quinta-feira, 20 de setembro de 2007

História: 20 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1987

Desde a vitória no Grande Prêmio da Bélgica de 1987, Alain Prost ganhou uma pressão extra em seus pequenos ombros. Afinal de contas, o francês da McLaren tinha igualado a marca de Jackie Stewart de piloto com o maior número de vitórias na F1 até então, com 27 trinfos, e todos na F1 perguntavam quando Prost superaria o recorde do escocês que já durava 14 anos. Para azar de Prost, a McLaren não vinha numa temporada tão boa como as anteriores e as equipes com motor Honda estavam dando as caras. Mais especificamente a equipe Williams com a conturbada briga entre Piquet e Mansell. Prost esteve muito próximo de conseguir a façanha em Hockenheim quando quebrou o motor faltando seis voltas para o fim e liderava tranqüilamente a corrida. Tranqüilidade essa que marcou praticamente todas suas vitórias, dando vazão à críticas ao estilo de pilotar de Prost, dizendo que o francês vencia apenas porque tinha o melhor carro.

Já sem chances de conquistar o tricampeonato, Prost foi ao Estoril sem muitas esperanças de conquistar sua vigésima oitava vitória na F1. Para piorar, a Ferrari vinha subindo muito de produção e já andava num ritmo parecido com as Williams em circuitos travados. E esse era o caso de Estoril e Prost teria mais adversários do que o normal na briga pela vitória. De forma surpreendente Gerhard Berger consegue sua primeira pole na carreira e também a primeira da Ferrari após dois anos de jejum. Mansell não se entendia com a suspensão ativa, mas mantinha sua grande velocidade e largaria ao lado de Berger na primeira fila. O inglês acusava descaradamente a Honda de prejudicá-lo e que a montadora japonesa estava dando os melhores motores para Piquet e Senna. Sem ninguém para torcer os portugueses logo se posicionam a favor dos brasileiros, mas Piquet e Senna foram superados por Prost, que conseguia colocar sua McLaren na terceira posição. A única novidade nas equipes grandes era uma pequena mudança no lay-out da Williams, com a bolinha do patrocínio da ICI ganhando a cor azul, dando mais destaque ao patrocínio.

Grid:
1) Berger(Ferrari) - 1:17.620
2) Mansell(Williams) - 1:17.951
3) Prost(McLaren) - 1:17.994
4) Piquet(Williams) - 1:18.164
5) Senna(Lotus) - 1:18.354
6) Alboreto(Ferrari) - 1:18.540
7) Patrese(Brabham) - 1:19.965
8) Johansson(McLaren) - 1:20.134
9) Boutsen(Benetton) - 1:20.305
10) Fabi(Benetton) - 1:20.483

Na largada Mansell traciona muito melhor do que Berger e assume a liderança. Prost também arranca bem da segunda fila e parte para cima do austríaco, que não tem nenhum pudor em colocar Prost para fora da pista à la Alonso. Piquet fica sem espaço e dá uma guinada violenta para a direita e fecha Senna. Mansell contorna a primeira curva com muita tranqüilidade com Berger ainda em segundo, mas atrás deles Alboreto tenta colocar por dentro de Piquet e os dois se tocam, com Piquet tendo quebrado o bico. Quando tudo parecia perdido para o brasileiro, eis que Derek Warwick roda sua Arrows no meio do pelotão para evitar o toque em Piquet e a confusão está armada.

Nakajima vinha tranqüilo na primeira curva e quando vê a Arrows de Warwick atravessada no meio da pista, o japonês tira o pé e vai para a direita. O problema era que Brundle estava lá e a batida foi inevitável. Com a pista totalmente bloqueada (era Warwick ainda atravessado na pista à esquerda e o carro de Brundle batido na direita), vários carros bateram e no final das contas estavam envolvidos Adrian Campos (Minardi), Christian Danner (Zakspeed), Rene Arnoux (Ligier), Philippe Alliot (Larrousse Lola) e Eddie Cheever (Arrows). A bandeira vermelha foi mostrada e a corrida interrompida.

Na relargada, apenas Danner estava do lado de fora da corrida. Mansell repete a espetacular largada da primeira tentativa e ultrapassa com relativa facilidade Berger. Desta vez Piquet larga bem e ultrapassa Prost como se o francês estivesse parado e tenta ultrapassar Berger por fora. O austríaco não se faz de rogado e repete a fechada em cima de Piquet, colocando o brasileiro na grama de uma forma deslavada! Piquet perde velocidade e quem se aproveita é Senna, que pula para terceiro. Mansell já tentava se distanciar de Berger, enquanto Senna era pressionado por Piquet e Alboreto, que largara muito bem, na primeira volta.

Tendo conquistado a sua primeira pole, Berger parecia obstinado a vencer sua primeira corrida pela Ferrari e no início da segunda volta o austríaco pegou o vácuo da Williams de Mansell ainda no meio da reta dos boxes, e mesmo o carro do inglês soltando uma enorme baforada de fumaça vindo do motor, Berger deixou o inglês para trás. Mais atrás Piquet já colocava de lado em cima de Senna, que fechava a porta do compatriota. Piquet demorou onze voltas para ultrapassar Senna, mas o piloto da Lotus tinha problemas de motor e perdeu várias voltas tentando consertar o problema. A essa altura Berger se distanciava de Mansell e como para demonstrar o bom momento da Ferrari, Alboreto começava a se aproximar de Piquet na luta pela terceira posição.

Mansell, que já tinha sofrido de tudo em 1987, ainda teria mais um dissabor. Na volta 13, o inglês diminuiu a velocidade e levantou seu braço esquerdo com o motor apagado graças a um problema elétrico. Era fim de prova para Mansell e Piquet poderia aumentar ainda mais sua vantagem no campeonato. Com seu principal rival pelo título do lado de fora, Piquet parecia mais relaxado do que o normal e levou uma ultrapassagem para lá de despretencioda de Alboreto na volta 27 quando ambos ultrapassavam retardatários. Isso parece ter acordado Piquet, que deu o troco duas voltas depois numa ultrapassagem audaciosa em cima do italiano no momento que ambos colocavam uma volta em Nakajima no final da reta dos boxes.

Na volta seguinte Piquet faz sua parada nos boxes, mais uma vez lenta, e perde várias posições. Alboreto assume a segunda posição por apenas duas voltas, quando encosta o seu carro com um problema de câmbio. Prost faz um ótimo pit-stop e com Piquet perdendo tempo nos boxes, o francês assumia a segunda posição, com Fabi em terceiro até que o italiano fez sua parada na volta 38 e Piquet pôde ficar num despreocupado terceiro lugar. As últimas voltas pareciam monótonas com Berger partindo para a primeira vitória ferrarista em dois anos. Porém, Prost tinha saído de estilo habitual e vinha andando muito forte e se aproximava muito de Berger. Berger parece acordar da pasmaceira e começa a andar num ritmo mais forte, mas seus pneus não estavam nas condições ideais. Prost e Berger estavam numa classe a parte e trocavam a melhor volta da corrida em todo instante, mas os freios da Ferrari já estavam falhando e isso provou ser cruel para Berger, quando o austríaco rodou faltando duas voltas para o fim da corrida, dando a vitória e o recorde para Prost.

Mais uma vez Prost via uma corrida cair no seu colo, mas desta vez o francês teve seus méritos, pois tirou tudo da sua McLaren para se aproximar e induzir ao erro Berger, que ainda se recuperou na corrida e chegou num melancólico segundo lugar. Piquet, pensando mais no campeonato, chega em terceiro, enquanto Teo Fabi tem que enfrentar um drama para conseguir o quarto lugar. Seu motor Ford turbo estava tendo problemas de consumo de combustível e o italiano ficou sem combustível na última volta, mas com muita força de vontade Fabi cruzou a linha de chegada e marcou seus últimos pontos na F1. No campeonato, Piquet disparava na liderança do campeonato, com 18 pontos de vantagem em cima de Senna e 24 à frente de Mansell. Fora da briga, Prost pôde finalmente celebrar sua vitória de número 28 e batia o recorde de vitórias na F1. Nas cinco temporadas seguintes, Prost quase dobra seu número de vitória e chegaria ao incrível número de 51 vitórias no final de sua última temporada em 1993. O número parecia inatingível. Menos para Michael Schumacher, que bateu o recorde de Prost em 2001 e terminou sua gloriosa carreira com a incrível marca de 90 vitórias.

Chegada:
1) Prost
2) Berger
3) Piquet
4) Fabi
5) Johansson
6) Cheever

2 comentários:

Speeder76 disse...

Respondendo à tua pergunta:

Não, não estava. Aliás, a minha primeira presença no circuito foi em 1990, altura em que o Mansell foi vencedor, depois daquela manobra à F.D.P sobre o Prost. ainda fui mais uma vez, em 93, já com a "loucura Lamy".

Curiosamente, do sítio de onde estava, dava para ver o carro do Senna... mas obrigado pela recordação. Talvez coloque amanhã, pois hoje trabalho no artigo do Riche Ginther. Faz hoje 18 anos que ele morreu.

Anônimo disse...

Algumas anotações de 20 de Setembro de 1987:

- 25 anos da 28ª vitória do francês Alain Prost na Fórmula 1 superando as 27 do escocês Jackie Stewart. Naquela época, Prost era o maior recordista em número de vitórias e

- Bem lembrado essa mudança no layout no patrocínio da "ICI" (com o fundo azul) na equipe Williams.