sexta-feira, 10 de agosto de 2007

História: 10 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1997

Quando o então campeão Damon Hill foi para a Arrows no final de 1996, muitos ficaram surpresos com a decisão do inglês. Depois de quatro temporadas na poderosa Williams, Hill iria para uma equipe que tinha marcado apenas um ponto em 1996. Arrows tinha um novo dono, Tom Walkinshaw, e também teria a Yamaha como parceira de motores e os novíssimos pneus Bridgestone ao seu dispor. Com o passar do tempo Hill percebeu que teria mais trabalho do que imaginava e o carro da Arrows quebrava muito, fazendo com que o inglês ficasse desmotivado e a saída de Hill da Arrows era considerada certa no final de 1997.

Quando o circo chegou ao travado circuito de Hungaroring, o campeonato pegava fogo com a disputa entre Schumacher e Villeneuve. A Ferrari estrearia um novo chassi, chamado de "peso leve" na tentativa de colocar Schumacher numa posição melhor na briga quase ingrata contra a fortíssima Williams de Villeneuve. O clima seria um fator fundamental na briga entre Bridgestone e Goodyear e as duas marcas iriam brigar pela supremacia no calor húngaro. Na sexta-feira estava muito quente e os pilotos com Bridgestone se sobressaíram com Trulli em terceiro e Hill em quinto.

No sábado a tarde a temperatura da pista atingiu 52 graus celsius, mas a pista foi esfriando e os pilotos com Goodyear puderam dominar o grid. Schumacher pode usufruir do seu novo pacote e marcou sua décima sétima pole, com Villeneuve ao seu lado. O alemão liderou a sessão do começo ao fim e conseguiu a pole em grande estilo. Para provar a boa fase ferrarista, Irvine foi quinto. Onde costumava ser décimo. Mas a maior surpresa ficou com a terceira colocação de Damon Hill. Se aproveitando dos pneus Bridgestone e do circuito que não exige muito dos motores, Hill colocou a Arrows numa posição nunca antes imaginada no começo do ano. "Nós pensamos que poderíamos ficar entre os dez, mas ficar entre os três é muito bom!", falou Hill.

Grid
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:14.672
2) Villeneuve(Williams) - 1:14.859
3) Hill(Arrows) - 1:15.044
4) Hakkinen(McLaren) - 1:15.140
5) Irvine(Ferrari) - 1:15.424
6) Frentzen(Williams) - 1:15.520
7) Berger(Benetton) - 1:15.699
8) Coulthard(McLaren) - 1:15.705
9) Alesi(Benetton) - 1:15.905
10) Herbert(Sauber) - 1:16.138

Durante o warm-up no domingo de manhã, Schumacher saiu da pista e danificou a suspensão da Ferrari "peso leve", fazendo com que o alemão trocasse para o chassi "peso pesado". Isso seria decisivo na corrida do alemão. Antes da corrida, a preocupação dos pilotos era com o ritmo de Hill durante a corrida, pois o inglês poderia ser um grande empecilho se alguém mais rápido ficasse atrás dele. Na largada Schumacher saí sem problemas, ao contrário de Villeneuve que é engolido pelo pelotão. Hill pula para segundo trazendo consigo Irvine, que também tinha largado bem.

Ao contrário das expectativas Hill mantém um bom ritmo e persegue de perto Schumacher, enquanto deixava Irvine para trás. O irlandês estava em claras dificuldades de segurar seu carro e estava atrapalhando os que vinham atrás. Hakkinen vinha em quarto e estava tentando passar a Ferrari de qualquer jeito e só conseguiu no final da reta na sexta volta. As Williams de Villeneuve e Frentzen vieram logo a seguir. Irvine foi aos boxes no final da sétima volta. A Tv mostrou o estado deplorável dos pneus traseiros da Ferrari. Hill estava menos de 1s atrás de Schumacher e tinha 7.5s de vantagem em cima de Hakkinen, mas logo Schumacher também sentiria os mesmos problemas de Irvine.

Schumacher fazia milagres enquanto Hill colocava pressão no alemão. Hakkinen e a dupla da Williams se aproximava rapidamente e estavam virando 2s mais rápidos que os ponteiros. Na oitava volta Schumacher já segurava um trenzinho de quatro carros atrás de si e Coulthard se aproximava de Frentzen. Apesar dos demais carros estarem bem mais rápidos do que Schumacher nas curvas, o motor Ferrari 046/02 era potente o bastante para dar uma pequena ventagem na reta, o único ponto possível de ultrapassem.

Porém, na saída da última curva da volta 9, a Arrows ficou perto da Ferrari e pegou o vácuo na pequena reta. Era um verdadeiro revival das brigas entre Schumacher e Hill que tinha sido características dos últimos anos. Hill colocou por dentro, Schumacher ainda quis fechar a porta, mas o alemão se lembrou que brigava pelo campeonato e deixou Hill passar. Uma Arrows liderava um Grande Prêmio! Hill logo se distanciou da Ferrari e em duas voltas já tinha 5.2s em cima de Schumacher. Hakkinen não queria perder tempo e passou a atacar a Ferrari, mas sua McLaren perdeu velocidade após a primeira curva da volta 12. Um problema hidráulico acabou com o sonho do finlandês.

O ritmo de Schumacher era tão ruim que Villeneuve encostou no alemão em menos de uma volta e ultrapassou o alemão no final da reta dos boxes. Na volta 14 Schumacher foi aos boxes com os pneus totalmente destruídos. A Ferrari informou depois que pneus mal calibrados acabaram com o bom equilíbrio dos seus carros. Com pista livre, Villeneuve e Frentzen começaram a marcar voltas mais rápidas e Villeneuve era 1s mais rápido do que Hill. Frentzen acompanhava seu companheiro de equipe de perto, enquanto Coulthard vinha em quarto com Herbert logo atrás.

Villeneuve fez sua parada na volta 24 e perdeu muito tempo com uma porca presa. Hill fez sua parada na volta seguinte sem problemas. Frentzen permanecia na pista e partia para uma estratégia aparentemente vitoriosa de uma parada. Tristemente para Frentzen, enquanto completava a volta 28 um pedaço do seu carro saiu voando na reta dos boxes e toda vida que fazia curva para a esquerda, grandes labaredas saíam do bocal de combustível do alemão. Frentzen teve que abandonar na volta seguinte, saindo do carro jogando o volante longe.

Isto deixou Hill em primeiro com inacreditáveis 12s em cima de Villeneuve, que agora é pressionado por Coulthard. O canadense não teve sorte com o seu jogo de pneus e agora estava segurando Coulthard, que tentava o ultrapassar de todo jeito. Schumacher continuava sofrendo com seus pneus e era pressionado por Fisichella pela sexta posição. O italiano tentou imitar a ultrapassagem de Hill e Villeneuve no final da reta dos boxes, mas o piloto da Jordan exagerou na freada e acabou fora da pista. Schumacher respirava mais aliviado.

Na volta 50 Coulthard fez uma segunda parada muito rápida e parecia que ganharia a posição de Villeneuve, que pararia na volta seguinte. O canadense saiu dos boxes atrás de Coulthard, mas Villeneuve forçou a barra por dentro, deu uma chega-pra-lá no escocês e permaneceu em segundo. Hill fez sua segunda parada e agora tinha 26s de vantagem para sua antiga equipe. Somente uma quebra poderia destruir os sonhos de Hill. Na volta 54 a TV mostrou um carro da Arrows envolto em muita fumaça. A equipe parou de respirar por alguns segundos... mas era o segundo carro de Pedro Paulo Diniz. Todos respiraram aliviados.

Villeneuve fazia das tripas coração para manter Coulthard atrás, mas a McLaren pregou um peça no escocês e Coulthard ficou parado na pista com problemas elétricos. Com isso, Herbert levava sua Sauber ao terceiro lugar, bem à frente de Schumacher, que segurava seu irmão mais novo. Ralf não parecia muito interessado na briga e seria muito criticado por Eddie Jordan por isso. Com os três primeiros colocados muito distantes um do outro, a corrida parecia decidida e Hill venceria pela primeira vez fora da Williams, mas o mais importante era a primeira vitória da Arrows e da Bridgestone na história.

Faltando três voltas e com 35s de vantagem em cima de Villeneuve, Hill fala com sua equipe pelo rádio que o acelerador não estava funcionando direito. Depois as marchas começaram a não entrar. Era um problema hidráulico... Hill tentava desesperadamente se manter na pista, mas ele perdia 10s por volta. No início da última volta, Hill enxergou a Williams de Villeneuve nos seus retrovisores. Hill balançava o carro de um lado para o outro. Com esse zigue-zague perigoso, Villeneuve não teve alternativas a não ser colocar metade do seu carro na grama para deixar a Arrows para trás.

Villeneuve partiu para uma vitória que não era sua de direito, mas iria lhe ajudar muito no campeonato. Hill se arrastou pela última volta, mas ainda segurou o segundo lugar à frente de Herbert. Mais atrás, Irvine foi atingido por Shinji Nakano na última curva e perdeu o sexto lugar para o japonês. Nos boxes, Tom Walkinshaw chorava, os mecânicos não sabiam se faziam o mesmo ou sorriam de felicidade pela grande atuação do seu piloto. Hill era o mais festejado no pódio e antes dele e mesmo com a grande injustiça sofrida, Hill ainda comemorou o segundo lugar. "Eu estou impressionado por ter chegado até o fim. Estou feliz em ser segundo, mas há uma mistura de emoções." O desempenho dos pneus Bridgestone foi o fator decisivo para essa grande atuação, mas Hill mostrou que merecia sim, ser citado como campeão.

Chegada
1) Villeneuve
2) Hill
3) Herbert
4) M.Schumacher
5) R.Schumacher
6) Nakano

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