Alheios ao que vem acontecendo nos bastidores, os pilotos de McLaren e Ferrari fizeram dos treinos livres de hoje como um jogo de futebol. No "primeiro tempo", a Ferrari dominou como quiz, enquanto a McLaren levou vantagem na "segunda etapa". Antes que alguém imagine que a Ferrari possa ter caído da primeira para a segunda sessão, ou se a McLaren conseguiu uma poção mágica entre os treinos livres, a resposta sensata sobre isso é que a ambas esconderam o seu melhor nesta sexta-feira para se armarem para uma das disputas mais tensas e controversas da história da F1.
De manhã, com a pista mais fria, a Ferrari deu as caras com Kimi Raikkonen superando Felipe Massa com alguma facilidade. Hamilton ficou muito próximo ao brasileiro, enquanto Alonso demorou uma hora para ir à pista, rodar duas vezes e marcar um longuínquo quarto tempo. De tarde, com a pista mais quente, Alonso foi à pista logo no começo da sessão e marcou o que seria o melhor tempo da sexta-feira até agora. Dos quatro pilotos que brigam pelo campeonato, Alonso foi o único a melhorar de tarde, enquanto Kimi Raikkonen teve problemas mecânicos durante a sessão, Massa tinha problemas de equilíbrio em seu carro - particularmente na Variante Della Roggia - e Hamilton fazia uma série de "Long Runs", mas sem melhorar seu tempo.
O vencedor da segunda divisão foi Nico Rosberg, mostrando que seu Williams com bico de McLaren é a equipe que mais evoluiu desde o final das férias de agosto da F1. O mais importante no desempenho do jovem alemão foi que os seus tempos em ambas as sessões foram equilibrados. Já Fisichella, seriamente ameaçado de ficar a pé em 2008, resolveu mostrar serviço em casa e ficou com a sexta posição do dia e a terceira na segunda sessão. A Renault vem evoluindo, mas Fisichella resolveu andar tarde demais, pois a dupla da equipe francesa em 2008 deve ser mesmo Kovalainen (décimo melhor tempo hoje) e Piquet Jr.
Kubica foi o mesmo piloto que conseguiu um incrível pódio ano passado e foi o mais rápido dos pilotos BMW, apesar da sétima posição geral. Não é segredo que a BMW não anda tudo que pode na sexta-feira e que no sábado a equipe bávara deverá voltar ao seu lugar no grid, que é a terceira fila do grid. Button foi a surpresa do dia ao colocar sua Honda na sexta posição da primeira sessão e no geral, porém o sonho de verão da equipe nipônica durou apenas algumas horas e na segunda sessão Button voltou ao lugar em que a sua equipe normalmente ocupa, ou seja, décima quinto para trás. Barrichello não acompanhou seu companheiro de equipe em nenhum momento e nunca foi capaz de ficar entre os dez primeiros.
A Toyota sofreu uma pequena queda com relação ao desempenho das últimas corridas e ficou em décima segundo e décimo terceiro com Trulli à frente de Ralf. A Red Bull é outra que não consegue repetir os bons resultados das primeiras etapas e Webber foi o melhor piloto da equipe em décimo quarto. Na briga pelas últimas posições, o novo carro da Spyker parece ter dado um upgrade à equipe holandesa e Sutil foi décimo nono e Yamamoto não ficou longe do penúltimo. Quem caiu foi a Toro Rosso, que viu Liuzzi apenas à frente de Yamamoto. Davidson foi o responsável pela única bandeira vermelha da sexta-feita ao deixar sua Super Aguri parada entre as curvas de Lesmo. Com problemas financeiros, a Super Aguri vem caindo a olhos vistos.
Porém, o melhor da briga parece ser mesmo no lado de fora da pista. O indício que a FIA achou nas últimas semanas foi um e-mail trocado entre Alonso e De la Rosa, piloto de testes da McLaren. Segundo se comenta, o conteúdo do correio virtual era sobre acertos conseguidos por Mike Coughlan (ex-engenheiro da McLaren) da Ferrari. Para piorar as coisas, esse e-mail foi trocado em março, ou seja, antes do famoso dossiê recebido por Coughlan em julho. Isso significa uma coisa: a cúpula da McLaren não apenas sabia, como usou os documentos roubados da Ferrari. Agora, uma pergunta que não quer calar: Quem dedurou essa troca de e-mail? Algo me diz que foi o próprio Alonso, doidinho para sair da McLaren. Se for verdade, o espanhol pode ter entre seus adjetivos de ótimo acertador de carro e bicampeão, a pecha de traidor.
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