quarta-feira, 29 de agosto de 2007

História: 25 anos da primeira vitória de Keke Rosberg

Keke Rosberg vinha fazendo um boa temporada em sua estréia em equipes grandes, mas estava faltando algo. O finlandês fazia boas corridas, o carro da Williams FW08 era um digno sucessor do Williams do FW07 que tinha dado tantas alegrias à equipe, mas o motor Cosworth não era páreo aos motores turbo de Ferrari, Renault e BMW. Rosberg, contrariando um pouco seu estilo agressivo, fazia um campeonato bastante regular pautado em vários pódios e uma inesperada vice-liderança quando a F1 chegou a Dijon-Prenois para o Grande Prêmio da Suíça. Suíça? Desde o famoso acidente em Le Mans em 1955, quando 55 pessoas tiveram suas vidas ceifadas, o governo suíço proibiu corridas dentro do seu território.

A última corrida realizado em território helvético foi em Berna, no circuito de Bremgarten, no Grande Prêmio de F1 local. Em 1975 o Clube do Automóvel da Suíça se movimentou para ressucitar a velha corrida e entrou em contato com os proprietários do circuito francês de Dijon-Prenois, a menos de 200 km da fronteira entre os dois países. Nesse mesmo ano foi realizado uma corrida de F1 fora do campeonato em que o suíço Clay Regazzoni venceu, mas a partir de então a corrida ficou suspensa. Se aproveitando so sucesso dos pilotos franceses no início dos anos 80, a FIA aceitou fazer uma segunda corrida em território francês, mas com o nome de Grande Prêmio da Suíça.

Para desespero de Rosberg e da Williams, Dijon era um circuito com média de velocidade alta, superior aos 220 km/h, e teoricamente os motores turbo dominariam e dificilmente Rosberg conseguiria sua sonhada vitória. Correndo em casa, a Renault queria repetir o resultado da corrida em Paul Ricard, onde ficou com uma dobradinha, mas na forma errada, pois a equipe queria Prost na liderança, mas Arnoux acabou desrespeitando as ordens de equipe. Desta vez Prost superou Arnoux na briga pela pole position, quebrando o recorde da pista em Dijon. Durantes os treinos Arnoux sofreu um forte acidente quando um pneu estourou na curva Pouas. A surpresa foi a quarta posição de Niki Lauda com seu McLaren aspirado, enquanto Patrese ficava em terceiro e Piquet teve problemas durante a Classificação, ficando para trás.

Grid:
1) Prost(Renault) - 1:01.380
2) Arnoux(Renault) - 1:01.740
3) Patrese(Brabham) - 1:02.710
4) Lauda(McLaren) - 1:02.984
5) De Cesaris(Alfa Romeo) - 1:03.023
6) Piquet(Brabham) - 1:03.183
7) Daly(Williams) - 1:03.291
8) Rosberg(Williams) - 1:03.589
9) Giacomelli(Alfa Romeo) - 1:03.776
10) Tambay(Ferrari) - 1:03.896

Patrick Tambay continuava sendo o único piloto Ferrari desde o acidente de Pironi, mas o francês estava sofrendo com terríveis dores nas costas devido a um nervo comprimido no seu pescoço. O seu capacete foi amarrado ao cockpit na tentativa de melhorar o conforto do piloto francês, mas isso não foi suficiente e a Ferrari estaria de fora da corrida em Dijon. A largada teve a já conhecida boa largada das Renaults, mas com Arnoux superando Prost. Arnoux já estava acertado com a Ferrari para 1983 e a Renault não gostaria que o ocorrido em Paul Ricard voltasse a acontecer. Patrese se manteve em terceiro, enquanto Piquet e Rosberg faziam excelentes largadas e pulavam para quinto e sexto respectivamente e estavam colados no quarto colocado Niki Lauda.

Prost esperou apenas uma volta e talvez com trauma da corrida da França no meio do ano, partiu para cima de Arnoux. Para surpresa geral, Arnoux não quis muita briga e Prost ultrapassou seu companheiro de equipe no final da reta dos boxes ao término da primeira volta. Piquet fazia uma corrida de recuperação e em quatro voltas já tinha ultrapassado Lauda e Patrese, mas o brasileiro não conseguia se aproximar de Arnoux para briga pela segunda posição. Mais à frente, Prost aumentava sua vantagem na liderança a uma média de meio segundo por volta.

Rosberg seguia Piquet e também ultrapassara Lauda e até mesmo o Brabham turbo de Patrese. O finlandês estava em quarto lugar e via a aproximação de Piquet em cima de Arnoux, com a ultrapassagem do piloto da Brabham acontecendo na volta 11. Na vigésima volta, Prost mantinha uma vantagem forte em cima de Piquet, que não conseguia se aproximar do piloto da Renault. Arnoux se mantinha num tranqüilo terceiro lugar e não era ameaçado por Rosberg. Mais atrás, o virtual líder do campeonato John Watson fazia mais uma de suas já conhecidas corridas de recuperação. O irlandês não forçava muito na Classificação e várias vezes largou para lá de décimo quinto, mas nas corridas Watson vinha com tudo e ultrapassava quem via pela frente.

Após largar mal e cair para décimo terceiro, Watson já aparecia em sexto na volta 16, mas o irlandês teve problemas de pneus e teve que fazer uma parada não-programada na volta 21, caindo o último lugar. Quem parecia preparada para uma parada programada era novamente a Brabham, mas o plano não estava dando muito certo, pois Piquet não estava andando no ritmo do líder Prost, que teoricamente não pararia. Os seis primeiros foram praticamente os mesmo até a volta 40, exatamente a metade da corrida, quando Piquet foi aos boxes trocar pneus e colocar combustível. O brasileiro voltou em quinto, logo à frente do seu companheiro de equipe, que não iria fazer pit-stop e estavam segurando um grande pelotão de carros atrás dele, inclusive com Andrea de Cesaris, que irá aparecer muito em breve na corrida.

A corrida estava nas mãos de Prost e só um problema poderia tirar a vitória do piloto francês. Mas como diria Fangio, carreras son carreras. Nas voltas finais, com uma vantagem de 5s sobre Arnoux, Prost começa a ter problemas na sua minissaia (Prost não corria de minissaia, era um apêndice aerodinâmico que ajudava o efeito-solo funcionar) e o francês começava a perder rendimento. Mesmo perdendo Prost, a Renault ainda teria Arnoux para vencer a corrida em casa, mas quando René se aproximava de Prost, um problema no motor turbo começou a se manifestar e Arnoux foi ultrapassado por Rosberg faltando seis voltas para o fim. Arnoux foi aos boxes três voltas depois para abandonar com o motor quebrado. Rosberg se aproximava a olhos vistos de Prost, mas eis que Andrea de Cesaris começa a aprontar.

O italiano da Alfa Romeo teve problemas durante a corrida e foi aos boxes trocar pneus. Seu ritmo era bom, mas no final da corrida não passava de um retardatário. Porém, Andrea resolveu brigar com Rosberg, vice-líder da corrida e desesperado para conseguir sua primeira vitória. Foi preciso o finlandês dar um chega-pra-lá no italiano para se livrar dele e se concentrar unicamente em Prost. A corrida se aproximava do fim e todo o autódromo prendeu a respiração. A torcida francesa esperava que Prost repetisse o que De Angelis tinha feito em Zeltweg, quando segurou o ímpeto de Rosberg nas últimas voltas do Grande Prêmio da Áustria.

Nas três últimas voltas a diferença entre os dois primeiros colocados era nula e Rosberg tentava a ultrapassagem de todo jeito e Prost se segurava como podia, com o carro sem toda a eficiência aerodinâmica. Então, na penúltima volta, Prost erra na curva Bratelle, à esquerda, deixa a porta inteiramente a aberta para que Rosberg mergulhasse por dentro e deixasse o baixinho francês para trás. Rosberg ainda abriu uma diferença para vencer com 4s de vantagem. Era sua primeira vitória na F1! E isso não era tudo. Rosberg estava na liderança do campeonato Mundial! Como Pironi, três pontos atrás de Rosberg, não poderia mais pontuar, o piloto da Williams poderia ser campeão em Monza, na corrida seguinte. Mais uma frustração para Prost. Mais um golpe de sorte de Rosberg, que se tornaria campeão com apenas essa vitória. Mas que vitória!

Chegada
1) Rosberg
2) Prost
3) Lauda
4) Piquet
5) Patrese
6) De Angelis

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