sábado, 8 de março de 2008

História: 10 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1998

A Williams vinha dominando a F1 na primeira metade da década de 90 e isso vinha incomodando a FIA. Aparte o "fator Schumacher", a equipe de Grove tinha conseguido quatro títulos de pilotos em seis anos e cinco trófeus de construtores. Mesmo com um campeonato tão bom como foi em 1997, a temporada de 1998 traria mudanças significativas para melhorar o "espetáculo" e trazer de volta a "competitividade" perdida na F1. Os carros seriam mais estreitos, perdendo vinte centímetros de bitola e os pneus ganhariam ranhuras, na tentiva de diminuir a velocidade nas curvas e porconseguinte aumentar o número de ultrapassagens.

Porém, o grande fator de mudança visto em 1998 não foi no regulamento. O mago da aerodinâmica Adryan Newey tinha se mudado da Williams para a McLaren após uma transferência conturbada, que deixou o projetista praticamente um ano parado. Outra baixa significativa na Williams seria a saída da Renault, após oito anos de muitas vitórias juntas. Com o contrato com a BMW ainda sendo discutido, Frank Williams teve que se contentar com os motores Mecachrome, que na verdade eram os antigos motores da Renault, mas que seriam desenvolvidos pela pequena preparadora francesa.

Durante a pré-temporada já tinha ficado claro que a McLaren seria a nova equipe a se bater, com Hakkinen e Coulthard dominando várias sessões de testes. A Ferrari ainda tentava se reerguer de mais uma tentativa frustrada de sair da fila de títulos e Schumacher tinha que se recuperar de mais um arranhão na sua carreira, após tentar colocar Jacques Villeneuve para fora da pista na última prova de 1997. A sexta-feira em Melbourne foi dominada pela chuva e somente no sábado, com tempo bom, os carros puderam testar para valer. Com o circuito urbano de Melbourne sem muita aderência e os carros imprevisíveis por causa dos novos regulamentos, as sessões de sábado foi um show de rodadas. E da McLaren! De forma impressionante, os carros prateados foram quase 1s mais rápidos que a concorrência mais próxima sem fazer muito esforço. Enquanto Schumacher teve que jogar sua Ferrari em cima das zebras australianas para conseguir um tempo 0.7s mais lento que as McLarens, Hakkinen e Coulthard passeavam pelo bosque de Albert Park e decidiram entre eles, calmamente, quem ficaria com a pole. Que ficou com o finlandês por menos de 0.04s. O campeão Jacques Villeneuve teve que suar sangue para conseguir uma vaga na segunda fila, ao lado do seu desafeto Schumacher. Um ano atrás, a cena de um Williams brigando desesperadamente por um lugar entre os cinco primeiros, seria um devaneio.

Grid:
1) Hakkinen(McLaren) - 1:30.010
2) Coulthard(McLaren) - 1:30.053
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:30.767
4) Villeneuve(Williams) - 1:30.919
5) Herbert(Sauber) - 1:31.384
6) Frentzen(Williams) - 1:31.397
7) Fisichella(Benetton) 1:31.733
8) Irvine(Ferrari) - 1:31.767
9) R.Schumacher(Jordan) - 1:32.392
10) Hill(Jordan) 1:32.399

O domingo dia 8 de março de 1998 amanheceu com muito sol em Melbourne, possibilitando uma corrida sem muitos incidentes e uma comemoração do Dia da Mulher sem muitos percalços. A McLaren teria seus dois carros na fila dianteira pela primeira vez desde o Grande Prêmio da Austrália de 1991, com Senna e Berger, e tudo o que a equipe de Ron Dennis não queria era a repetição dos acidentes acontecidos na primeira volta em Melbourne, como nas duas últimas edições da etapa australiana.

Saindo da segunda fila, Schumacher consegue uma boa largada e parte para cima das McLarens, mas Coulthard tem a malícia para segurar o alemão e continuar com a dobradinha prateada na frente. Contudo, se o alemão realizasse a ultrapassagem, isso não adiantaria muito. O ritmo da McLaren era devastador e na segunda volta Hakkinen já tinha absurdos 6.4s de vantagem para a Ferrari. Villeneuve, na então outrora Williams, estava longínquos 10s atrás do finlandês. Sendo que o canadense era o quarto colocado...

Rubens Barrichello começava a temporada da pior forma possível com o câmbio do seu Stewart quebrando logo na primeira volta e na volta seguinte, seria a vez de Pedro Paulo Diniz ter problema semelhante, após ter que pegar o carro reserva. Ricardo Rosset, superado por muito pelo novato Tora Takagi, abandonaria ainda antes da metade da corrida australiana. O ano de 1998 seria um dos piores na F1 para o Brasil.

Na quinta volta, o principal adversário da McLaren abandonava. O motor Ferrari de Schumacher não resistiu a tentativa do alemão em perseguir a McLaren e estourou bem na reta dos boxes. Schumacher ficou furioso e chegou a jogar o volante no chão, mas não havia muito que o alemão pudesse fazer. Com isso, Villeneuve subia para a terceira posição e uma cena inacreditável começou a ser focada pela TV. O piloto da Williams tendo que se defender dos ataques ferozes da Benetton de Fisichella e da Sauber de Herbert. Mais atrás, Frentzen também era pressionado por Irvine e Hill. A Williams não era mais a mesma. O vermelho não fez nada bem para a equipe!

Após a primeira rodada de paradas completadas, Hakkinen e Coulthard vinham completando voltas como um relógio, até que o finlandês apareceu misteriosamente nos boxes. Seria uma quebra? A equipe McLaren se atrapalhou e mandou um sinal de rádio errado para Mika, que entrou nos boxes sem precisão. Com isso, Coulthard passou a liderar com uma boa vantagem sobre o companheiro de equipe. Vantagem essa que aumentaria após uma segunda parada muito ruim de Hakkinen.

Hakkinen começa a impor um ritmo alucinante e marca várias voltas mais rápidas, até encostar em Coulthard. Faltando duas voltas para o fim da corrida, Coulthard tira o pé descaradamente na reta dos boxes e deixa Hakkinen reassumir a liderança da corrida. Soube-se depois que Hakkinen e Coulthard tinham feito um acordo de que o piloto que completasse a primeira curva na frente venceria a prova, mas na verdade, o que aconteceu foi que como Hakkinen teve seu incidente com nos boxes, a McLaren decidiu que o finlandês não merecia tamanha decepção e fez com que Coulthard repetisse a manobra de Jerez, na última corrida de 1997, e mandou que o escocês encostasse e deixasse Mika vencer.

Era a segunda vitória seguida de Hakkinen. E a segunda de forma polêmica. Porém isso não apagava o domínio exercido pela Mclaren. A equipe prateada colocou uma volta em todos os carros que receberam a bandeirada, até mesmo a Williams de Frentzen, que salvou a honra da equipe campeã com uma estratégia diferente de box e ficou com o degrau mais baixo do pódio, mas o alemão foi pressionado até o final da corrida pela Ferrari do quarto colocado Irvine. O campeão Villeneuve teve que se contentar com a quinta posição, muito pressionado pela Sauber de Herbert.

E os novos regulamentos ajudaram a tornar a corrida mais emocionante? Que nada! Foram no total míseras seis ultrapassagens em toda a prova, incluindo aí a ordem de equipe da McLaren. A única vez que o novo regulamento se fez presente foi no acidente entre Ralf Schumacher e Jan Magnussen, ainda na segunda volta. Quando os dois saíram da pista, a Tyrrell de Tora Takagi perdeu o controle e também abandonou. Se fosse com pneus slicks, talvez o japonês tivesse como controlar seu carro. A velocidade também não diminuiu, pois o tempo da pole de Hakkinen o colocaria na segunda posição do grid de 1997. O único fator de mudança foi a passagem de bastão da Williams para a McLaren. Com a assinatura de Adryan Newey.

Chegada:
1) Hakkinen
2) Coulthard
3) Frentzen
4) Irvine
5) Villeneuve
6) Herbert

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