sábado, 13 de outubro de 2007

História: 5 anos do Grande Prêmio do Japão de 2002

A F1 chegava ao final da temporada de 2002 assustada. Não com acidentes ou mortes. Mas, sim, com o domínio que a Ferrari exerceu ao longo das 17 etapas que compôs o campeonato de 2002. Se em 1988 a McLaren venceu 15 das 16 corridas com uma enorme disputa entre Ayrton Senna e Alain Prost, em 2002 a Ferrari venceu as mesmas 15 corridas e com a mesma superioridade de 14 anos antes, mas com 11 vitórias para o então pentacampeão Michael Schumacher. A facilidade era tanta que a Ferrari pediu (para não dizer que obrigou) a Rubens Barrichello ceder sua vitória no famoso Grande Prêmio da Áustria daquele ano, porém o brasileiro conseguiu ainda quatro vitórias e um tranqüilo vice campeonato. Bernie Ecclestone estava preocupadíssimo com a visibilidade e principalmente o futuro da F1, pois o campeonato fora decidido em julho (!) e os torcedores não tinham esquecido a manobra ferrarista na Áustria, sendo que uma nova marmelada ocorreu nos Estados Unidos, mas por culpa de Michael Schumacher, que freou na hora errada e entregou, sem querer querendo, a vitória para Rubens Barrichello.

O presidente da FIA Max Mosley também estava preocupado e durante o final de semana para o Grande Prêmio do Japão lançou uma série de medidas que mudariam a cara da F1 a partir de 2003. Algumas medidas eram bem plausíveis. Outras nem tanto. A mais exótica era que os pilotos andariam por carros diferentes ao longo do ano, acabando com o vínculo dos pilotos com suas respectivas equipes. "Seria interessante ver o que Michael Schumacher faria numa Minardi," era o que dizia Mosley sobre sua tese. Essa idéia foi totalmente rechaçada e ridicularizada. Porém, algumas idéias não foram.

Como era de se esperar, Michael conseguiu mais uma pole com uma confortável margem em cima de Rubens Barrichello. Quem vinha chamando a atenção era Takuma Sato. Correndo em casa, Sato se tornou um herói japonês de uma hora para outra e usando seu conhecimento da pista, estava andando muito bem em Suzuka.

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:31.317
2) Barrichello(Ferrari) - 1:31.749
3) Coulthard(McLaren) - 1:32.088
4) Raikkonen(McLaren) - 1:32.197
5) R.Schumacher(Williams) - 1:32.444
6) Montoya(Williams) - 1:32.507
7) Sato(Jordan) - 1:33.090
8) Fisichella(Jordan) - 1:33.276
9) Villeneuve(BAR) - 1:33.349
10) Button(Renault) - 1:33.429

Como toda última etapa do ano, muitas despedidas acontecem. Mika Salo havia anunciado sua aposentadoria poucos dias antes e seu substituto na Toyota era o então campeão da CART Cristiano da Matta. Para comemorar sua saída da F1, Salo apareceu no Japão com cabelos azuis. Toyota, por sinal, correria com apenas um carro em casa por causa do forte acidente de Allan McNish durante o warm-up, machucando o joelho do escocês e o impedindo de correr. Essa também seria a última corrida do piloto britânico. Outro britânico que se despederia da F1 era Eddie Irvine. Recém-saído da Jaguar, Irvine procurou emprego na Jordan e continuar sua carreira em 2003, mas a equipe de Eddie Jordan já estava passando por momentos financeiros graves e por isso pediu um alto patrocínio tanto para Irvine como para Felipe Massa, demitido da Sauber. Sem sucesso, Irvine saiu de cena e da F1. Outro piloto importante, mas pelas portas dos fundos, também abandonaria a F1. Foi o malaio Alex Yoong. Considerado por muitos como o pior piloto de F1 do século 21 até agora, Yoong encerrou sua curta carreira na F1, sempre pela Minardi, no GP do Japão.

Michael Schumacher disparou na largada, deixando Barrichello para trás com muita facilidade. Nas primeiras voltas Coulthard tentou pressionar Barrichello, mas o escocês da McLaren abandonou ainda no início da corrida com problemas no acelerador. Felipe Massa sofreu um acidente ainda na terceira volta em sua despedida da Sauber (pelo menos na sua primeira passagem) e seu futuro, naquele momento, era bastante sombrio. A corrida estava toda para a Ferrari, com Schumacher muito distante de Barrichello e o brasileiro léguas à frente de Raikkonen. E nem as paradas mudaram esse panorama.

No final da corrida Schumacher diminuiu o seu ritmo, permitindo a Barrichello encostar. Assim, a foto da última dobradinha da Ferrari no ano ficaria bonita, com os dois carros passando rente ao muro dos boxes, com os mecânicos da Ferrari quase encostando nas mãos de Schumacher e Barrichello. A corrida só não foi pior pela festa que a torcida japonesa fez para Sato. Takuma ficou várias voltas em oitavo, mas ganhou duas posições com as quebras de Jarno Trulli e Ralf Schumacher e se aproveitou de um péssimo pit-stop da Renault com Button. Assim, Sato pode comemorar seus primeiros pontos na F1 com o quinto lugar, levando a loucura os mais de 130.000 espectadores japoneses que foram a Suzuka.

A corrida japonesa não foi uma exceção. Todas as corridas de 2002 foram com esse nível de "emoção" e por isso a FIA foi obrigada a agir. Para evitar que os campeonatos fossem decididos com tanto antecedência e ao mesmo tempo agradar às pequenas equipes, clamando por mais pontos, Mosley decidiu mudar na pontuação. Ao invés dos seis primeiros marcarem pontos (10-6-4-3-2-1), os oito primeiros seria agraciados e a vitória seria levemente desvalorizada (10-8-6-5-4-3-2-1). A Classificação seria radicalmente mudada, com os carros tendo que ficar no parque fechado após a tomada de tempos, com o mesmo combustível que largaria e sem mudanças em seu acerto e ao invés de todos os carros soltos por uma hora, cada carro teria apenas uma volta lançada. Era a tentativa de fazer um campeonato de 2003 diferente de 2002. Porém, algumas dessas medidas seriam modificadas com o tempo, pois o quadro de algumas das temporadas seguintes não mudaram muito.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Raikkonen
4) Montoya
5) Sato
6) Button

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