segunda-feira, 2 de julho de 2007

História: 35 anos do Grande Prêmio da França de 1972

Até 1972 os capacetes dos pilotos eram uma mera forma de tentar proteger a cabeça dos pilotos, mas ainda assim o material dos cascos do capacete eram de plástico reforçado, enquanto os visores serviam apenas para os pilotos enxergarem a pista. Como o GP da Holanda de 1972 foi cancelado porque o trabalho de segurança feito na pista de Zandvoort não tinha sido terminado a tempo, o circo da F1 foi para o perigoso autódromo de Clermont-Ferrand. O autódromo francês era uma pista das antigas, uma estrada nos dias normais, com mais de oito quilômetros de extensão com várias subidas e descidas, curvas de todos os ângulos e muita velocidade, mas com poucas áreas de escape. Contudo, o maior problema de Clermont-Ferrand era seu asfalto muito ruim e para a corrida de 1972 a pista tinha sido recapeada para melhorar o padrão de segurança, mas os organizadores não tinham varrido os pedriscos que estavam a margem da pista, aumentando ainda mais o perigo para os pilotos.

Após ficar de fora do Grande Prêmio da Bélgica que tinha sido realizado um mês antes devido a uma úlcera no estômago, Jackie Stewart estava de volta à F1. A Tyrrell resolveu usar o GP do seu patrocinador principal, a Elf, para uma série de novidades, como o novo chassi 005 e a estréia da nova promessa francesa de então Patrick Depailler. Stewart resolveu não arriscar em correr com o carro novo e então François Cevert ficou a cargo de usar o chassi novo. E Stewart não podia arriscar mesmo. Ele estava apenas em quarto lugar no campeonato e seu problema de saúde o atrapalhou muito na briga com Emerson Fittipaldi na batalha pelo campeonato. Stewart precisava se recuperar o mais rápido possível se quisesse pensar no título. A Ferrari teve vários problemas com seus pilotos, com Mario Andretti ocupado nos E.U.A. e Clay Regazzoni com o braço quebrado num jogo de futebol. A Ferrari trouxe da Tecno Nanni Galli para ser o companheiro de Jacky Ickx, enquanto a pequena equipe italiana correu com Derek Bell.

Os treinos mostrou que o velho circuito de Clermont-Ferrand ainda matinha a sua magia, mas as pedras foram o pesadelo dos pilotos, com vários pneus furados. Além da Tyrrell, a Matra também estava estreando um chassi novo e correndo em casa a equipe colocou Chris Amon na pole position. Completando uma primeira fila toda neozelandeza, Dennis Hulme ficou em segundo no grid com uma McLaren. Stewart voltava em terceiro, mas a grande surpresa da Classificação foi o excelente desempenho da BRM de Helmut Marko. O austríaco era a grande esperança austríaca após Jochen Rindt e mesmo tendo que estudar direito na faculdade, Marko logo ganhou destaque e passou a ser piloto profissional e o seu maior feito foi vencer as 24 Horas de Le Mans junto com o holandês Gijs van Lennep à bordo de um Porsche 917. Marko estreou na F1 em 1971 num McLaren privado e foi contratado pela BRM para 1972. Na época a BRM alinhava em média cinco carros e isso significava uma grande perda de foco. Na França, Marko finalmente se sobressaiu e mostrou a todos o seu talento ao ser quinto colocado à frente de estrelas do quilate de Emerson Fittipaldi e François Cevert, que bateu seu novo Tyrrell durantes os treinos, mas iria correr. Galli estava desapontando na Ferrari, ficando só em 19º enquanto o herói local Jean-Pierre Beltoise teve que largar lá atrás no grid com o carro de Howden Ganley depois que o carro do francês quebrasse no domingo pela manhã.

Grid:
1) Amon(Matra) - 2:53.4
2) Hulme(McLaren) - 2:54.2
3) Stewart(Tyrrell) - 2:55.0
4) Ickx(Ferrari) - 2:55.1
5) Schenken(Surtees) - 2:57.2
6) Marko(BRM) - 2:57.3
7) Cevert(Tyrrell) - 2:58.1
8) Fittipaldi(Lotus) - 2:58.1
9) Peterson(March) - 2:58.2
10) Hailwood(Surtees) - 2:58.3

Amon largou bem e permaneceu em primeiro à frente de Hulme e Stewart com Ickx e Marko logo atrás. Nas primeiras voltas Fittipaldi foi para cima dos seus adversários e ficou à frente de Hailwood, Schenken e Marko para ficar em quinto na volta de número 5. Na nona volta o ponto mais triste da corrida aconteceu. Correndo em sexto lugar, Helmut Mark vinha colado na Lotus de Fittipaldi quando uma pedra foi jogada pelo carro do brasileiro e foi direto na viseira do austríaco. Marko teve muita habilidade em evitar que um grande acidente acontecesse pois ele estava a mais de 200 km/h. O austríaco ainda conseguiu estacionar seu BRM ao lado da pista e quando os comissários chegaram na BRM Marko estava desmaiado. Embora fosse levado rapidamente a unidade médica do circuito de Clermond-Ferrant, Marko teve seu olho esquerdo vazado pela pedra e mesmo com várias cirurgias realizadas pelos maiores oculistas do mundo, ele nunca mais pode pilotar novamente e sua promissora carreira terminou naquele momento.

Voltando a corrida, Peterson assumiu o sexto lugar depois de ter ultrapassado Hailwood. Stewart estava querendo muito sua recuperação no campeonato e na volta 17 ultrapassou a McLaren de Hulme, mas Amon já tinha enorme diferença em primeiro. Somente um desastre poderia acabar com a corrida de Amon, mas como estamos falando do "Rei do azar", o desastre não tardo a acontecer. As pedras não apenas tinha acabado com a carreira de Marko, como também estava atrapalhando a vida de vários pilotos. Na volta 19 Amon teve que ir aos boxes trocar um pneu furado pelas pedras voadoras e três voltas depois foi a vez de Hulme ter o mesmo destino. Enquanto Stewart dispava na frente, Ickx assumia a segunda posição seguido por Emerson e Peterson, mas Amon vinha fazendo uma corrida arrebatadora e era o mais rápido na pista.

Na volta 28 foi a vez de Ickx sofrer com a pedras de Clermont-Ferrand e teve que ir aos boxes trocar um pneu furado, mesmo destino teve que o terceiro piloto da Tyrrell Depailler. Até mesmo Stewart sofreu com as pedras, mas o escocês teve muita sorte, pois uma pedra foi lançada contra sua viseira, mas como pegou de raspão, seu capacete ficou apenas danificado e ele pode seguir em frente. Mais atrás Amon vinha feito um maníaco e ultrapassou Peterson para ser quarto e ultrapassou François Cevert na última volta para ser terceiro. No ritmo que vinha ele poderia tirar o segundo lugar de Emerson, mas lhe faltou tempo. Porém, Stewart pode comemorar sua volta com grande estilo e agora poderia respirar no campeonato, mas o escocês não se conformou com o acidente de Marko. Stewart entrou em contato com os fabricantes, a Dupont e a Bell, e a partir do acidente de Marko as viseiras de plástico foram substituídas por viseiras a prova de bala.

Após o seu acidente, Helmut Marko passou a ser um consultor muito conceituado, completou o doutorado em direito e passou a ser um olheiro para ajudar novos talentos, particularmente vindo da Áustria. Um dos primeiros piloto descobertos por Marko foi Gerhard Berger. Nos anos 90 Dr. Marko foi o líder da equipe RSM Marko que deu o título alemão de F3 para Jörg Müller e juntamente com o piloto alemão subiu para a F3000 onde se sagrou campeão europeu em 1996, também com Müller. Com o aumento dos custos, Marko se mudou para os Estados Unidos, mas em 1999 a RSM Marko voltou à F3000 em parceira com a Red Bull, mas eventualmente vendeu a equipe e se tornou consutor técnico do dono da Red Bull Dietrich Mateschitz, ajudando com os planos dele na F1 até hoje.

Chegada:
1) Stewart
2) Fittipaldi
3) Amon
4) Peterson
5) Cevert
6) Hailwood

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