quinta-feira, 18 de outubro de 2007

História: 20 anos do Grande Prêmio do México de 1987

Terminada a temporada européia, a F1 partia para as três corridas finais com apenas dois pilotos podendo ser campeão mundial em 1987. Os companheiros de equipe Nelson Piquet e Nigel Mansell eram os únicos em condições matemáticas de serem campeões, mas o brasileiro tinha 18 pontos de vantagem sobre Mansell e o inglês precisava desesperadamente de um bom resultado se quisesse se manter na briga pelo título. Porém, a atmosfera dentro da Williams era insuportável com Piquet e Mansell dividindo claramente a equipe. A Williams gostaria muito que Mansell fosse o campeão, mas Piquet precisou até mesmo comprar alguns mecânicos para que ficassem ao lado dele. Contudo, Piquet tinha que enfrentar a preferência da Williams e numa demonstração clara disso, a equipe resolveu não usar a suspensão ativa desenvolvida por Piquet no ondulado circuito Hermano Rodriguez, na cidade do México.

Talvez como castigo, as ondulações fizeram como vítima o próprio Mansell, que sofreu um sério acidente na sexta-feira. No sábado pela manhã, Senna sofreu um fortíssimo acidente na temida Peraltada quando nem a suspensão ativa da Lotus foi capaz de filtrar uma ondulação no meio dessa curva rapidíssima. Senna, já de saída para a Lotus, estava tendo problemas com o seu carro, que era o mais rápido na longa reta dos boxes, mas era muito lento nas várias curvas de média velocidade e assim, Senna, conhecido como o ás das Classificações, foi apenas o sétimo colocado. Mesmo com seu acidente no dia anterior, Mansell ficou com a pole seguido pela cada vez melhor Ferrari de Berger. Piquet abria a segunda fila, seguido por Thierry Boutsen, que esperava repetir o feito de Berger no ano anterior, quando o austríaco deu para a Benetton sua primeira vitória na F1.

Grid:
1) Mansell(Williams) - 1:18.383
2) Berger(Ferrari) - 1:18.426
3) Piquet(Williams) - 1:18.463
4) Boutsen(Benetton) - 1:18.691
5) Prost(McLaren) - 1:18.742
6) Fabi(Benetton) - 1:18.992
7) Senna(Lotus) - 1:19.089
8) Patrese(Brabham) - 1:19.889
9) Alboreto(Ferrari) - 1:19.967
10) De Cesaris(Brabham) - 1:20.141

Em 1986 Mansell tinha tudo para levar seu primeiro título na corrida mexicana, mas uma péssima largada pôs tudo a perder e o resto é história. Em 87 foi a mesma coisa. Mansell fez outra largada ruim e foi engolido por Berger, Boutsen, Piquet e Prost. Numa curva dupla à direita, Prost tentou fazer uma ultrapassagem para lá de otimista sobre Piquet e o resultado foi um choque entre os dois bicampeões. Prost quebrou a suspensão e ficou por ali mesmo, enquanto Piquet rodava e caía para último. Nelson e Alain eram amigos e são até hoje, mas Piquet ficou uma fera com Prost com essa manobra, que resultou em mais uma frase ácida do brasileiro: Estava indo tudo bem, até vir aquele francês de merda e botar tudo a perder!

Porém, esses não foram os únicos incidentes ao longo da primeira volta. Stefan Johansson rodou e foi atingido pela Zakspeed de Christian Danner, acabando com a corrida dos dois. Contudo, outro acidente ainda na primeira volta mudaria a história da corrida mais tarde. Satoru Nakajima vinha tentando melhorar sua décima sexta posição na largada quando se esqueceu de frear e atingiu com muita força a traseira da Arrows de Derek Warwick. Satoru ficou por ali mesmo com a suspensão dianteira toda arrebentada, enquanto Warwick voltava lentamente para os boxes sem a asa traseira.

Com o acidente envolvendo Piquet e Prost, os carros ficaram bem espaçados e quando Berger completou a primeira volta, tinha apenas Boutsen no seu retrovisor, com Mansell num distante terceiro lugar. Se aproveitando do ótimo acerto que a Benetton tinha no México, Boutsen ultrapassa Berger ainda na segunda volta, mas logo depois o seu motor Ford começou a ter problemas. O belga foi perdendo rendimento até ser ultrapassado por Berger e abandonar ainda na décima sexta volta, mas com problemas eletrônicos. Enquanto isso, Senna se recuperava e fazia uma bela ultrapassagem sobre Alboreto no final da reta dos boxes para assumir a quarta posição. Quando a Ferrari já se arrumava para celebrar sua primeira vitória desde 1985, o motor de Berger quebrou na volta 20 e como Alboreto já tinha quebrado pouco tempo antes, o final de semana mexicano foi de mais decepção para a Ferrari.

Isso abriu espaço para que Mansell assumisse a liderança, com Senna já em segundo, mas muito pressionado pela Brabham de Andrea de Cesaris. A Brabham estava andando muito bem no circuito Hermano Rodriguez e De Cesaris não fazia uma boa corrida a anos. Isso pode ter afetado o italiano, que rodou sozinho quando colocou seu carro por dentro da Lotus de Senna, abandonando ali mesmo. Mais atrás, Nelson Piquet fazia uma tremenda corrida de recuperação e na volta 23 já aparecia em quarto quando a corrida tomou um rumo totalmente diferente. Após ser atropelado por Nakajima ainda na primeira volta, Warwick voltou à corrida muitas voltas atrasado e na volta 30, praticamente metade da prova, sua suspensão traseira, avariada pela porrada que levou de Nakajima, se partiu justamente quando o inglês contornava a velocíssima curva Peraltada. Warwick foi jogado com violência para cima das barreiras de pneus. Derek ficou por alguns instantes dentro do carro, completamente zonzo pela pancada, mas não estav ferido, porém a barreira de pneus estava danificada e a corrida foi parada para que pudessem ser feitos consertos.

Um novo grid foi formado pela Classificação da volta 27 que era:
1) Mansell
2) Senna
3) Patrese
4) Piquet
5) Cheever
6) Fabi
7) Ghinzani
8) Alliot
9) Cafi
10) Palmer
11) Dalmas
12) Streiff
13) Capelli
14) Campos

De forma pouco usual, Piquet fez uma largada sensacional e pulou de quarto para primeiro do grid, ultrapassando Mansell e Senna por fora, passando a centímetros deles. Porém, a corrida seria decidida pela soma dos tempos das duas partes da corrida e Piquet tinha 43s de desvantagem para Mansell quando a bandeira vermelha foi mostrada. Piquet começou a imprimir um ritmo fortíssimo para tentar tirar a vantagem de Mansell nas 33 voltas que faltavam. A corrida seguia sem muitas modificações, até que Senna ficou sem embreagem faltando nove voltas para o fim. O brasileiro ainda estava em segundo na soma das duas partes da corrida e tentou ir até a bandeirada, mas acabou rodando e deixou o carro morrer. Após tanto esforço para se manter na corrida, Senna pediu desesperadamente para que dois comissários o empurrassem de volta à pista, mas isso era claramente irregular (O Senna nunca aprendeu isso...) e foi totalmente ignorado. Completamente transtornado, Senna sentou uma tapa no pé do ouvido num dos comissários e depois foi multado em 15.000 dólares pela cena pastelão.

Com o abandono de Senna, Piquet conseguia a segunda posição e diminuía o prejuízo. Mansell vence pela sexta vez no ano e adiava a decisão do campeonato para as corridas no oriente. "Ainda posso ser campeão," respirava aliviado Mansell, mas o próprio inglês sabia que seria praticamente impossível tirar os doze pontos de desvantagem que tinha sobre Piquet nas duas corridas que restavam.

Chegada:
1) Mansell
2) Piquet
3) Patrese
4) Cheever
5) Fabi
6) Alliot

Um comentário:

Anônimo disse...

O grande momento da 2ª relargada foi quando Piquet "fechou a porta" no final da reta dos boxes, quando Mansell tentou ultrapassá-lo, já que a corrida seria decidida pela soma dos tempos (distância de um piloto sobre o outro, pois não havia safety car naquela época) nas duas partes da prova.