sábado, 28 de julho de 2007

História: 10 anos da última vitória de Gerhard Berger

O verão de 1997 foi muito complicado para Gerhard Berger. Além de sofrer com a inconstância do seu Benetton-Renault, o austríaco teve sérios problemas extra-pista. Primeiro foi uma operação mau-sucedida de sinusite que o fez pegar uma infecção hospitalar e ficar internado muito mais tempo do que o esperado. Quando Berger se preparava para voltar ao seu cockpit, uma notícia trágica abala o piloto da Benetton: seu pai havia sofrido um acidente de avião e estava morto. O pai de Berger o apoiou no começo da carreira e Gerhard estava claramente consternado e como Wurz tinha substituído muito bem o compatriota, muitos duvidaram que Berger pudesse voltar à F1. Para surpresa de todos, Berger fez um bom teste em Monza e estaria presente no Grande Prêmio da Alemanha.

O velho circuito de Hockenheim era o preferido de Berger e o austríaco perdeu a corrida do ano anterior faltando duas voltas, quando seu motor explodiu. O fim de semana alemão começou com o anúncio de Berger que não estaria na Benetton em 1998 e para o seu lugar foi contratado Fisichella. Mesmo com o anúncio, Berger negou a sua aposentadoria. "Eu só penso nisso, eu amo correr," explicou Berger. Durante os treinos livres Berger surpreendeu a todos na F1 ao ser o mais rápido, à frente do seu substituto dentro da Benetton, Fisichella com seu Jordan-Peugeot. Era a primeira vez em muito tempo que Berger se destacava em um Grande Prêmio, mas ele ainda não estava satisfeito e ficou com a pole! Fisichella ficou míseros 0.023s atrás do austríaco. Os pilotos que brigavam pelo campeonato não estavam nada bem com Michael Schumacher em quarto e Villeneuve em nono.

Grid:
1) Berger(Benetton) - 1:41.873
2) Fisichella(Jordan) - 1:41.896
3) Hakkinen(McLaren) - 1:42.034
4) M.Schumacher(Ferrari) - 1:42.181
5) Frentzen(Williams) - 1:42.421
6) Alesi(Benetton) - 1:42.493
7) R.Schumacher(Jordan) - 1:42.498
8) Coulthard(McLaren) - 1:42.687
9) Villeneuve(Williams) - 1:42.967
10) Irvine(Ferrari) - 1:43.209

O domingo em Heidelberg começou com sol, mas as nuvens trouxeram uma pequena chuva faltando 40 minutos para a largada. Contudo, para alívio dos pilotos a chuva foi passageira e a largada seria com pista seca. Berger estava totalmente comprometido em vencer a corrida na Alemanha e disparou na largada, deixando seus adversários para trás. Fisichella conseguiu se manter na segunda posição, sendo seguido por M.Schumacher e e Hakkinen. Mais atrás Irvine fez uma bela largada, mas acabou atingindo a Williams de Frentzen na primeira curva e os dois abandonaram no final da primeira volta. Juntamente com Tarso Marques (que deixou sua Minardi parada no grid) e David Coulthard (rodou na entrada do Estádio).

O ritmo de Berger no início da corrida era alucinante e em seis voltas tinha 5s de vantagem em cima de Fisichella, que tinha seus espelhos pintados de vermelho-Ferrari de Schumacher. Fisichella fazia sua melhor corrida na F1 até então e estava segurando M.Schumacher com maestria, enquanto Berger abria cada vez mais. Estava claro que o austríaco estava mais leve e pararia duas vezes e na volta 17 ele fez seu primeiro reabastecimento, voltando à pista em quarto lugar, logo atrás de Hakkinen. Numa condição normal, Berger teria sua estratégia atrapalhada pelo carro mais lento de Hakkinen, mas o austríaco estava totalmente fora do normal e ultrapassou o finlandês depois de apenas uma volta!

Berger continuou a forçar na tentativa de descontar o tempo desperdiçado por sua parada a mais do que seus rivais direto pela vitória. Fisichella não apenas estava na liderança, como também estava se distanciando de Schumacher! O que terá acontecico com Fisico ao longo desses anos? Fisichella e Schumacher fizeram suas paradas na volta 23, exatamente na metade da prova, e Berger estava novamente na liderança. Na volta 28, Berger levou uma baita susto quando o motor Ford de Jan Magnussen quebrou bem à sua frente. "Perdi uns 4 ou 5s. Pensei que tinha perdido a corrida," falou Berger depois da corrida.

E a preocupação era verdadeira. Sua segunda parada estava se aproximando e os 19s que tinha sobre Fisichella não eram suficientes. Gerhard precisava de 22s para completar sua parada e voltar na liderança. Na volta 34 a Benetton saiu da garagem para o segundo reabastecimento de Berger. Ele tinha pouco mais de 20s de vantagem em cima de Fisichella. Seria apertado! E realmente foi!

Berger voltou 1s atrás de Fisichella e apenas 5s à frente de Schumacher. As últimas dez voltas seriam eletrizantes, mas... Mesmo com pneus mais frios, Berger partiu para cima de Fisichella e ultrapassou o italiano quando Fisico cometeu um erro na primeira chicane e ainda antes da segunda chicane já estava em primeiro! Berger imediatamente aumentou a vantagem para Fisichella, que se distanciava de Schumacher e a corrida parecia que transcorreria com tranqüilidade, mas o detino às vezes é muito cruel...

O pneu traseiro esquerdo da Jordan de Fisichella explodiu faltando menos de seis voltas para o fim e mesmo se arrastando para os boxes - ele chegou a rodar na sessão do estádio - , estava claro que a corrida de Fisichella estava terminada. O italiano ainda voltou à pista, mas abandonou na volta seguinte na corrida mais competitiva de Giancarlo na F1 até então. Isso ajudou Schumacher, que garantia o segundo lugar em casa, apesar de ter que fazer um splash-and-go no finalzinho da corrida. Depois da corrida ele deu uma perigosa carona à Fisichella. Após três anos sem nenhuma vitória, Berger cruzou a linha de chegada com 17s de vantagem para Schumacher e todos no autódromo estavam emocionados com a volta de um piloto que era considerado acabado e de repente estava no alto do pódio.

Berger acabaria se aposentando no final daquele ano e assumiria o cargo de diretor-esportivo da BMW. Após alguns anos dentro da montadora alemã, Berger abandonou seu posto em 2003 e hoje é sócio da Toro Rosso. Porém, sua atuação no Grande Prêmio da Alemanha de 1997 entrou para a história como um exemplo de superação de um piloto que passava por grandes dificuldades na carreira e as superou com grande profissionalismo e talento. "Parece que tive poderes especiais hoje, mas eu acho que eu sei de onde isso veio e estou muito contente por isto. Foi um final de semana especial. Muito especial. Foi minha melhor vitória." Essas palavras de Berger depois da corrida sintetizam o que foi que aconteceu naquela tarde de domingo na Alemanha.

Chegada:
1) Berger
2) M.Schumacher
3) Hakkinen
4) Trulli
5) R.Schumacher
6) Alesi

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