terça-feira, 2 de outubro de 2007

História: 30 anos do bicampeonato de Niki Lauda


Se Fernando Alonso tivesse condições de ser campeão nesse ano, talvez ele repetisse o feito de Niki Lauda anos atrás pela forma como o austríaco conseguiu seu bicampeonato. Não pelo talento, mas pelas confusões extra-pista. Após abandonar o Grande Prêmio do Japão em Fuji por causa do temporal que castigava o circuito, Lauda passou a ser criticado fortemente pela mídia italiana e a Ferrari contratou Carlos Reutemann para o lugar de Regazzoni como um claro aviso para Lauda: já temos seu substituto. Lauda não tinha nada contra o argentino, mas a contratação de Reutemann irritou profundamente Lauda, que sabia do talento de "El Lole" e que a Ferrari o apoiaria numa eventual briga entre eles pelo campeonato. Porém, Lauda estava decidido convencer seus chefes de que ele não era o covarde que a imprensa italiana tanto alardeou no final de 1976 e fez um campeonato cerebral e usou toda sua experiência e inteligência para derrotar a forte Lotus de Mario Andretti e o surpreendente Wolf de Jody Scheckter.

Antes de chegar em Monza para o principal Grande Prêmio para a Ferrari, Lauda anunciou ao mundo que estava de mudança para a Brabham de Bernie Ecclestone em 1978, para horror dos tifosi e de Enzo Ferrari, que o chamou de tudo que se possa imaginar chamar com relação a traidor e mercenário. Lauda ficou preocupado com sua integridade física e chegou ao circuito de Monza cercado de seguranças, mas isso não o impediu de conseguir um segundo lugar que praticamente lhe assegurou o título de 1977. Lauda só precisava de um pontinho, mas o clima entre o austríaco e a Ferrari se piorava a cada dia que passa quando a F1 aportou em Watkins Glen para o Grande Prêmio Estados Unidos-Leste. A Ferrari aproveita o passeio da F1 na América do Norte e anuncia o canadense Gilles Villeneuve como substituto de Lauda na equipe em 1978, com Reutemann como primeiro piloto. A Lotus também anunciou que Gunnar Nilsson não continuaria na equipe para 1978 e seria substituído pelo compatriota Ronnie Peterson, que voltava à Lotus após três anos.

Um pouco tardiamente James Hunt finalmente da mostras de ser um campeão mundial e começa a andar mais forte, conseguindo a pole com seu McLaren. A surpresa foi ver a Brabham de Hans-Joachim Stuck ficar em segundo com a Brabham na frente do seu companheiro de equipe. Stuck, que estava desempregado no início do ano, substituía à altura o falecido José Carlos Pace na equipe Brabham, enquanto Lauda via que sua aposta na Brabham parecia dar certo, porém, pensando claramente no campeonato, marca apenas o sétimo tempo com sua Ferrari, logo atrás do seu companheiro de equipe Reutemann. Enquanto Andretti largava em quarto, Scheckter era apenas nono. Lauda estava com o título nas mãos.

Grid:
1) Hunt(McLaren) - 1:40.683
2) Stuck(Brabham) - 1:41.138
3) Watson(Brabham) - 1:41.193
4) Andretti(Lotus) - 1:41.481
5) Peterson(Tyrrell) - 1:41.908
6) Reutemann(Ferrari) - 1:41.952
7) Lauda(Ferrari) - 1:42.089
8) Depailler(Tyrrell) - 1:42.238
9) Scheckter(Wolf) - 1:42.315
10) Laffite(Ligier) - 1:42.640

O dia começou chuvoso no autódromo novaiorquino, mas não chovia quando a largada se aproximava. A pista estava úmida e a dúvida sobre que pneus colocar recaiu sobre os pilotos. Largando na primeira fila, Hunt e Stuck escolheram o caminho mais conservador e colocaram pneus de chuva, enquanto Watson coloca pneus slicks. Andretti, Lauda e Scheckter, os únicos que podiam ser campeões, põe pneus de chuva.

Stuck consegue uma largada surpreendente e supera Hunt ainda antes da primeira curva, enquanto Watson era engulido pelo pelotão. O alemão da Brabham completa a primeira volta com uma boa vantagem sobre Hunt, seguido por Andretti, Reutemann (que havia largado muito bem) e Peterson. No final da reta dos boxes Lauda é ultrapassado por Scheckter e ainda na segunda volta o sulafricano deixa Peterson para trás e assume a quinta posição. Lauda, que só precisava de um sexto lugar, pressiona fortemente Peterson, mas se esquece da Shadow de Alan Jones e é ultrapassado pelo australiano na segunda volta. Debaixo de chuva, Jones esperava repetir seu desempenho em Zeltweg, quando venceu a corrida, mas o sonho de Jones acabaou já na quarta volta.

Scheckter ultrapassa Reutemann e assume a quarta posição, mas já estava longe de Andretti. Que estava longe de Hunt. Que estava longe do surpreendente Stuck, que disparava na frente. Lauda consegue o que queria na quinta volta ao ultrapassar finalmente Peterson e assume a sexta posição. Stuck fica sem embreagem e aos poucos é alcançado por Hunt. Sem muita experiência, Stuck começa a fechar o inglês da McLaren, mas acaba rodando e terminando sua melhor corrida na F1 até então. Lauda já tinha ultrapassado Reutemann e com o abandono de Stuck, já aparecia num seguro quarto lugar. Reutemann seria ultrapassado ainda por Regazzoni num raquítico Ensign na volta 22, debitando contra o argentino para a temporada seguinte, onde seria primeiro piloto da Ferrari.

A pista secava aos poucos, mas não a ponto de fazer os pilotos de ponta procurarem os boxes para colocar pneus slicks e com os carros bastante espalhados, a corrida fica monótona e não troca de posições entre os líderes. Quem não tinha nada com isso era Hunt, que conseguia sua segunda vitória na temporada, mas com apenas 2s de vantagem para Andretti. Porém, o mais feliz com a imobilidade da corrida era Lauda, que com sua tocada firme e sem forçar muito terminou num quarto lugar, conquistando o bicampeonato da F1.

Lauda nem pôde comemorar muito o título, pois a briga com a Ferrari atingia níveis críticos. Lauda tentava levar consigo para a Brabham seu mecânico-chefe na Ferrari Ermanno Cuoghi e quando a Scuderia soube da negociação, demitiu sumariamente Cuoghi. Solidário com Cuoghi, Lauda resolve abandonar a Ferrari e não disputa as duas próximas corridas da temporada. A Ferrari teria que procurar um substituto de Lauda para o Grande Prêmio do Canadá que se realizaria dali... a uma semana!

Chegada
1) Hunt
2) Andretti
3) Scheckter
4) Lauda
5) Regazzoni
6) Reutemann

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