Após a pizza da semana passada, a FIA resolveu colocar a questão da espionagem na sua corte de apelação depois do choro da Ferrari e da Confederação Italiana de Automobilismo. Em resposta a tudo isso Ron Dennis divulgou uma carta-bomba dizendo que ele e a sua McLaren eram inocentes e que, inclusive, a Ferrari teria vencido o Grande Prêmio da Austrália com um carro irregular.
A briga entre McLaren e Ferrari é antiga e como desta nova contenda, muitas vezes envolveu brasileiros. Como a primeira batalha. O ano era de 1974 e a McLaren trouxe da Lotus a peso de ouro Emerson Fittipaldi com a ajuda do seu novo patrocinador que a seguiria por muitos anos: a Marlboro. A Ferrari vinha de um jejum de dez anos sem título e se reestruturava com Luca di Montezemolo à frente. A dupla de pilotos vermelha era nova e entrou para a história. O velho conhecido Clay Regazzoni voltava à equipe depois de um ano na BRM e trazia consigo a promessa Niki Lauda. Logo se percebeu que a briga seria entre as duas equipes, mas Lotus e Tyrrell também estavam na jogada e o campeonato foi um dos mais empolgantes da história. No final do ano McLaren(Fittipaldi) e Ferrari(Regazzoni) estavam empatadas na última corrida. Segundo Emerson, os mecânicos da duas equipes não se olhavam. Regazzoni correu com um poblema na perna por causa de uma acidente e Emerson faturou o primeiro título da história da McLaren.
Em 1975 a briga continuou entre Ferrari e McLaren, mas o talento de Lauda fez com que a batalha pelo campeonato fosse menos emocionante do que no ano anterior. A dupla Lauda-Ferrari começou 1976 de forma imbatível e como Emerson foi tentar seu sonho de uma equipe brasileira, o caminho parecia mais fácil, porém um acidente em Nürburgring pôs tudo a perder e quem se aproveitou foi James Hunt, que conseguiu seu primeiro título e o segundo da McLaren. E sempre em cima da Ferrari. Mesmo com a continuidade de Hunt, a McLaren não teve anos fáceis a partir de 1977 e as vitórias foram rareando, enquanto a Ferrari continuava colhendo apenas glórias com os títulos de Lauda(77) e Scheckter(79).
O começo dos anos 80 viu o domínio da Williams e de Piquet, colocando as duas equipes de lado, mas equipes como McLaren e Ferrari não tardariam a dominar novamente a F1. Em 1981 Rond Dennis assume a McLaren e em 1982 briga pelo campeonato com John Watson. A Ferrari tentava dominar a tecnologia do turbo, mas o azar começava a imperar na scuderia. Primeiro enfrentou a morte de Villeneuve e depois o acidente de Pironi e mesmo com o melhor carro de 1982, não brigou seriamente pelo campeonato. Enquanto a Ferrari já tinha o turbo nos seus motores, a McLaren esperava o seu que era construído pela Porsche com dinheiro da TAG. E quando eles chegaram, a equipe de Ron Dennis voltou a ser campeã em 1984 com Lauda, derrorando as demais equipes com muita facilidade.
Então um novo round. A McLaren continuava com seu bom momento, mas a Ferrari cresceu muito para 1985 com um motivadíssimo Michele Alboreto ao volante. O campenato de 1985 foi disputado ponto a ponto entre Prost e Alboreto, até que a Ferrari cai muito de rendimento no quarto final do campeonato e Prost vence com alguma tranqüilidade. Na época, a Ferrari acusou uma fabricante (que não lembro o nome) de de ter boicotados algumas peças que iam para o turbo do motor Ferrari para ajuda a Porsche, cuja marca era parceira no Mundial de Esporte-Protótipos. Esse seria um dos poucos bons anos da Ferrari na década de 80. Uma década dominada pela McLaren.
No final de 1989 a Ferrari decide tirar da McLaren seu piloto mais vitorioso de então para voltar aos dias de glória. A chegada de Alain Prost foi um upgrade na equipe, mas não foram páreos para Senna e suas táticas, digamos, vingativas. Prost se perdeu nas políticas internas da Ferrari e acabou indo embora, deixando a equipe vermelha nas mais profundas das suas crises e num jejum sem tamanho. Enquanto a McLaren começava sua própria crise. Após a saída de Senna no final de 1993, a McLaren passou quatro anos sem vencer uma corrida.
Foi a época dos fantásticos carros da Williams contra o talento e a malandragem de Michael Schumacher. Ferrari e McLaren assistiam a briga pelo campeonato do lado de fora. Então a Ferrari trouxe Jean Todt da Peugeot como uma espécie de Montezemolo dos anos 90. O francês começou a impor algumas medidas na equipe e trouxe o melhor piloto de então: Schumacher. A equipe e o alemão iram crescendo aos poucos, mas não contavam uma coisa: a velha rival McLaren. Com a ajuda da Mercedes e a contratação de Adryan Newey, a McLaren passou de coadjuvante à protagonista em menos de quatro meses.
A Ferrari(para não dizer Schumacher) foi a principal rival da McLaren nos campeonatos derradeiros do século 20, mas no fim Hakkinen levou à McLaren ao fim de um tabu que já durava sete anos. A Ferrari apanhou muito nessa época, mas quando aprendeu exagerou! Com a aposentadoria de Hakkinen, a McLaren não foi capaz de segurar o pentacampeonato da Ferrari com Schumacher ao volante. Então surgiu Fernando Alonso em sua Renault e o espanhol conseguiu derrotar McLaren e Ferrari em anos diferentes para se tornar o mais novo bicampeão da história da F1.
No final de 2006 já estava na cara que uma nova batalha entre McLaren e Ferrari se desenrolaria em 2007. A Ferrari tinha o melhor carro no final de 2006, mas a aposentadoria de Schumacher trouxe dúvidas de como a equipe reagiria. A McLaren tirou Alonso a peso de ouro da Renault para conquistar um título que não é seu desde 1999. Uma briga épica? Mais do que isso. Esse ano a briga virou uma guerra aberta entre as duas equipes. Ao invés de apenas dois pilotos brigarem pelo título como sempre acontecia, agora os quatro pilotos das duas equipes tem reais chances de ser campeão. O mais interessante é que eles não se gostam muito. Massa e Alonso passaram a se odiar. Alonso se sente desconfortável com Hamilton dentro da McLaren. Raikkonen? Tá nem aí para os outros três e tem o pior sentimento que um ser humano pode ter com o semelhante: indiferença. Somente há uma certa amizade entre Massa e Hamilton.
E como isso não bastasse, há uma guerra ainda mais encarniçada fora das pistas, com acusações de parte a parte entre Ferrari e McLaren. O que isso vai dar? No campeonato mais espetacular, polêmico e imprevisível do que se tem notícia!
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