sexta-feira, 12 de outubro de 2007

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 1997

Assim como Lewis Hamilton no último Grande Prêmio da China, tudo que Jacques Villeneuve precisava para garantir o título mundial de F1 daquele ano era usar a cabeça. Com nove pontos de vantagem sobre seu maior rival daquela campeonato Michael Schumacher, Villeneuve só precisava chegar à frente do alemão para papar o caneco e àquela altura isso não parecia difícil, vide o péssimo momento vivido pela Ferrari naquele estágio do campeonato. Outro ponto à favor de Villeneuve era sua boa adaptação ao circuito de Suzuka, palco do Grande Prêmio do Japão, donde tinha corrido na época da F3 Japonesa. "Está é uma pista que eu amo." Foi o que disse Villeneuve após conquistar a pole no sábado, colocando mais alguns dedos na taça de campeão.

Quando tudo caminhava às mil maravilhas, uma bomba estourou no paddock de Suzuka: Jacques Villeneuve estava desclassificado do Grande Prêmio do Japão. No sábado pela manhã, Villeneuve tinha feito algo muito tolo e não diminuiu a velocidade quando lhe foi mostrada bandeiras amarelas depois que Jos Verstappen tinha parado o Tyrrell dele na saída da Curva Spoon. As regras são bastante claras nestes assuntos; quando uma bandeira amarela é mostrada: Reduza a velocidade. Não passe. Esteja preparado para mudar de direção ou seguir uma linha incomum. Jacques desenvolveu um hábito de ignorar bandeiras amarelas e a FIA já estava de olho nisso. Ele chegou a Suzuka com um efeito suspensivo de oito corridas por ignorar bandeiras amarelas repetidamente. Levando-se em conta que Jacques tinha vindo para F1 via Estados Unidos, onde um pano amarelo enrolado numa haste aparece a todo instante, o que Villeneuve tinha feito era algo totalmente inacreditável.

Ainda de manhã havia murmurinhos de que Villeneuve seria desclassificado e de noite a informação se confirmou. A pergunta era: a Williams apelaria? Apelar nunca foi uma coisa de bom grado para a FIA, mas a equipe de Frank Williams decidira tentar alguma coisa do que ficar simplesmente parado. Enquanto a apelação fosse julgada, Villeneuve poderia largar no domingo, mas sabendo que corria riscos de perder os pontos conquistados na corrida. Aí apareceu outro problema. Suzuka era conhecida por suas dramáticas decisões de título e também pelos acidente decisivos, principalmente protagonizadas por Senna e Prost até então. Se Michael Schumacher não pontuasse, Villeneuve chegaria a etapa final em Jerez, dali a duas semanas, com nove pontos de vantagem para o alemão e isso seria muito vantajoso para o canadense. Em contrapartida, a Williams acusava a Ferrari de estar usando um carro irregular no Japão, explicando a grande melhora do carro vermelho em comparação as últimas corridas. A corrida em Suzuka seria tensa!

Grid:
1) Villeneuve(Williams) - 1:36.071
2) M.Schumacher(Ferrari) - 1:36.133
3) Irvine(Ferrari) - 1:36.466
4) Hakkinen(McLaren) - 1:36.469
5) Berger(Benetton) - 1:36.561
6) Frentzen(Williams) - 1:36.628
7) Alesi(Benetton) - 1:36.682
8) Herbert(Sauber) - 1:36.906
9) Fisichella(Jordan) - 1:36.917
10) Panis(Prost) - 1:37.073

Se havia uma pista que Irvine adorava era Suzuka. Após seus anos na F3000 Japonesa, Irvine adquiriu uma bagagem incrível em Suzuka a ponto de dizer anos mais tarde que andaria no autódromo até de olhos fechados. A largada foi dramática, com muita gente esperando um acidente provocado por Villeneuve. A primeira vista bem que o canadense tentou, jogando seu carro para cima de Schumacher, mas o alemão usou a cabeça e preferiu tirar o pé, evitando o acidente. Villeneuve liderava à frente de Schumacher e Hakkinen, com Irvine perdendo uma posição em quarto.

Na terceira volta, Irvine fez a manobra da sua carreira ao ultrapassar Hakkinen e Schumacher de uma só vez. E por fora! Contudo, a bela manobra de Irvine já tinha sido combinada. "Nós tínhamos discutido isto antes da corrida," Michael confessou. "Ele disse que era uma possibilidade e ele fez isto e eu o deixei passar.” Ainda no final da volta, Irvine partiu para cima de Villeneuve e ultrapassou o canadense no esse final sem muita dificuldade. Enquanto Villeneuve ficava ao alcance de Schumacher, Irvine parecia estar voando. Na primeira volta de Irvine em primeiro, ele já tinha colocado 5.3s em cima de Villeneuve e a liderança dele cresceu e cresceu até ao redor de 12 segundos na décima sexta volta, quando ele fez sua parada, quando ficou claro que o irlandês iria para duas vezes.

Apesar de Irvine estar muito rápido, essa diferença coube mais ao ritmo super-lento de Villeneuve, numa clara intenção de fazer com que os demais pilotos encostassem e ultrapassassem Schumacher. A corrida era uma partida de xadrez! Vários carros entram no box mais cedo e Schumacher faz sua parada na volta 18, retornando à pista logo atrás de Herbert, porém a Sauber, que usava motores Ferrari, mandou o inglês deixar o alemão passar. Na volta 20 Villeneuve fez sua primeira parada e quando o canadense voltava à pista, o mundo prendeu a respiração. Vindo pela reta dos boxes, Schumacher ultrapassaria o canadense, mas o piloto da Williams jogou seu carro em cima da Ferrari, mas Schumacher foi mais rápido e deu uma guinada para à direita, completando a ultrapassagem.

Quando Schumacher assumiu a segunda posição, Irvine já sabia que seus momentos de glória tinham acabado. "Eu estava esperando pelo telefonema," Eddie informou. Na volta 23 Irvine reduziu a velocidade e permitiu que Schumacher o alcançasse. Assim que Michael passou por ele, Eddie ficou a frente de Villeneuve e começou a bloquea-lo. Agora era a vez de Schumacher desaparecer, quando Irvine fez um jogo de equipe novamente e reduziu a velocidade para diminuir o ritmo de Villeneuve. Cansado de ser bloqueado por Irvine, Villeneuve antecipou sua parada e como normalmente acontecia com os pits da Williams, algo deu errado e Villeneuve praticamente deu adeus às chances de conquistar um bom resultado no Japão. Tudo que o canadense poderia esperar era que algo acontecesse com Schumacher.

Após fazer sua segunda parada, Schumacher tinha uma bela vantagem sobre o segundo colocado Heinz-Harald Frentzen quando o imponderável aparaceu na frente de Schumacher. Mais especificamente, a Arrows do arqui-rival e ex-piloto da Williams Damon Hill. Com menos de seis voltas para o fim, Schumacher encontrou Hill na sua frente, que estava uma volta atrás e estava para levar outra volta no seu Arrows-Yamaha. Por qualquer razão, Hill não deixou Schumacher passar tão facilmente. Talvez Hill estivesse se lembrando das velhas batalhas com Schumacher. Talvez Hill, subconscientemente, estava se vingando pelas várias derrotas que Schumacher impôs a ele nos anos anteriores. Talvez Hill pensasse que ele estava rápido o bastante para ficar à frente de Schumacher.

Qualquer que seja a razão, quando Schumacher alcançou Hill, ele tinha uma diferença de mais de 5s em cima de Frentzen. Avisado pela equipe, Frentzen marcou algumas voltas mais rápidas, para desespero dos mecânicos da Ferrari, que se retorciam de desespero. Quando Schumacher passou Hill na reta dos Boxes, Frentzen já tinha a Ferrari em seu campo de visão e Hill deixou seu substituto passar quase que imediatamente... A diferença era de agora 1.1s.

Frentzen ameaçou, mas Schumacher acabou levando a vitória para casa, levando a decisão do título para Jerez. Irvine suportou uma forte pressão de Hakkinen no final da prova e completou a festa ferrarista ao terminar em terceiro. Durante a entrevista coletiva, Schumacher agradeceu Irvine pela força e profetizou: "A situação está aberta. Quem ficar à frente do outro vai ser o campeão. Isso é como deveria ser." Villeneuve realmente perdeu os pontos pelo quinto lugar conquistado em Suzuka e estava um ponto atrás do alemão. As duas semanas até a corrida em Jerez seria uma das mais tensas da história da F1.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Frentzen
3) Irvine
4) Hakkinen
5) Alesi
6) Herbert

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