segunda-feira, 3 de março de 2008

História: 35 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1973

Três semanas após o Grande Prêmio do Brasil, a F1 se perguntava sobre a boa fase do atual campeão Emerson Fittipaldi. Com duas vitórias em duas corridas, o pilotos da Lotus era o líder incontestável do Mundial de 1973 e suas performances nas corridas sul-americanas foram de imposição sobre os demais rivais. Jackie Stewart, então vice-líder do campeonato, parecia ser o único capaz de parar o brasileiro e em Kyalami, palco do Grande Prêmio da África do Sul, ele teria que começar sua reação na tentativa de conquistar seu terceiro título mundial. Stewart sempre andava bem no rápido circuito africano e essa seria sua chance.

Outro piloto que tentaria parar Emerson era Denny Hulme e a principal arma do neo-zelândes era o novo McLaren M23, que estrearia na África do Sul. Durante os primeiros testes do carro, Hulme ficou tremendamente impressionado com o carro e ele tinha esperança de conseguir um bom resultado. Com a chegada do novo carro para Hulme, a McLaren resolveu entregar o antigo modelo M19C excedente para o terceiro piloto da equipe, o novato Jody Scheckter. Piloto da casa, Scheckter, de apenas 23 anos, poderia presentear seus compatriotas com todo o talento mostrado em sua estréia no ano anterior, quando andou muito bem no Grande Prêmio dos Estados Unidos. Outra novidade entre as equipes ficava por conta da Shadow, que faria sua estréia com Jack Oliver e George Follmer ao volante. A equipe inglesa chegou a se inscrever para as etapas sul-americanas, mas o modelo DN1 só ficou pronto para a terceira etapa.

Comprovando seu otimismo, Denny Hulme marcou sua primeira e única pole na F1 em Kyalami com o novo McLaren, enquanto Emerson continuava sua boa forma ao ficar na segunda posição. Completando a primeira fila, a surpresa do dia! Mesmo com o modelo antigo da McLaren, Jody Scheckter usou o conhecimento que tinha da pista e seu talento para marcar a terceira volta mais rápida da Classificação, apenas 0.02s atrás do campeão Emerson Fittipaldi. Um grande começo de carreira para o piloto que mais tarde seria campeão pela Ferrari. A BRM mostrava sua boa forma ao colocar três carros entre os dez primeiros, enquanto Jackie Stewart sofria um acidente durante as Classificação e por isso ficou numa incaracterística décima sexta posição. Por sinal, não foi um dia nada feliz para a Tyrrell, com François Cevert tendo que largar em último. Wilsinho Fittipaldi largaria ao lado da Tyrrell de Stewart, enquanto Oliver surpreendia ao colocar a primeira Shadow na décima quarta posição.

Grid:
1) Hulme(McLaren) - 1:16.28
2) Fittipaldi(Lotus) - 1:16.41
3) Scheckter(McLaren) - 1:16.43
4) Peterson(Lotus) - 1:16.44
5) Regazzoni(BRM) - 1:16.47
6) Revson(McLaren) - 1:16.72
7) Beltoise(BRM) - 1:26.84
8) Reutemann(Brabham) - 1:16.94
9) Pace(Surtees) - 1:17.06
10) Lauda(BRM) - 1:17.14

O dia 3 de março de 1973 estava claro e com muito sol para a largada o sétimo Grande Prêmio da África do Sul de F1. Hulme larga muito bem e se aproveita da sua primeira pole-position para completar a primeira curva na liderança, enquanto Emerson permanecia com seu defeito de nunca largar bem para não estragar a embreagem e é superado por Scheckter. O piloto da Lotus caiu para terceiro e era perseguido pela McLaren de Peter Revson, que tinha ganho duas posições na largada. Stewart já começava sua recuperação vindo de trás e completou a primeira volta na décima posição.

Outro piloto que tinha feito uma largada brilhante era o piloto local Dave Charlton. O representante da Lucky Strike tinha superado seis carros na largada e colocou sua Lotus particular na sétima posição e para delírio do público sul-africano, ele pressionava fortemente a Brabham de Carlos Reutemann. Na terceira volta, após uma tentativa de ultrapassagem sobre Reutemann, Charlton acabou perdendo o controle de sua Lotus e foi atingido pelo Surtees de Mike Haiwood, que vinha na oitava posição e os dois carros ficaram atravessados no meio da pista. Clay Regazzoni tinha começado muito mal a corrida e perdera dez posições na primeira volta e estava apenas na décima quinta posição quando deu de cara com dois carros parados na sua frente e acertou em cheio o carro de Hailwood. O BRM de Regazzoni explodiu em chamas e o suíço ficou desacordado. Com muita coragem, Hailwood enfrentou as chamas, queimou as mãos, desatou o cinto de segurança de Regazzoni e arrastou o suíço para fora de perigo. Tamanha bravura valeu a Mike "The bike" Hailwood a George Medal, pela sua bravura pelo salvamento de Regazzoni, que foi levado ao hospital com pequenas queimaduras.

Esse acidente ainda provocaria grandes mudanças na corrida. Quando o líder Denny Hulme pelo local do acidente na volta seguinte, ele acabou atropelando destroços dos carros envolvidos e teve um pneu furado, acabando com o sonho de conquistar uma vitória na estréia do McLaren M23. Isso deixava Scheckter na liderança da prova, mas o maior perigo não estava no segundo colocado Fittipaldi. Jackie Stewart foi um dos que escaparam do acidente da terceira volta e aproveitou para ganhar mais duas posições. Com um Tyrrell muito bem acertado e com os pneus Goodyear funcionando muito bem, o escocês ultrapassou um a um seus rivais até atingir a liderança da prova na sétima volta!

Emerson Fittipaldi vinha fazendo uma prova discreta e acabou perdendo a terceira posição para a McLaren de Peter Revson, porém o americano não conseguia se aproximar do seu jovem companheiro de equipe, que pilotava como um veterano. Stewart começava a se afastar na liderança, enquanto a corrida ficou estática, bem grandes trocas de posição.

Rápido, inexperiente e fogoso, Jody Scheckter continuou forçando e o forte calor africando fez dos seus pneus uma de suas vítimas. Com um forte forte desgaste dos seus pneus Goodyear, Scheckter foi ultrapassado por Revson na volta 33 e por Emerson dez voltas depois. Quando Ronnie Peterson se aproximava para fazer o mesmo, ele teve que fazer uma parada no box da Lotus e perdeu várias posições. Carlos Pace conseguia colocar seu fraco Surtees na quinta posição, porém um acidentes acabou com os sonhos do brasileiro faltando dez voltas, mas o que doeu mais para a público local foi a quebra do motor de Scheckter nas voltas finais, acabando com uma grande demonstração de talento de um piloto promissor e que daria muito o que falar na década de 70.

Após assumir a liderança, Stewart abriu uma bela diferença para as McLarens e não foi mais visto por ninguém até chegar ao pódio e receber o segundo e terceiro colocado. Emerson marcou a volta mais rápida da corrida nas últimas voltas na tentativa de se aproximar de Revson, mas o piloto da Lotus não foi capaz de ultrapassar o americano e teve se contentar com a terceira posição, que ainda lhe dava uma liderança apertada no campeonato. Jackie começava sua reação no campeonato após vencer uma corrida marcada pelo surgimento de um novo talento e pela bravura de Mike Haiwood.

Chegada:
1) Stewart
2) Revson
3) Fittipaldi
4) Merzario
5) Hulme
6) Follmer

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