quinta-feira, 6 de setembro de 2007

História: 20 anos do Grande Prêmio da Itália de 1987

Nelson Piquet caminhava a passos largos para conquistar seu terceiro título mundial de F1 quando a F1 chegou à Monza para disputar o tradicionalíssimo Grande Prêmio da Itália. Vindo de três excelentes resultados Piquet era o líder inconteste do campeonato, mas as maiores notícias eram extra-pista. Cansado das brigas internas dentro da Williams, Piquet já tinha anunciado sua ida para a Lotus em 1988 durante o final de semana húngaro e a maior expectativa era para onde iria Senna. Outra questão era a Honda. O melhor motor da F1 não estava nada contente com o que acontecia na Williams e sua saída era dada como certa. Na quinta-feira anterior à corrida em Monza o engenheiro chefe da Honda, Yoshitoshi Sakurai, anunciou que a montadora japonesa estava trocando a Williams pela McLaren e Ayrton Senna também iria para a equipe de Ron Dennis para ser companheiro de equipe de Alain Prost. Mesmo com esse todos esses anúncios, ninguém no paddock da F1 ficou surpreso, pois essas mudanças já eram esperadas. No mesmo final de semana, a Williams, sentindo-se traída pela Honda, pois ainda tinha um ano de contrato com os japoneses, anunciou que usaria o motor Judd aspirado para 1988.

Outra novidade era na área técnica, com Nelson Piquet introduzindo a suspensão ativa na Williams. O novo conceito de suspensão não era novidade na F1, com Senna utilizando o aparato em seu Lotus desde o início do ano, porém Piquet adotou essa idéia e foi o responsável pelos testes da nova suspensão por aproximadamente 4.500 km no seu Williams. Mansell, que já havia testado esse tipo de suspensão nos seus anos de Lotus, preferiu o modelo convencional. Com a saída da Honda da equipe Williams, muito se questionou como seria o tratamento dado pelos homens da Honda com relação a briga interna dentro da equipe. Piquet continuaria sendo piloto Honda em 1988, coisa que Mansell deixaria de ser no final do ano. Aumentando as suspeitas sobre isso, Piquet conseguiu a pole para a corrida italiana por uma margem ínfima sobre Mansell. O inglês disse que a Honda tinha lhe dado um motor menos potente, enquanto Piquet disse que a ajuda que teve foi da suspensão ativa, mesmo uma rodada durante a Classificação ter atrapalhado o brasileiro. Mostrando sua força em casa, a Ferrari colocou Gerhard Berger na terceira posição, à frente da Lotus-Honda de Senna. Em compensação, Alboreto ficou apenas em oitavo.

Grid:
1) Piquet(Williams) - 1:23.460
2) Mansell(Williams) - 1:23.559
3) Berger(Ferrari) - 1:23.933
4) Senna(Lotus) - 1:24.907
5) Prost(McLaren) - 1:24.946
6) Boutsen(Benetton) - 1:25.004
7) Fabi(Boutsen) - 1:25.020
8) Alboreto(Ferrari) - 1:25.247
9) Patrese(Brabham) - 1:25.525
10) De Cesaris(Brabham) - 1:26.802

O dia começa perfeito para uma corrida e na largada Mansell comete mais uma de suas famosas trapalhadas. O inglês parte melhor do que Piquet e tinha tudo para assumir a liderança, mas erra uma troca de marcha e permite ao rival e companheiro de equipe contornar a primeira curva em primeiro. Errar marcha? Sinal dos tempos... Mesmo com o erro permanece em segundo, seguido por Berger, Boutsen, Prost, Senna e Alboreto. Piquet começa a abrir uma boa diferença para Mansell, que em troca era pressionado fortemente por Berger, apoiado pela torcida italiana.

Na segunda volta Berger colocou por dentro de Mansell na Variante della Roggia, mas Mansell freia o mais dentro possível e fecha a porta do austríaco. Os dois perdem tempo e Berger chega a tocar na roda traseiro de Mansell, mas quem se aproveita disso tudo é Boutsen que ultrapassa os dois pilotos e pula para segundo. Berger completa a ultrapassagem sobre Mansell logo depois e o inglês caia para quarto. Prost era o quinto colocado, mas era pressionado por Senna, que estranhamente largara muito mal, e Alboreto. O francês tem problemas e vai aos boxes na nona volta e cai para último, adiando mais uma vez o sonho de quebrar o recorde de vitória de Jackie Stewart. Alboreto também tem problemas quando parte de sua carenagem voa em plena reta dos boxes dando um susto nos pilotos quem vinham atrás dele. O italiano também abandonaria no começo da corrida.

Mansell tem problemas de superaquecimento no motor e resolve esperar atrás de Boutsen e Berger antes de dar o bote nos pilotos com carros nitidamente mais lentos que o seu. Se aproximando do seu pit-stop Mansell atacou e ultrapassou Berger na volta 17 e Boutsen na volta 19. Piquet faz sua única parada na volta 23 mas o pit-stop demora mais do que o esperado por causa de uma roda presa e o brasileiro perde tempo, mas sua liderança era tão tranqüila que ele volta logo à frente de Mansell. O inglês, que tinha feitos sua parada duas voltas antes, tentou a ultrapassagem de todas as formas, mas Piquet se manteve à frente.

Ayrton Senna sempre soube que não tinha carro para enfrentar os poderosos Williams-Honda e por isso tentava táticas diferentes com variados graus de sucesso. Sempre que podia Senna partia para uma estratégia sem fazer pit-stops e o brasileiro escolheu Monza, na tentativa de repetir a mesma tática que dera certo em Mônaco e Detroit. Piquet começou a marcar voltas mais rápidas em cima de voltas mais rápidas na tentativa de chegar em Senna. A briga entre os dois brasileiros e rivais era esperada com grande entusiasmo para o fim da corrida, mas toda a expectativa veio por água abaixo na volta 43. Senna já via Piquet se aproximando nos seus retrovisores quando ia colocar uma volta na Ligier de Piercarlo Ghinzani na curva Parabolica. O brasileiro se empolgou demais e acabou indo para a caixa de brita da famosa curva. Enquanto lutava para volta à pista, Senna via Piquet assumir a liderança de forma definitiva. Mesmo com os pneus muito desgastados, Senna não abaixou a guarda e tentou ir para cima de Piquet, inclusive marcando a volta mais rápida da corrida. Porém, Piquet tinha a corrida sobre controle e venceu sua vigésima corrida da carreira com aproximadamente 2s de vantagem sobre Senna. O detalhe foi que o fiscal da pista não se apercebeu da aproximação dos líderes e se esqueceu de dar a bandeirada para os brasileiros...

Com essa vitória, mais o distante terceiro lugar de Mansell, praticamente embalava Piquet rumo ao título. Mesmo com menos vitórias do que o rival inglês, Piquet foi muito regular no meio do campeonato com vários pódios e deu uma arrancada no final a ponto de que nas quatro últimas corridas, conseguira três vitórias. A briga com Mansell iria até a penúltima corrida, mas uma batalha ainda maior fora anunciada para o ano seguinte durante o GP da Itália.

Chegada:
1) Piquet
2) Senna
3) Mansell
4) Berger
5) Boutsen
6) Johansson

2 comentários:

Anônimo disse...

Um podium com Piquet, Senna e Mansel era para aplaudir de joelhos.

Anônimo disse...

A vitória de Piquet com a suspensão ativa praticamente deixava-o piloto brasileiro mais perto da conquista do campeonato de 1987, ainda mais com uma diferença de 20 pontos sobre Mansell no Mundial.