foi o mais rápido em todo final de semana. Me lembro até que a diferença que ele colocou no Schumacher no grid era uma das maiores que o então tetracampeão havia levado na carreira. Rubinho dominou toda a corrida, mas recebeu a famigerada ordem de equipe e o resultado todo mundo viu. Desde então, Barrichello acha que Schumacher, seu vilão (Esqueleto, Satan-Goss, Darth Vader, Carlinhos Cachoeira...), será sempre lembrado por isso, não pelos sete títulos mundiais, as 90 vitórias e outros recordes na F1.
Recentemente saiu uma entrevista de Barrichello na Playboy e o brasileiro fez questão de fazer ressurgir esse tema na mídia. Schumacher é um piloto sujo, que quis matá-lo naquela disputa na Hungria/2010, é injusto e que a Ferrari o protegia de tudo e de todos, como na Áustria/2002. Quando o Linha de Chegada era um bom programa de automobilismo (hoje não é mais), Rubens deu várias entrevistas para o Reginaldo Leme e vivia dizendo que Schumacher era seu amigo, que ele fazia arroz e caipirinha para o alemão e etc. À Playboy, diz que Schumacher não quis sua amizade, a Ferrari o ameaçou enquanto pedia para sair do caminho em Zeltweg dez anos atrás e por aí vai.
Não sou psicólogo, mas Rubens Barrichello, desde que viu seu sonho de título destruído pelo 'vilão' Schumacher, passou a ter o alemão como algo obsessivo, como uma pessoa odiada. Além disso fazer mal a alma, Schumacher está agora mais preocupado com os pneus que usa na F1 e provavelmente não está nem aí do que Barrichello está dizendo. Se fosse Rubens, me preocuparia muito mais com sua corrida em Indianápolis do que remexer no passado.
Um comentário:
rubens é um idiota. E tenho dito.
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