quarta-feira, 25 de julho de 2007

História: 25 anos do Grande Prêmio da França de 1982

Muita gente pensa que as famosas ordens de equipe foram iventadas na Era Schumacher para prejudicar Rubens "apenas um brasileirinho contra esse mundo todo" Barrichello na Ferrari. Porém, a inversão de posição entre companheiros de equipe é tão antigo quanto a própria F1. Existem vários casos clássicos em que ordens de equipe são postas em prática ao longo dos anos, com variados graus de sucesso. Um caso aconteceu há exatos 25 anos durante o Grande Prêmio da França. E não teve muito sucesso... Desde que estreou os motores turbo em 1977, a Renault sempre produziu carros muito velozes, mas com uma confiabilidade para lá de duvidosa. Mesmo cinco anos após a introdução do turbo e com algumas equipe já utilizando essa tecnologia, a Renault ainda não dominava amplamente os motores turbocompressores e isso atrapalhou bastante os planos da equipe francesa para 1982. A dupla René Arnoux e Alain Prost normalmente dominavam a primeira fila das corridas, mas dificilmente as completava.

Quando a Renault chegou para o seu Grande Prêmio caseiro em Paul Ricard, Alain Prost estava na frente de René Arnoux no campeonato com dezoito pontos e duas vitórias antes os quatro pontos de Arnoux. O detalhes é que os pontos de Prost foram conquistados em duas vitórias no começo do ano e Arnoux teve que se contentar com um pódio na primeira etapa. Eles abandonaram todas as outras etapas! A corrida em solo francês era crucial para a Renault e para seus pilotos na briga pelo campeonato. Com os 18 pontos que tinha, Prost ainda sonhava com título, assim a Renault decidiu que quando houvesse uma ocasião, ordens de equipe seriam postas em prática para favorecer Prost. Arnoux concordou.

A corrida na França foi realizada menos de uma semana após o Grande Prêmio da Inglaterra e os mecânicos tiveram que desdobrar para empacotar todo o equipamentos e voar 1.600 km em direção a costa sul francesa. Ainda bem que naquela época não existia apagão áereo... A única mudança em relação à corrida em Brands Hatch era que Mansell seria substituído por Geoff Less, campeão europeu de F2, na Lotus, pois Mansell ainda não tinha se recuperado uma lesão no pulso sofrida no Grande Prêmio do Canadá. Se aproveitando do conhecimento da pista de Paul Ricard e da reta Mistral, a Renault colocou Arnoux e Prost na primeira fila, apesar das ameaças de Pironi e Patrese durante a Classificação. Tambay e Piquet completaram os seis primeiros, todos eles com motores turbo. Novamente era Renault em primeiro e segundo!

Grid:

1) Arnoux(Renault) - 1:34.406
2) Prost(Renault) - 1:34.688
3) Pironi(Ferrari) - 1:35.790
4) Patrese(Brabham) - 1:35.811
5) Tambay(Ferrari) - 1:35.905
6) Piquet(Brabham) - 1:36.359
7) De Cesaris(Alfa Romeo) - 1:37.573
8) Giacomelli(Alfa Romeo) - 1:37.705
9) Lauda(McLaren) - 1:37.778
10) Rosberg(Williams) - 1:37.780

Como resultado dos vários acidentes na largada - inclusive com a morte de Paletti no Canadá - um procedimento revisado de largada foi usado. A diferença básica era que no caso de qualquer problema com um carro, luzes amarelas seriam mostradas. Em Paul Ricard isso não foi preciso e todos os 26 carros deixaram o grid em ordem com Arnoux à frente de Prost e Pironi na primeira curva. Durante a primeira volta Patrese ultrapassou Pironi para ficar em terceiro, com Piquet logo atrás. Na segunda volta a dupla da Brabham ultrapassou Prost e na quarta volta estavam liderando o Grande Prêmio!

As intenções da Brabham eram claras: repetir a tática usada em Brands Hatch. Na Inglaterra, Piquet saiu com seu carro muito leve para uma parada programada nos pits. O que hoje é rotineiro, há 25 anos atrás era loucura. Patrese e Piquet tinham que abrir a maior diferença possível para descontar o tempo perdido nos boxes. Atrás das Brabham vinham as Renaults e as Ferraris num inédito quarteto francês liderado por Arnoux. Na sétima volta o plano da Brabham começou a dar errado quando o motor BMW de Patrese começou a soltar fumaça e quando o italiano parou, a Brabham anunciou que um pistão tinha perfurado o motor. Isto colocou Piquet na liderança com 7s de vantagem em cima de Arnoux.

Na volta 11 um enorme acidente por pouco não aumenta o número de vítimas da temporada 1982. Mauro Baldi e Jochen Mass vinham brigando pela décima oitava posição quando os dois se enroscaram no final da reta Mistral a mais de 300 km/h. O March de Mass alçou vôo e atingiu a grade de proteção de cabeça para baixo, trazendo consigo a Arrows de Baldi. Os carros foram em direção ao público que assistia a corrida e pegaram fogo. Milagrosamente tanto Mass como Baldi estavam ilesos, enquanto alguns expectadores estavam levemente machucados. Após ter sido envolvido decisivamente no acidente que matou Villeneuve três meses antes, Mass ficou muito assustado com mais esse acidente e decidiu abandonar a F1 e se dedicar ao Mundial de Esporte-protótipo.

À medida que a metade da corrida se aproximava, uma movimentação incomum no box da Brabham chamava a atenção de todos. Os mecânicos estavam se preparando para fazer a primeira parada programada de box moderna, mas assim como Patrese, o motor de Piquet quebrou na volta 23 e mais uma vez o plano da Brabham ficou para uma oportunidade seguinte. Com a quebra de Piquet, um fato incomum levou a torcida francesa a loucura. Arnoux assumiu a liderança à frente de Prost, Pironi e Tambay. Era uma quadra francesa nas quatro primeiras posições. E em casa! Atrás da esquadra francesa com motores turbo, vinha a esquadra do motor Cosworth, liderada por Rosberg em sua Williams e Alboreto em sua Tyrrell. Os dois brigaram na maior parte da corrida pelo quinto posto, mas Rosberg acabaria levando vantagem.

Estava tudo muito bom, mas nem tudo eram flores da equipe Renault. Com a corrida sobre controle e a Ferrari de Pironi cada vez mais longe, a Renault resolveu colocar em prática seu plano de antes da corrida. O líder Arnoux foi avisado para aliviar o ritmo para que o segundo colocado Prost assumisse a liderança da corrida e se aproximasse de Pironi no campeonato. Mas de forma surpreendente, Arnoux aumentava o ritmo...

Toda volta a Renault mostrava placas para Arnoux deixar Prost passar, mas Arnoux simplesmente ignorava as ordens de equipe e abria de Prost. Arnoux recebeu a bandeirada com mais 17s de vantagem em cima de Prost para alegria da torcida francesa (que gostava mais de Arnoux) e desespero da Renault. Como Arnoux e Prost nunca se deram muito bem, eles passaram a se odiar, pois as chances de Prost ficaram bastante diminuídas com a desobediância de Arnoux, pois o líder do campeonato Pironi chegou logo atrás de Prost e a diferença entre eles caiu apenas de 19 para 16 pontos. No final das contas, foi a confiabilidade dos carros que tirou o título da Renault no final do ano, mas Arnoux ficou sem clima dentro da equipe e em 1983 se transferiu para a Ferrari ao lado de Tambay.

Chegada:

1) Arnoux
2) Prost
3) Pironi
4) Tambay
5) Rosberg
6) Alboreto

2 comentários:

João Carlos Viana disse...

Espero que desta vez acerte em configurar o blog para que todos possam comentar...

Hadson - Governador Valadares (MG) disse...

Arnoux mostrou que não era capacho de Prost. Reuteman (1981) já havia feito isso em Jacarepaguá em relação a Jones e Pironi (1982) em San Marino em relação a Villeneuve.
Hoje os robozinhos fazem muito isso. Haja capachos: Irvine, Barrichello, Kovallainen (é assim que se escreve o nome desse idiota?) e o próprio Massa.
Estão faltando colhões!!!