O ano de 2007, a tão propalada Melhor Temporada dos últimos 20 anos, teve suas histórias e suas emoções, mas para mim, nada se compara com o campeonato de 1997, que coroou o canadense Jacques Villeneuve como campeão. Primeiro pelo sobrenome do vitorioso do ano. Tenho um verdadeiro fascínio por Gilles Villeneuve por todas as histórias que cercam o canadense que me são contadas desde que eu era um pequeno fã de corridas. Gilles morreu exatamente vinte dias depois de eu nascer e isso me marcou profundamente e por isso, desde os tempos da CART eu torcia por Jacques Villeneuve. Por outro lado, tinha Schumacher. Os torcedores do Senna podem querer me esganar enquanto lêem isso, mas sou muito fã do alemão de queixo grande e fiquei feliz por tudo que ele conquistou na carreira, inclusive quando ele superava os recordes de Senna.
Para quem torcer? Por Jacques Villeneuve, para que ele garantisse um título que deveria ter sido de seu pai quinze anos antes. Ou Michael Schumacher, pela valentia de ter saído de uma Benetton que circundava em torno do alemão e ter ido para uma cambaleante Ferrari e estar conseguindo levar a scuderia italiana a vôos maiores.
Ao contrário deste ano, quando a disputa ficou resumida entre Ferrari e McLaren, em 1997 Schumacher e Villeneuve tiveram que enfrentar várias equipes e diferentes pilotos, que tiveram que dividir as vitórias. Há dez anos atrás as quatro maiores equipe daquela época venceram pelo menos uma corrida e sete pilotos diferentes subiram ao alto do pódio. A maior novidade do ano foi a chegada da Bridgestone à F1, causando uma nova Guerra de Pneus e introduzindo vários resultados surpreendentes. Em sua estréia, a Stewart chegou em segundo lugar em Monte Carlos com Rubens Barrichello. Seria o mesmo que ver Anthony Davidson chegar em segundo em Mônaco. Damon Hill, com uma inexpressiva Arrows, liderou toda a corrida na Hungria, só a perdendo na última volta. Já pensou David Coulthard liderar toda uma corrida com seu Red Bull? E o novato Jarno Trulli liderando o Grande Prêmio da Áustria com um Prost? Tudo bem que o novato Vettel liderou, por pouquíssimas voltas, o Grande Prêmio do Japão, mas se o alemão fez isso com muita chuva, Trulli conseguiu a proeza de liderar mais da metade da corrida, com a Williams de Villeneuve colada nele no seco. Panis, com a pequena Prost, conseguiu pódios e foi muito rápido antes de quebrar a perna. A explosiva dupla da Jordan formada pelos hoje quase aposentados Fisichella e Ralf Schumacher deu o que falar na época. Com a ajuda da Ferrari, a Sauber fazia boas corridas e beliscava pódios, principalmente com Johnny Herbert. A McLaren vencia pela primeira vez desde a Era Senna e logo de cara consegue três vitórias no ano com Coulthard e Hakkinen. A Benetton conquistaria sua última vitória com Gerhard Berger, que se despederia da F1 no final do ano.
Enfim, foi um ano cheio de surpresas envolvendo nomes não muito comuns na ponta, mas a briga ficou mesmo entre Villeneuve e Schumacher. O canadense tinha o melhor carro, contudo a Williams errou em várias corridas, assim como Villeneuve ainda pecava pelo noviciado. Schumacher ainda sofria pela falta de desempenho de sua Ferrari e não raramente largava para lá da quarta fila. Foi uma briga forte e que não demorou em se transformar em guerra, culminando com a jogada suja de Schumacher na última corrida do ano.
O alemão vinha sendo muito pressionado durante o ano para poder dar logo um título para a Ferrari, com Schumacher tendo que tirar leite de pedra várias e várias vezes de sua Ferrari. A equipe italiana, por sua vez, era constantemente acusada de estar com o carro irregular para sair da fila de dezessete anos sem título e nem todo o investimento que era depositada em si, parecia o suficiente para sair da fila e poder derrotar os ingleses. Já na Williams, o fim da parceira com a Renault significaria o fim de uma era de ouro da equipe e todos esperavam por uma fase menos boa da equipe inglesa. Portanto, era vencer ou vencer em 1997! Podendo ter vencido no seu ano de estréia, Villeneuve corria pressionado por ter o melhor carro e por que sabia que essa poderia ser sua última oportunidade de ser campeão e honrar o nome do seu pai, apesar de Jacques não gostar nenhum pouco das comparações com seu pai. Por todos essas pressões, não foi surpresa terem acontecido tantos fatos desagradáveis nas últimas corridas daquele ano.
Mas voltando para quem eu torcia e do porquê eu achar 1997 tão especial, botando na balança, o lado que pendeu foi Villeneuve. Tinha para mim que o canadense não venceria mais o campeonato de F1 e Jacques vencer quinze anos após a morte do pai era muito significante. E mesmo com todas essas emoções, o décimo quinto ano de uma pessoa sempre é muito especial, mesmo o meu tendo sido com várias dificuldades e de ter ficado de recuperação pela primeira e única vez na vida. Mas valeu a pena e mesmo que haja uma temporada com tantas emoções, dificilmente haverá um ano como aquele. Pelo menos para mim!
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