quinta-feira, 30 de agosto de 2007

História: 15 anos da primeira vitória de Michael Schumacher

Um ano antes, o Grande Prêmio da Bélgica era palco da estréia de Michael Schumacher na F1. O alemão substituía Bertrand Gachot na Jordan de um modo tão sensacional que na corrida seguinte ele já estava contratado pela Benetton. A equipe de Flavio Briatore era muito melhor do que a Jordan, mas o ano de 1992 foi totalmente dominado pela Williams-Renault de Nigel Mansell e nem Ayrton Senna foi capaz de segurar o carro de outro planeta de Frank Williams. Mansell venceu praticamente todas as corridas no ano e Schumacher podia no máximo incomodar ou até mesmo ficar à frente de uma McLaren ou até mesmo de Senna. Mansell já havia liqüidado o campeonato na corrida anterior na Hungria e o clima já estava mais ameno quando a F1 voltou a Spa-Francorchamps.

Durante o final de semana na Bélgica a Williams informou que Alain Prost correria com eles em 1993. E também anunciou o veto que Prost tinha feito sobre Senna, que estava tentando desesperadamente ir para a Williams. O brasileiro ficou muito descontente e criticou abertamente Prost pelo veto em várias entrevistas. Ainda nos bastidores, Andrea Sassetti, dono da Andrea Moda, foi preso pela polícia por acusação de usar a equipe para lavagem de dinheiro. Na sexta-feira a F1 levou um susto quando Erik Comas sofreu um fortíssimo acidente na Blanchimont e o francês da Ligier ficou inconsciente por 17 minutos.

No sábado, a chuva arruinou a segunda Classificação e por isso o grid ficou um pouco embaralhado. Como normalmente aconteceu em 1992, Mansell conseguiu a pole position com uma enorme vantagem sobre o segundo colocado. E aí começaram as surpresas. Normalmente essa posição pertence à Riccardo Patrese, mas Senna tirou mais coelho da cartola e colocou sua McLaren na primeira fila. Mostrando que Spa é mesmo especial para ele, Schumacher ficou em terceiro, à frente da segunda Williams de Patrese, enquanto Berger foi superado pela Ferrari revisada de Alesi. No sábado, mesmo na chuva, alguns pilotos foram à pista e dois acidentes semelhantes aconteceram na Eau Rouge. Gerhard Berger e Pierluigi Martini aquaplanaram na rápido curva e bateram com força, mas nada aconteceu com eles.

Grid:
1) Mansell(Williams) - 1:50.545
2) Senna(McLaren) - 1:52.743
3) Schumacher(Benetton) - 1:53.221
4) Patrese(Williams) - 1:53.557
5) Alesi(Ferrari) - 1:54.438
6) Berger(McLaren) - 1:54.642
7) Boutsen(Ligier) - 1:54.654
8) Hakkinen(Lotus) - 1:54.812
9) Brundle(Benetton) - 1:54.973
10) Herbert(Lotus) - 1:55.027

O dia em Spa amanheceu como tradicionalmente amanhece naquela parte do globo: com ameaça de chuva. Na hora da largada não estava chovendo e Senna saiu melhor do que Mansell e ficou na liderança na primeira curva. Berger tem problemas na embreagem e fica parado no grid e os pilotos atrás dele no grid tem que se virar para se livrarem da McLaren parada. Patrese larga melhor do que Schumacher e sobe para terceiro, deixando o alemão para trás. Mansell só deixou Senna liderar uma volta e meia, fazendo a ultrapassagem na curva Banchimont. Porém, a chuva começou a cair e na volta seguinte Mansell foi aos boxes colocar pneus de chuva e Patrese assumia a ponta.

Schumacher resolve ir aos boxes na quarta volta e surpreendentemente volta à pista na frente de Mansell, mas logo o inglês usa a força do seu Williams e deixa Schumacher para trás. Patrese faz sua parada na sexta volta, enquanto Senna resolve arriscar e ficar na pista, com a esperança de que a chuva parasse. Porém, a chuva continuou e Senna foi alcançado e ultrapassado pelas Williams. Quando o brasileiro resolve ir aos pits, ele já tinha perdido tempo demais e caiu para décimo segundo. A corrida fica bem monótona com as duas Williams na ponta (Mansell à frente de Patrese), seguido pelas Benettons (Schumacher à frente de Brundle) e as Lotus (Hakkinen à frente de Herbert).

A chuva não tinha sido tão forte e a pista começava a secar rapidamente. Na volta 30 Schumacher roda da Stavelot quando põe uma roda na grama molhada e é ultrapassado por Brundle. O alemão resolve dar o pulo do gato e faz sua parada mais cedo que os demais. A vantagem para Hakkinen é tanta que Schumacher volta ainda em quarto e andava mais rápido que os primeiros colocados. Demorou duas voltas para que Brundle seguisse a manobra do companheiro de equipe, enquanto a Williams batia cabeça e tanto Mansell como Patrese demoraram demais para entrar nos boxes. Como resultado dessa trapalhada, Schumacher assumia a liderança, seguido por Mansell, Patrese e Brundle.

Com pista seca Schumacher não era páreo para a poderosa Williams de Mansell e rapidamente o inglês se aproximou da Benetton, mas quando se praparava para ultrapassar Schumacher, Mansell teve um escapamento quebrado e começou a perder rendimento. Como se estivessem combinando, Patrese tem o mesmo problema e também fica para trás, sendo agora pressionado por Brundle. De repente Schumacher liderava a corrida e as poderosas Williams, com problemas, não estavam em condição de ataque.

Um ano após sua estréia na mesma Spa-Francorchamps, Schumacher consegue sua primeira vitória, cruzando a linha de chegada com mais de 37s de vantagem para Mansell. Schumacher ficou extasiado com a sua primeira vitória na F1 e se tornou o segundo piloto mais jovem a vencer uma corrida de F1. Os pilotos da Williams foram ao pódio com cara de poucos amigos, pois sabiam que eles tinham deixado a vitória escapar por erro deles mesmo, mas a equipe faturava o Mundial de Construtores com esse resultado. Senna, considerado o Rei da Chuva, fez uma baita corrida de recuperação e na ante-penúltima volta ultrapassou Hakkinen e foi quinto colocado.

O ninguém sabia era que essa vitória de Schumacher, mesmo na sorte, tinha sido a primeira de dezenas vitórias desse alemão de queixo comprido e de talento maior ainda. Schumacher vencia pela primeira vez a Williams, de quem se tornaria um ferrenho opositor nos anos seguintes. E de uma maneira que Frank Williams ainda teria que se acostumar bastante: Ross Brawn chamando Schumacher na hora certa e conseguindo uma vitória sobre um carro nitidamente superior. Mas com Schumacher ao voltante, nada era impossível. Mesmo derrotar Mansell e sua Williams de outro planeta com um medíocre Benetton.

Chegada:
1) Schumacher
2) Mansell
3) Patrese
4) Brundle
5) Senna
6) Hakkinen

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